Um estudo inovador liderado pelo National Institutes of Health (NIH) apresenta uma nova ferramenta poderosa para rastrear o consumo de alimentos ultraprocessados. Ao invés de depender de diários alimentares ou entrevistas, o método utiliza as “vozes” moleculares presentes no sangue e na urina. Publicado em maio de 2025 na PLOS Medicine, o estudo introduz uma maneira de quantificar a qualidade da dieta com precisão biológica.
Os pesquisadores desenvolveram escores de polimetabólitos, que são impressões digitais moleculares compostas de amostras de sangue e urina. Esses escores são capazes de estimar a quantidade de energia que um indivíduo obtém de alimentos ultraprocessados (UPFs). Este método oferece uma visão bioquímica das dietas dominadas por alimentos industrializados.
Como os metabólitos revelam o consumo de alimentos ultraprocessados?
O estudo do NIH baseou-se em dois conjuntos de dados principais. O primeiro foi um estudo observacional de 12 meses com 718 adultos dos Estados Unidos, que forneceram amostras biológicas e registros alimentares detalhados. O segundo foi um ensaio controlado no NIH Clinical Center, envolvendo 20 voluntários adultos que alternaram entre dietas compostas por 80% de UPFs e 0% de UPFs.
Utilizando aprendizado de máquina, a equipe analisou mais de 1.000 metabólitos distintos, que são subprodutos do metabolismo. Eles descobriram s químicas recorrentes associadas a uma alta ingestão de UPFs. Essas s moleculares podem distinguir com precisão entre fases de dieta ultraprocessada e não processada dentro do mesmo indivíduo, sem a necessidade de relatórios subjetivos.
Quais são os impactos dos alimentos ultraprocessados na saúde?
Os UPFs são definidos como produtos industrialmente fabricados, prontos para comer ou aquecer, geralmente ricos em calorias, mas pobres em nutrientes essenciais. Nos Estados Unidos, eles representam quase 60% da ingestão calórica total. O estudo destaca a importância de compreender os padrões de consumo de UPFs, já que eles podem estar associados a riscos de saúde a longo prazo, como câncer, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Embora o estudo não tenha como objetivo provar a causalidade, ele abre caminho para avaliar associações entre o consumo de UPFs e riscos de saúde a longo prazo. A análise de amostras biológicas arquivadas de estudos anteriores pode permitir uma avaliação retrospectiva da qualidade da dieta, mesmo quando os registros alimentares são incompletos.

Como a ciência da nutrição pode evoluir com este estudo?
A pesquisa oferece uma nova abordagem para a ciência da nutrição, permitindo uma análise mais objetiva e precisa da ingestão alimentar. Ao desvendar a dieta a partir de amostras biológicas, os cientistas podem melhorar os métodos de medição de exposições complexas, como a ingestão de alimentos ultraprocessados.
Os pesquisadores recomendam expandir a análise para grupos etários mais jovens e dietas não ocidentais, garantindo a confiabilidade dos escores em diferentes culturas alimentares e níveis de processamento. À medida que o mundo se volta para sistemas alimentares industrializados, a capacidade de decodificar a ingestão dietética a partir de amostras biológicas pode transformar a forma como estudamos e regulamos a nutrição.
Quais são os próximos os para a pesquisa em nutrição?
O estudo do NIH representa um avanço significativo na compreensão dos padrões alimentares e seus impactos na saúde. A continuidade da pesquisa pode levar a uma melhor regulação dos alimentos ultraprocessados e a estratégias de saúde pública mais eficazes. Com o tempo, essa abordagem pode ajudar a mitigar os riscos associados ao consumo excessivo de UPFs, promovendo dietas mais saudáveis e equilibradas.