Um estudo recente revela que a privação de sono, mesmo a curto prazo, pode ativar proteínas inflamatórias no sangue associadas a doenças cardiovasculares. Após somente três noites dormindo quatro horas por noite, homens jovens e saudáveis apresentaram níveis elevados de proteínas relacionadas à insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana. Enquanto o exercício físico ainda desencadeia proteínas benéficas, o coração pode enfrentar maior pressão quando o sono é insuficiente.
Essas descobertas destacam o papel crítico do sono na saúde do coração, mesmo em indivíduos aparentemente saudáveis, e sugerem que sono e exercício devem ser vistos como complementares, não intercambiáveis. A pesquisa foi conduzida pela Universidade de Uppsala e publicada na revista Biomarker Research.
Como a privação de sono afeta os biomarcadores cardiovasculares?
O estudo investigou como a falta de sono afeta biomarcadores associados a doenças cardiovasculares. Foram analisados 16 homens jovens e saudáveis, com hábitos de sono normais. Durante o experimento, os participantes aram por duas sessões em um laboratório de sono, onde suas refeições e níveis de atividade foram rigorosamente controlados.
Em uma das sessões, os participantes dormiram uma quantidade normal de sono por três noites consecutivas. Na outra sessão, dormiram somente cerca de quatro horas por noite. Amostras de sangue foram coletadas pela manhã e à noite, além de após exercícios de alta intensidade de 30 minutos.
Quais foram os resultados do estudo?
Os pesquisadores mediram os níveis de cerca de 90 proteínas no sangue e observaram que muitos desses níveis, associados ao aumento da inflamação, subiram quando os participantes estavam privados de sono. Muitas dessas proteínas já foram ligadas a um risco aumentado de doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana.
É importante notar que os marcadores de risco cardíaco aumentaram mesmo em indivíduos jovens e saudáveis após somente algumas noites de privação de sono. Isso enfatiza a importância do sono para a saúde cardiovascular desde cedo na vida.

O exercício físico pode compensar a falta de sono?
Embora o exercício físico tenha gerado uma resposta ligeiramente diferente após a falta de sono, algumas proteínas-chave aumentaram igualmente, independentemente da privação de sono. Isso indica que proteínas ligadas aos efeitos positivos do exercício aumentaram, mesmo que a pessoa tenha dormido pouco.
No entanto, é importante destacar que, embora o exercício possa compensar alguns dos efeitos negativos da falta de sono, ele não pode substituir as funções essenciais do sono. A pesquisa sugere que mais estudos são necessários para investigar como esses efeitos podem diferir em mulheres, indivíduos mais velhos, pacientes com doenças cardíacas ou aqueles com diferentes padrões de sono.
Quais são as implicações para a saúde pública?
A privação crônica de sono é um problema crescente de saúde pública e, em grandes estudos populacionais, tem sido associada a um risco aumentado de ataque cardíaco, derrame e fibrilação atrial. A saúde do coração é influenciada por vários fatores de estilo de vida, incluindo sono, dieta e exercício.
Este estudo destaca a necessidade de considerar a duração do sono como uma determinante chave da saúde cardiovascular, uma ênfase refletida nas diretrizes recentes da American Heart Association. Espera-se que pesquisas contínuas ajudem a desenvolver melhores diretrizes sobre como sono, exercício e outros fatores de estilo de vida podem ser aproveitados para prevenir melhor as doenças cardiovasculares.