Correio Braziliense
postado em 21/01/2020 06:00
A consultora previdenciária Jéssica Ferreira Paulino, 28 anos, teve duas vezes dengue hemorrágica, a mais perigosa. “Na primeira vez, em 2008, foi bem complicado. Fiquei internada 12 dias. As dores no corpo eram ináveis, fora que o meu fígado foi comprometido 80%”, conta a moradora do Paranoá. Na segunda vez, a consultora esteve em constante observação. “Fiquei internada 10 dias e fiz acompanhamento médico de maio a junho. As dores me deixaram preocupada. Tive muito medo de morrer”, ite. Após as experiências traumáticas, a consultora se previne com atenção. “Não deixamos vasilhas ou plantas acumulando água. Usamos repelente no corpo e nas tomadas de casa 24 horas.” Para ela, é preciso cuidado: “O mosquito ainda está por aí, levando essa doença horrível. Eu fui curada, mas outras pessoas podem não ter a mesma sorte que eu tive”, alerta
Os primeiros dias de 2020 variam entre chuvas frequentes, com dias de sol e altas temperaturas. Alexandre Cunha, infectologista do Hospital Brasília, no Lago Sul, explica que esse é o tipo de ambiente perfeito para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. “A dengue é uma doença sazonal, ou seja, aparece durante determinadas épocas do ano. Em períodos chuvosos, é comum haver mais casos”, diz. Mesmo com esse cenário, Alexandre complementa que, após epidemias, é comum que o número reduza: “Geralmente, depois de alguns períodos ruins, nós temos uma queda de casos em anos subsequentes, já que grande parte da população foi picada pelo mosquito”, aponta.
O epidemiologista Pedro Luiz Tauil explica que existem quatro vírus reconhecidos para a dengue e que, ao ser acometido com determinado tipo de vírus, o indivíduo desenvolve proteção perante o mesmo para sempre. “Como se sabe, a epidemia do ano ado foi ocasionada pela introdução do vírus tipo dois, que não circulava havia alguns anos. É importante reforçar que as condições climáticas de 2019 também foram mais propícias para o aumento no número de casos”, ressalta.
Apesar desse cenário, o epidemiologista alega que é difícil prever outra epidemia. “O elo vulnerável é o mosquito. Há tanto a possibilidade da proliferação de um novo sorotipo quanto a persistência do tipo dois” detalha. Pedro adverte que a prevenção deve ser mantida: “Garrafas, pneus, restos de construção e vasos de plantas podem ser possíveis reservatórios de água parada. O cidadão precisa se atentar às atitudes dentro de casa”. Além disso, o especialista sugere que haja uma vigilância nos chamados pontos estratégicos, ou seja, locais onde possa haver acúmulo de água. “É importante também manter as campanhas governamentais, mesmo no período onde a incidência é baixa”, alega.
Qualidade
O estudante Jean Luiz de Oliveira Souza, 15, contraiu dengue em dezembro de 2019. O morador do Gama conta que, enquanto esteva doente, buscou atendimento público, mas sem sucesso. “Os médicos ficavam conversando e demoravam a atender. Fui mais de uma vez, e um deles parecia que nem estava me ouvindo. Acabei indo a um hospital particular”, reclamou. O jovem conta que, após a doença, ou a prestar mais atenção em possíveis focos. “Aqui em casa não deixamos água parada. Acho que foi alguma casa da vizinhança, tem algumas cheias de poças d’água”, denuncia.
Morador de Valparaíso (GO), O professor Raphael Ribeiro Rocha, 24, lutou contra a doença em maio do ano ado. “Fui para três hospitais. Não consegui nem fazer a triagem. Na quarta tentativa, fui a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde, finalmente, consegui efetuá-la. Aguardei cerca de quatro horas pelo atendimento e desisti, pois não havia nem previsão”, lamenta. Raphael, então, seguiu para um hospital particular e pagou pela consulta e pelos exames. “Eu, felizmente, tinha como arcar com o atendimento em um hospital particular. E quem não tem? Aguarda a sorte ou a morte" />
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail [email protected].