
Matéria escrita por Gabriella Collodetti, jornalista do CB Brands, estúdio de conteúdo do Correio Braziliense.
Profissionais das áreas de Engenharia, Agronomia e Geociências apresentam renda acima da população em geral. Estima-se que 68% dos trabalhadores desses segmentos possuem renda mensal superior a cinco salários mínimos. Além desse recorte positivo, quase a totalidade está empregada, chegando a 92% de pessoas. Os dados, apresentados pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), fazem parte da pesquisa quantitativa realizada pela entidade.
Com o objetivo de conhecer o perfil do profissional da área tecnológica no Brasil e também entender como desenvolver projetos que gerem cada vez mais valor para o segmento, o Confea realizou um levantamento com os registrados no Sistema Confea/Crea e Mútua. Ao longo de 133 dias – entre 23 de setembro de 2024 e 2 de fevereiro de 2025 –, a entidade realizou 48 mil entrevistas com trabalhadores de segmentos variados. A coleta dos dados foi realizada em todos os Estados brasileiros, via chamada telefônica, pela empresa Quaest.
Atualmente, o Brasil possui 1,2 milhão de engenheiros, agrônomos e geocientistas. De acordo com o Confea, promover essa pesquisa é um o importante para a entidade avaliar o futuro das profissões. Segundo o engenheiro e presidente da autarquia, Vinicius Marchese, o estudo é considerado o maior já realizado pela área para compreender os diversos aspectos que caracterizam esses profissionais.
“Os achados contribuirão para que o Confea possa aperfeiçoar sua comunicação, seu posicionamento e suas estratégias de atuação junto aos profissionais registrados”, pontuou. Além disso, para o executivo, para impulsionar o desenvolvimento do Brasil, é necessário mapear como pensam os agentes responsáveis para tirar os projetos do papel. "É a primeira vez que temos informações que nos permitem entender a dimensão dos desafios, quando falamos da atuação técnica e qualificada da área tecnológica brasileira", complementa.
No levantamento, foi constatado que a maioria dos entrevistados atua na Construção Civil (39%) e na Indústria (10%), compondo um cenário diversificado. Nesse contexto, a Engenharia Civil permanece como a principal formação em todas as faixas etárias e Estados, correspondendo a 44% dos registros.
No entanto, outras áreas am por modificações. Setores como a do agro estão expandindo, acompanhando a demanda de mercado. Já a Engenharia Biomédica cresce e apresenta um aumento da participação feminina. Em contrapartida, a Engenharia Elétrica tem apresentado queda, sendo a área com maior retração.
Preocupação com mão de obra qualificada
Ainda com dados positivos, há pontos de atenção para o mercado. No final do ano ado, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) trouxe uma preocupação relacionada com a escassez de mão de obra qualificada. Na época, mais de 57% das empresas dos setores de comércio, serviços, indústria e construção indicaram dificuldade em contratar ou reter colaboradores.
Na avaliação do Confea, entre as principais causas deste cenário, destaca-se a redução no número de engenheiros formados, com impacto direto em setores como infraestrutura, tecnologia e energia, além de uma baixa procura por esses cursos na graduação. Com essa realidade, Marchese enxerga como fundamental a realização do levantamento realizado pela entidade.
"De um lado, há a baixa procura por cursos nestes segmentos. Do outro, profissionais indispensáveis para gerar infraestrutura, inovação, sustentabilidade, mobilidade e outras temáticas que transformam a vida das pessoas. Qual caminho devemos seguir como Conselho Profissional e como podemos contribuir com a gestão pública? Esse foi o nosso objetivo com a pesquisa", defende.
Para compreender a sua atuação e ampliar os benefícios para as áreas profissionais, o Confea também buscou entender a formalização dos engenheiros, agrônomos e geocientistas brasileiros. Conforme o levantamento, 40% dos profissionais estão em regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e 11% no serviço público. Dentro da realidade trabalhista, outro parâmetro foi apurado também: o de qualidade de trabalho.
A satisfação com o mercado de trabalho é evidenciada na pesquisa, com 67% dos profissionais satisfeitos com suas atuais posições, em todas as idades, profissões, formações e Estados. E mais: metade dos entrevistados acredita que o mercado de trabalho vem melhorando nos últimos cinco anos.
Outro aspecto apresentado pela pesquisa diz respeito ao propósito da profissão. Segundo Marchese, diretamente ligados ao desenvolvimento dos municípios e à construção de um futuro mais igualitário e sustentável, os profissionais do Sistema Confea/Crea e Mútua são movidos por propósito e encaram suas atividades técnicas como uma verdadeira missão em prol da população.
Quando perguntados sobre suas profissões, 95% dos entrevistados acreditam que sua atuação contribui para um Brasil e uma sociedade melhores, e 79% indicariam a carreira para as futuras gerações.
“São pessoas que acreditam na transformação das cidades e entendem o valor das suas profissões para o contexto nacional, empreendendo seus esforços para o bem comum, sempre em busca de melhores condições para todos, por meio da atuação técnica segura e responsável e do bom uso da tecnologia”, reforça Marchese.