O uso de anticoncepcionais orais é uma prática comum entre mulheres jovens, mas um estudo recente trouxe à tona preocupações sobre os riscos associados a esses medicamentos. A pesquisa, apresentada na Conferência da Organização Europeia de Acidentes Vasculares Cerebrais (ESOC) 2025, revelou que a combinação de anticoncepcionais orais pode triplicar o risco de acidente vascular cerebral (AVC) criptogênico em mulheres jovens.
Esse tipo de AVC, que não apresenta uma causa específica, representa um desafio significativo para a saúde pública. O estudo analisou 268 mulheres, de 18 a 49 anos, de 14 países europeus, levando em consideração fatores como idade, hipertensão, tabagismo, enxaqueca com aura e obesidade abdominal.
Como os anticoncepcionais orais podem aumentar o risco de AVC?
Os anticoncepcionais orais combinados, que geralmente contêm etinilestradiol, foram associados a um aumento do risco de AVC criptogênico. Mesmo ao considerar outros fatores de risco conhecidos, a associação permaneceu forte, sugerindo a possibilidade de mecanismos genéticos ou biológicos adicionais.

Os pesquisadores destacaram que, embora o risco absoluto em mulheres jovens seja baixo, ele se torna significativo em pacientes com fatores de risco como tabagismo, enxaqueca com aura, hipertensão ou trombofilias hereditárias. A maioria das pacientes avaliadas usava medicamentos à base de etinilestradiol, com uma dose mediana de 20 microgramas.
Quais são as alternativas seguras aos anticoncepcionais orais?
Para mulheres com fatores de risco, existem alternativas seguras e eficazes aos anticoncepcionais orais combinados. Algumas opções incluem:
- Progestagênio isolado: Disponível em forma oral, implante ou DIU com levonorgestrel, este método tem menor risco trombótico por não conter estrogênio.
- DIU de cobre: Um método não hormonal com zero risco trombótico, ideal para mulheres sem contraindicações uterinas.
- Métodos de barreira: Preservativos e diafragma são opções sem riscos sistêmicos, embora menos eficazes que os métodos hormonais se usados isoladamente.
Por que a avaliação médica é essencial?
Os especialistas alertam que a prescrição de anticoncepcionais deve ser feita com cautela, considerando o histórico médico e os fatores de risco de cada paciente. A automedicação pode levar a consequências graves, e é crucial que as mulheres consultem um médico qualificado antes de iniciar o uso de anticoncepcionais.
Além disso, é importante que as pacientes sejam educadas sobre os riscos associados aos anticoncepcionais orais e informadas sobre as alternativas disponíveis. Em casos de histórico familiar de trombose ou AVC precoce, exames de triagem podem ser considerados para investigar mutações genéticas.
Como prevenir o risco de AVC relacionado a anticoncepcionais?
Para minimizar o risco de AVC associado ao uso de anticoncepcionais orais, algumas medidas preventivas podem ser adotadas:
- Avaliação clínica detalhada: Investigar histórico de enxaqueca com aura, trombose na família e tabagismo.
- Evitar anticoncepcionais orais combinados: Especialmente em mulheres com qualquer fator de risco trombótico.
- Educação das pacientes: Explicar que os anticoncepcionais orais não são inofensivos e que há alternativas seguras.
- Considerar exames de triagem: Em pacientes com histórico familiar de trombose ou AVC precoce, investigar mutações genéticas específicas.
Em resumo, enquanto os anticoncepcionais orais são uma opção eficaz para muitas mulheres, é essencial que o uso seja cuidadosamente avaliado e monitorado por profissionais de saúde. A personalização do método contraceptivo com base no perfil individual da paciente pode ajudar a mitigar riscos e promover um uso mais seguro.