Desde maio de 2024, uma nova alternativa medicamentosa ganhou espaço no mercado brasileiro, inicialmente destinada para o tratamento de diabete tipo 2. Agora, sua indicação foi ampliada, permitindo também o uso para o controle da obesidade. Essa expansão foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diante de crescentes casos de sobrepeso e comorbidades associadas. A chegada do Mounjaro (tirzepatida) ao Brasil acompanha uma tendência internacional. Isso porque o fármaco é autorizado para uso no tratamento da obesidade nos Estados Unidos e em diversos países da Europa desde 2023.
A substância tirzepatida, considerada concorrente direta do conhecido Ozempic (semaglutida), agora está oficialmente liberada para pacientes que apresentam obesidade relacionada a pelo menos uma condição médica adicional, como pressão alta ou dislipidemia. O novo medicamento age de modo inovador sobre mecanismos fisiológicos do apetite e regulação glicêmica. Diferentemente dos análogos tradicionais de GLP-1, a tirzepatida age também no receptor de GIP. Trata-se de um hormônio envolvido no metabolismo energético, o que amplia seu potencial no controle do peso corporal.
Como a tirzepatida atua no organismo?
A tirzepatida se diferencia porque é a primeira medicação aprovada no Brasil capaz de atuar simultaneamente em dois tipos de receptores hormonais. Esses receptores participam do controle do apetite e da regulação dos níveis de açúcar no sangue, proporcionando controle glicêmico e auxílio na redução de peso.
Ao ser aplicada semanalmente, a caneta injetável estimula a liberação de hormônios que ampliam a sensação de saciedade e ajudam a diminuir a ingestão calórica diária. Além disso, ela auxilia na redução da resistência à insulina e no controle do metabolismo glicídico. Estudos internacionais, como o SURMOUNT-1, mostraram que pacientes em uso de tirzepatida podem apresentar perda de até 22,5% do peso corporal, superando taxas observadas com outros medicamentos da mesma classe.

Quando a tirzepatida pode ser indicada para obesidade?
A liberação pela Anvisa estabelece que a tirzepatida pode ser prescrita para pacientes com quadro de obesidade, desde que associada a pelo menos uma comorbidade, como doenças cardiovasculares, apneia do sono ou disfunções metabólicas. Segundo as diretrizes atuais, a indicação deve ser realizada por um profissional de saúde, com avaliação individualizada dos riscos e benefícios. Nos protocolos internacionais, o medicamento é indicado para pacientes com IMC igual ou superior a 30, ou IMC igual ou superior a 27 com doenças crônicas associadas.
É importante apontar que a retenção de receita médica é obrigatória para comprar as canetas injetáveis. Esse controle visa garantir a segurança dos pacientes e o uso adequado da medicação, evitando automedicação e possíveis complicações decorrentes do uso inadequado do medicamento. Além disso, eessalta-se também que, por ser uma medicação de uso contínuo, a interrupção sem acompanhamento médico pode favorecer o reganho de peso e a piora do controle glicêmico.
Tirzepatida e semaglutida: diferenças entre os medicamentos
Apesar de ambos os medicamentos proporcionarem o controle glicêmico e auxílio no emagrecimento, a principal diferença entre Mounjaro (tirzepatida) e Ozempic (semaglutida) está no mecanismo de ação. Isso porque a semaglutida atua apenas em um tipo de receptor hormonal, enquanto a tirzepatida alcança resposta em dois mecanismos fisiológicos distintos. Assim, esta última potencializa os resultados tanto na regulação do açúcar quanto na redução de peso.
- A tirzepatida apresenta formulações de 2,5 mg e 5 mg, aplicáveis semanalmente.
- A semaglutida permanece disponível em dosagens e esquemas de aplicação semelhantes, mas com ação mais restrita em relação aos hormônios envolvidos.
Apesar do lançamento recente, estudos clínicos continuam acompanhando a eficácia e os perfis de segurança dessas medicações, destacando a importância do acompanhamento médico contínuo durante o tratamento. Até o momento, efeitos colaterais mais comuns relatados incluem náuseas, vômitos, diarreia e constipação, parecidos com os observados em outros medicamentos da classe dos análogos de incretina.
O custo do tratamento com tirzepatida em 2025
O preço do novo medicamento pode variar de acordo com o canal de compra e participação em programas da fabricante. Assim, em 2025 os valores praticados no Brasil são os seguintes:
- Dosagem 2,5 mg – caixa com 4 canetas:
- Programa Lilly (e-commerce): R$ 1.406,75
- Programa Lilly (loja física): R$ 1.506,76
- Fora do programa: R$ 1.907,29
- Dosagem 5 mg – caixa com 4 canetas:
- Programa Lilly (e-commerce): R$ 1.759,64
- Programa Lilly (loja física): R$ 1.859,65
- Fora do programa: R$ 2.384,34
Esses valores mostram a importância de pesquisar diferentes condições antes da aquisição. Além disso, é fundamental considerar o custo mensal do tratamento para decidir pela continuidade da utilização. Ainda não há cobertura obrigatória pelos planos de saúde para a indicação em obesidade, uma vez que o procedimento está em análise pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
O que saber antes de utilizar a caneta emagrecedora?
O uso da caneta injetável de tirzepatida deve ser supervisionado de perto por profissionais. Entre as recomendações principais, estão:
- Consulta regular ao endocrinologista ou médico responsável.
- Acompanhamento nutricional adequado durante o tratamento.
- Observação de possíveis efeitos colaterais e reações adversas.
- Não compartilhar a caneta com terceiros, devido ao risco de contaminação e uso inadequado.
A adesão ao tratamento medicamentoso precisa se associar a hábitos alimentares saudáveis e à prática de atividades físicas, visando melhores resultados no gerenciamento da obesidade e das condições associadas. Além disso, é relevante alertar sobre a necessidade de monitoramento do funcionamento de órgãos como fígado e rins durante o tratamento, e que mulheres grávidas ou que estejam amamentando não devem fazer uso da tirzepatida, salvo se houver recomendação expressa do médico.
Com a chegada da tirzepatida, pacientes que convivem com obesidade e comorbidades ganham uma nova opção terapêutica aprovada e acompanhada por rigorosos protocolos sanitários. No entanto, a escolha pelo uso da caneta injetável deve sempre considerar orientação médica, segurança e o responsável ao medicamento. Por fim, vale destacar que pesquisas de longo prazo ainda estão em andamento para avaliar possíveis benefícios cardiovasculares adicionais e eventuais riscos a longo prazo.