
Ativistas da organização Levante Popular da Juventude fizeram um protesto, ontem, em frente à residência do general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham, no Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele comandou o Destacamento de Operações de Informações/Centro de Operações de Defesa Interna do Exército (DOI-Codi), um dos principais órgãos de repressão da ditadura militar, de 1970 a 1971. Nesse período, o ex-deputado federal Rubens Paiva teria sido morto dentro da unidade.
No asfalto, em frente ao prédio, os participantes do protesto pintaram a frase "Ainda Estamos Aqui", em referência ao filme que narra a história da família Paiva, e levantaram cartazes com fotos de Rubens e de outros mortos e desaparecidos pelo regime militar.
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Os organizadores daquilo que classificaram como "escracho" contra Belham pretendem aproveitar a visibilidade do filme para pedir a exclusão, da Lei da Anistia, de crimes como ocultação de cadáver e desaparecimento forçado. Os ativistas pedem, também, que os militares que atuaram como torturadores na ditadura sejam expulsos das Forças Armadas e percam os benefícios da carreira militar.
Em 2014, a Comissão da Verdade concluiu que Belham foi um dos responsáveis pela morte de Rubens Paiva, a partir de provas documentais e de depoimentos de ex-agentes da repressão. Em depoimento à comissão, o militar disse que não tinha conhecimento de torturas cometidas e que estava de férias na data provável da morte do ex-deputado. A comissão retrucou seu depoimento, desmentido pelas provas colhidas.
Após o depoimento, Belham foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), com outros quatro militares, pela morte do ex-deputado. O processo foi arquivado com base na Lei da Anistia, mas será reanalisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Apenas dois dos acusados ainda estão vivos: Belham e o major reformado Jacy Ochsendorf e Souza.
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