A série britânica “Adolescência” será exibida em escolas de ensino médio na França, como parte de uma iniciativa oficial do governo local para fomentar debates sobre os impactos dos conteúdos masculinistas nas redes sociais entre adolescentes. A ministra da Educação sa, Elisabeth Borne, confirmou a informação. Agora, o debate sobre os impactos desses conteúdos ganha novos desdobramentos com a proposta, que pretende promover discussões acerca da influência de discursos virtuais sobre os jovens. Especialmente aqueles ligados à misoginia e à violência de gênero.
Transmitida originalmente pela Netflix, a série expõe como ambientes virtuais podem exercer grande influência na formação das opiniões, comportamentos e relações dos adolescentes. Assim, a disponibilização de “Adolescência” para o ambiente escolar oferece recursos didáticos para que professores e alunos compreendam melhor as consequências da exposição a ideias masculinizadas e sexistas. O uso desse conteúdo faz parte de uma estratégia mais ampla de prevenção e combate à violência nas escolas.
Do que trata a Série ‘Adolescência’
Com criação de Hannah Price e direção de Sam Donovan, “Adolescência” é uma minissérie dramática de seis episódios da Red Kite Productions. A trama acompanha Jamie, um jovem britânico de 13 anos que, após se envolver em um incidente violento na escola, tem a vida virada de cabeça para baixo. Assim, a série joga um olhar sensível para os fatores que levam adolescentes a replicar comportamentos nocivos vistos em comunidades online. Ela enfoca temas como masculinidade tóxica, cyberbullying e a busca por pertencimento em grupos virtuais.
O roteiro de “Adolescência” se desenvolveu a partir de consultas com profissionais da educação e jovens. Dessa forma, garantiu autenticidade ao retratar os dilemas enfrentados na puberdade e na relação com as redes sociais. O elenco conta principalmente com atores adolescentes, o que oferece uma linguagem ível para o público jovem. A produção foi indicada ao BAFTA 2023 na categoria de Melhor Série Jovem. Além disso, ela recebeu elogios da crítica internacional pelo realismo ao abordar assuntos complexos.

Como conteúdos ‘masculinistas’ impactam os adolescentes?
Os chamados conteúdos ‘masculinistas’ referem-se a discursos e comportamentos online que promovem padrões de masculinidade tóxica, frequentemente associando-se à misoginia e à violência. Em um momento em que o o às redes sociais ocorre cada vez mais cedo, estudos mostram que adolescentes são particularmente vulneráveis à influência de ideias polarizadas e radicais. Essa exposição pode repercutir em atos de violência, bullying e reprodução de discursos discriminatórios dentro e fora do ambiente escolar.
Segundo especialistas em educação e psicologia, a presença constante desses conteúdos pode levar à normalização do discurso de ódio. Isso porque cria um ciclo que reforça estereótipos e prejudica o convívio social. A série “Adolescência” retrata situações em que as redes sociais contribuem para ampliar uma visão distorcida das relações humanas. Ela evidencia o papel das plataformas digitais na formação das identidades dos jovens.
A escolha da “Adolescência” como ferramenta pedagógica
A escolha da série britânica para uso nas escolas sas deve-se à relevância dos temas abordados e pela autenticidade das situações representadas. O enredo acompanha um adolescente britânico de 13 anos envolvido em um crime sério, ilustrando como os discursos masculinistas podem influenciar comportamentos extremos.
O material será utilizado em formato de sessões educativas, permitindo que turmas discutam em grupo as diferentes formas de violência e intolerância presentes nas redes. Segundo informações oficiais, os direitos de exibição para fins educacionais foram cedidos pelos produtores, e as sessões incluirão debates mediados por educadores, além de reflexões sobre segurança digital e respeito mútuo. Além disso, a expectativa do governo francês é que a série sirva como ponto de partida para formular oficinas, projetos de mediação e campanhas de conscientização dentro do ambiente escolar, mobilizando toda a comunidade acadêmica.
As escolas e a exposição dos jovens à misoginia nas redes
As instituições de ensino desempenham um papel fundamental na formação ética e cidadã dos estudantes. Dessa forma, ao adotar uma abordagem pedagógica baseada em discussões e análise crítica de materiais como a série “Adolescência”, as escolas podem ajudar a identificar situações de risco e promover estratégias de enfrentamento.
Assim, existem diferentes práticas que podem compor esse trabalho:
- Promover o diálogo aberto sobre a influência das redes sociais na vida dos alunos;
- Realizar atividades de letramento digital voltadas à identificação de discursos de ódio e fake news;
- Envolver pais e responsáveis em campanhas de sensibilização sobre a exposição a conteúdos violentos;
- Oferecer apoio psicológico a estudantes que se sintam afetados por questões de misoginia ou violência;
- Integrar temas transversais, como respeito e diversidade, ao currículo escolar.
Os próximos os para ampliar o debate dentro das escolas
A incorporação de produções audiovisuais em contextos educacionais tem mostrado resultados positivos na promoção da empatia e na prevenção de comportamentos violentos. Além do uso da série “Adolescência”, o Ministério da Educação francês estuda a aplicação de materiais complementares e parcerias com organizações da sociedade civil para ampliar o debate. O objetivo é garantir que os estudantes desenvolvam pensamento crítico e saibam reconhecer e rejeitar práticas discriminatórias em ambientes online e offline.
Essa estratégia reflete uma tendência crescente em vários países, onde escolas assumem papel ativo no enfrentamento a discursos perigosos nas redes sociais. Com iniciativas como a da França, busca-se não apenas proteger a integridade dos jovens, mas também prepará-los para os desafios de uma sociedade conectada e plural. A expectativa é que a experiência sa inspire outros sistemas educacionais europeus a adotar abordagens semelhantes, promovendo ambientes escolares mais seguros, inclusivos e críticos quanto ao uso das mídias digitais.