David Hilbert, um dos matemáticos mais influentes do século 20, apresentou uma lista de problemas não resolvidos durante o Congresso Internacional de Matemática de 1900. Esses desafios, conhecidos como “os 23 Problemas de Hilbert“, visavam orientar a pesquisa matemática ao longo do século. Entre eles, o sexto problema se destaca por sua complexidade, pedindo uma formulação axiomática das leis da física, especialmente no que diz respeito à mecânica e à teoria das probabilidades.
Embora muitos dos problemas de Hilbert tenham sido resolvidos, alguns ainda permanecem sem solução. O sexto problema, em particular, continua a intrigar matemáticos e físicos, pois envolve a transição da mecânica estatística para a contínua, abordando a relação entre átomos e fluidos. Recentemente, avanços significativos foram feitos nessa área, sugerindo uma possível solução para este enigma de longa data.

Como os fluidos são analisados em diferentes níveis?
Os fluidos, compostos por partículas individuais, seguem as leis de Newton. No nível microscópico, essas partículas colidem e se movem de maneira que pode ser rastreada individualmente. No entanto, ao se considerar o nível mesoscópico, a equação de Boltzmann de 1872 oferece uma abordagem estatística, focando no comportamento provável de grupos de partículas.
No nível macroscópico, os fluidos são tratados como substâncias contínuas, descritas pelas equações de Euler e Navier-Stokes. Estas equações, unificadas em 1845, não fazem referência a partículas individuais, mas sim a propriedades contínuas dos fluidos. A conexão entre essas diferentes perspectivas é a “axiomatização” que Hilbert buscava, tentando derivar as teorias macroscópicas a partir das que descrevem comportamentos em escalas menores.
Qual é a importância da unificação das teorias dos fluidos?
A unificação das teorias dos fluidos é crucial para entender como diferentes modelos físicos se conectam logicamente. Deng, Hani e Ma, matemáticos de renome, avançaram significativamente nesse campo ao demonstrar a convergência das equações newtonianas para a equação de Boltzmann. Este feito representa um o importante na unificação das teorias microscópicas e mesoscópicas.
O desafio estava em manter a validade dessas equações em períodos extensos, onde as colisões entre partículas adicionam complexidade. Os pesquisadores conseguiram provar matematicamente que os efeitos acumulados das interações permanecem controlados ao longo do tempo, abrindo caminho para uma nova compreensão da dinâmica dos fluidos.
Como a solução do sexto problema de Hilbert impacta a ciência?
A solução proposta para o sexto problema de Hilbert demonstra que as três teorias sobre fluidos são partes de uma única teoria maior. Isso valida o uso de diferentes modelos matemáticos dependendo da escala observada, seja em partículas individuais, grupos de partículas ou o fluido como um todo. Todas essas abordagens convergem para descrever a mesma realidade física.
Este avanço não apenas responde a uma parte do sexto problema de Hilbert, mas também abre novas possibilidades para a pesquisa em física e matemática. A compreensão unificada das teorias dos fluidos pode levar a novas descobertas e aplicações em diversas áreas científicas, mostrando que a busca por soluções para problemas antigos ainda pode trazer contribuições significativas para o conhecimento humano.