Nos últimos anos, a expectativa de vida humana tem aumentado constantemente. No entanto, esse progresso trouxe consigo um aumento nas doenças relacionadas à idade, como câncer, distúrbios neurodegenerativos e diabetes. Para estender tanto a longevidade quanto o período de vida saudável, é essencial compreender os mecanismos biológicos que promovem o envelhecimento saudável.
No mundo natural, a longevidade dos mamíferos varia enormemente, desde apenas 1 a 2 anos em alguns roedores até mais de um século em espécies como baleias e humanos. Essa diversidade impressionante levanta uma questão importante: quais fatores biológicos permitem que mamíferos de vida longa mantenham a saúde até a velhice?
Qual é o papel da evolução na longevidade?
Um estudo recente publicado na Nature Communications por pesquisadores da Universidade Bar-Ilan aborda essa questão ao recorrer à evolução, o experimento natural mais longo e extenso, para desvendar os segredos da longevidade. Liderada pelo Prof. Haim Cohen, a pesquisa utilizou uma ferramenta computacional inovadora chamada PHARAOH para comparar sequências de proteínas em 107 espécies de mamíferos com diferentes expectativas de vida.

O PHARAOH permitiu que os pesquisadores rastreassem mudanças específicas nas proteínas, particularmente modificações pós-traducionais (PTMs), ao longo da evolução e identificassem aquelas consistentemente enriquecidas em espécies de vida longa. As PTMs regulam processos celulares essenciais e têm sido associadas a uma maior resiliência contra doenças relacionadas à idade, incluindo o câncer.
Como as modificações nas proteínas influenciam a longevidade?
Comparando mamíferos de vida longa e curta, a equipe descobriu modificações proteicas consistentes associadas à longevidade estendida. A validação experimental confirmou que as PTMs identificadas pelo PHARAOH desempenham papéis biológicos significativos no envelhecimento e na resistência a doenças. “Nossas descobertas oferecem um caminho promissor para entender como as modificações proteicas podem proteger contra doenças relacionadas à idade e promover vidas mais longas e saudáveis”, afirmou o Prof. Cohen.
Um insight notável do estudo é como grandes mamíferos, como as baleias, exibem taxas de câncer dramaticamente mais baixas, apesar de terem significativamente mais células do que animais menores. A pesquisa revelou que certas PTMs encontradas nessas espécies provavelmente desempenham papéis protetores contra o câncer, lançando luz sobre estratégias moleculares para resistência a doenças e longevidade.
Quais são as implicações futuras para a saúde humana?
Essas descobertas abrem caminho para futuras pesquisas em terapias que visam proteínas e modificações associadas ao envelhecimento saudável. Ao aproveitar as próprias estratégias de longevidade da natureza, os pesquisadores esperam descobrir novos métodos para retardar o envelhecimento e combater doenças como câncer, Alzheimer e diabetes.
O estudo, intitulado “The mammalian longevity associated acetylome”, foi publicado em 22 de abril de 2025 e financiado pela SAGOL Network. Ele representa um o significativo na busca por compreender e aplicar os mecanismos naturais de longevidade em intervenções terapêuticas para melhorar a saúde humana.