Um estudo recente de dez anos, envolvendo quase 24.000 adultos, trouxe à tona uma preocupação significativa para aqueles que preferem as atividades noturnas. Os chamados “corujas noturnas” enfrentam um declínio cognitivo maior em comparação com os madrugadores. Este achado foi particularmente notável entre indivíduos com níveis mais altos de educação.
A pesquisa, conduzida pela Universidade de Groningen, acompanhou os participantes ao longo de uma década. Os resultados indicaram que, entre os adultos com formação universitária, cada hora adicional de vigília noturna estava associada a uma queda de 0,80 ponto nos escores cognitivos ao longo dos dez anos. Este declínio é especialmente perceptível entre aqueles que têm hábitos de sono extremamente tardios.
Por que o cronotipo noturno afeta o cérebro?
O cronotipo, ou preferência natural de sono e vigília, é regulado pelo ritmo circadiano, o relógio biológico do corpo. Cerca de 20% dos adultos tendem a preferir noites mais longas durante a meia-idade, enquanto apenas 7% são verdadeiros madrugadores. O estudo revelou que o impacto do cronotipo noturno é mais pronunciado entre os altamente educados, devido à rigidez dos horários de trabalho.
Profissionais com alta escolaridade geralmente enfrentam horários de trabalho fixos, o que pode não se alinhar com suas preferências naturais de sono. Isso resulta em um “jet lag social”, uma desarmonia biológica contínua. Em contraste, pessoas com menos educação formal muitas vezes têm horários de trabalho mais flexíveis, que podem se ajustar melhor aos seus relógios biológicos.

Quais fatores contribuem para o declínio cognitivo?
O estudo, publicado no The Journal of Prevention of Alzheimer’s Disease, identificou dois principais fatores que contribuem para o declínio cognitivo entre as corujas noturnas: má qualidade do sono e tabagismo. Entre os participantes altamente educados, esses fatores explicaram cerca de um terço da ligação com a redução da acuidade mental.
A má qualidade do sono é frequentemente resultado de dormir tarde e acordar cedo para o trabalho, levando à privação crônica de sono. Isso afeta a capacidade do cérebro de eliminar proteínas nocivas associadas ao Alzheimer. Além disso, o tabagismo foi responsável por cerca de 19% do declínio observado, já que as corujas noturnas tendem a fumar mais, possivelmente para lidar com os efeitos de seus horários de sono irregulares.
Como as corujas noturnas podem proteger suas mentes?
Com cerca de um em cada cinco adultos americanos preferindo horários de sono tardios, milhões podem ser afetados, especialmente aqueles com rotinas matinais rigorosas. O estudo avaliou o declínio cognitivo por meio de testes focados em funções executivas e resolução de problemas, habilidades essenciais para adaptação a novas situações e gerenciamento de tarefas diárias.
Embora os pesquisadores não tenham estabelecido uma ligação direta entre esse declínio e a demência, qualquer queda mensurável na função cognitiva ao longo de uma década é preocupante. Estratégias preventivas, como horários de trabalho flexíveis, podem ser especialmente benéficas para as corujas noturnas altamente educadas. Permitir horários de início mais tarde para aqueles cujos relógios biológicos favorecem as horas noturnas podem ajudar a proteger a saúde cerebral a longo prazo.
Qual é a conclusão?
Programas que visam melhorar a qualidade do sono e apoiar a cessação do tabagismo podem desempenhar um papel crucial na redução do risco de declínio cognitivo. Dado que esses dois fatores explicaram 25% do declínio observado, abordá-los pode reduzir significativamente o risco. Pesquisas anteriores já destacaram a importância crítica do sono na manutenção da função cerebral ideal. Este estudo reforça a ideia de que nossas preferências naturais de sono podem ter consequências cognitivas reais, especialmente quando entram em conflito com horários diários estruturados.