O alerta sobre a importância do iodo para a saúde materno-infantil tem ganhado destaque, e recentemente, o biólogo, cientista e nutricionista Tiago Rocha, em seu vídeo no Instagram, reforçou a mensagem crucial: quem deseja engravidar, já está gestante ou está amamentando precisa estar atenta aos níveis de iodo. Este micronutriente, muitas vezes subestimado, desempenha um papel fundamental na gestação, sendo essencial para a saúde da mãe e, principalmente, para o desenvolvimento adequado do feto. A deficiência de iodo durante a gravidez pode acarretar sérios riscos, com consequências por vezes irreversíveis, especialmente para o desenvolvimento neurológico do bebê.
Por que o iodo é tão crucial para gestantes?
O iodo é um mineral essencial para a produção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4) pela glândula tireoide. Durante a gravidez, a produção desses hormônios aumenta significativamente, em cerca de 50%, para suprir tanto as necessidades da mãe quanto as do feto em desenvolvimento. Esses hormônios são vitais para inúmeros processos metabólicos, mas sua função mais crítica na gestação está relacionada ao desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso central do bebê.

Os Perigos da Carência de Iodo na Gravidez
A falta de iodo em gestantes, conhecida como DDI (Distúrbio por Deficiência de Iodo), é uma das principais causas evitáveis de dano cerebral e retardo mental no mundo. As consequências podem ser devastadoras:
- Desenvolvimento Cerebral Fetal Comprometido: A deficiência severa de iodo pode levar ao cretinismo, uma condição caracterizada por deficiência intelectual grave e irreversível, além de problemas de crescimento, surdez e mudez. Mesmo deficiências moderadas a leves podem resultar em um QI mais baixo e dificuldades de aprendizado na criança.
- Aumento do Risco de Aborto e Parto Prematuro: A carência de iodo está associada a um maior risco de aborto espontâneo, natimorto (morte fetal) e parto prematuro.
- Anomalias Congênitas: A deficiência deste mineral pode contribuir para o surgimento de outras anomalias congênitas no feto.
- Hipotireoidismo Materno e Neonatal: A gestante pode desenvolver hipotireoidismo (baixa produção de hormônios tireoidianos), e o recém-nascido também pode apresentar a condição, o que exige tratamento imediato.
Prevenção e Recomendações
A prevenção da deficiência de iodo é crucial e relativamente simples. A principal estratégia global é a iodação do sal de cozinha. No entanto, durante a gestação, as necessidades aumentadas podem requerer atenção adicional. É fundamental que a gestante realize um acompanhamento pré-natal adequado, onde o médico poderá avaliar a necessidade de suplementação de iodo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e diversas autoridades de saúde, como a Direção-Geral da Saúde (DGS) de Portugal, recomendam a suplementação de iodo para gestantes e lactantes em áreas onde a deficiência é prevalente ou para garantir a ingestão adequada. Segundo a DGS, em sua orientação sobre o aporte de iodo, “Durante a preconceção, gravidez e amamentação impõe-se uma adequada ingestão de iodo necessária para completar as necessidades da grávida, para a maturação do sistema nervoso central do feto e para o seu adequado desenvolvimento.” A dose de suplementação geralmente recomendada gira em torno de 150-250 microgramas (µg) por dia, mas deve ser sempre orientada por um profissional de saúde.
Garantir níveis adequados de iodo antes e durante a gravidez é um investimento na saúde futura da criança, protegendo seu potencial de desenvolvimento cognitivo e físico. Converse com seu médico sobre suas necessidades de iodo para uma gestação saudável e segura.
Fonte Especializada:
- Direção-Geral da Saúde (DGS) de Portugal – Orientação “Aporte de iodo em mulheres na preconceção, gravidez e amamentação”. (Frequentemente baseada em diretrizes da OMS).
- Manual MSD Versão Saúde para a Família – Deficiência de Iodo.