O Distrito Federal tornou-se modelo de respeito à faixa de pedestres — tanto, que esses equipamentos agora serão Patrimônio Cultural Imaterial do DF. Mas nem todos os pontos onde as pessoas precisam atravessar contam com faixas. O Correio conversou com quem usa as agens subterrâneas, mas se sente inseguro, e com quem anseia por mais faixas de pedestres. Segundo o Departamento de Trânsito (Detran-DF), foram registradas 25 mortes de pedestres no trânsito de janeiro a abril deste ano.
- Faixa de pedestre será Patrimônio Cultural Imaterial do DF
- DF registra uma morte no trânsito a cada dois dias
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As agens subterrâneas do Eixão têm se tornado um pesadelo para quem precisa utilizá-las. Algumas estão em total abandono, sujas, escuras e sem manutenção, como a da 206 Sul. Maria da Conceição Castro, 44 anos, sente sua vida em perigo todos os dias. "Fui assaltada aqui (arela da 206 Sul). Outra vez, tentaram me assaltar novamente, mas eu consegui correr. Realmente o por aqui por uma questão de necessidade. Não gosto de me arriscar atravessando a rua. Então, acho necessário que tenha guardas, como antes, e reformas, porque, mesmo de dia, é muito escuro", detalha a secretária.
Na via da Ponte JK, sentido Lago Sul e Plano Piloto, a aflição enfrentada na hora de atravessar a pista é rotina. A falta de semáforos e a ausência de faixa de pedestres provoca insegurança. Maria José Casais, 41, mora em São Sebastião e trabalha no Lago Sul. A diarista demora cerca de meia hora para atravessar a via, devido ao movimento intenso. "É muito complicado, porque não existem sinais de trânsito nem no começo e nem no fim da via. Sinto falta de faixas de pedestre aqui, pois, além de nos proteger, ajuda na mobilidade", destaca.
Prioridade 72425u
O presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST), David Lima, ressalta que "as arelas são uma opção, mas precisam ser confortáveis e atrativas para quem vai atravessar". Ele acrescenta que "os veículos em alta velocidade são as maiores ameaças à segurança do pedestre" e considera que vias compartilhadas entre condutores e pedestres devem ser de baixa velocidade.
Wilde Gontijo, especialista em mobilidade ativa e coordenador do movimento Andar a pé, lembra que, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), "o pedestre tem prioridade sobre todos os meios de transporte, por ser o elemento mais vulnerável no trânsito".
A Câmara Legislativa (CLDF) aprovou, na semana ada, o projeto de lei 379/2023, que institui o Estatuto do Pedestre do Distrito Federal. Um dos objetivos é desenvolver uma cultura favorável à mobilidade a pé de forma segura, confortável, módica, eficiente e saudável. O PL prevê multas e sanções para o caso de descumprimento dos direitos dos pedestres. Aprovado em primeiro e segundo turnos, o projeto segue agora para sanção ou veto do governador.
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A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) informou que, entre 2022 e 2023, foram reformadas 12 agens subterrâneas no Plano Piloto. O investimento, no valor de R$ 2. 595 508, 77, incluiu reforma da rede de drenagem e do piso, limpeza de paredes e a substituição das lajotas danificadas, de corrimões e da iluminação convencional por lâmpadas de LED. Atualmente, não há obras de manutenção sendo realizadas nesses equipamentos públicos.
Sobre a pista da Ponte JK, o Detran-DF disse ao Correio que a via é de trânsito rápido e não pode haver agens de pedestres no nível da pista (semáforo ou faixa de pedestre), pois não é seguro. "A alternativa para os pedestres é utilizar a agem que existe embaixo da ponte que, apesar de distante, garante segurança à travessia", sugeriu. De acordo com o órgão, a revitalização das faixas de pedestres é feita, geralmente, uma vez por ano.
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arelas aéreas
As arelas aéreas são uma alternativa em vários pontos do DF. O Departamento de Estradas de Rodagem do DF (DER-DF) diz que existem 59 delas nas rodovias do Sistema Rodoviário do Distrito Federal (SRDF), pertencentes a sua circunscrição. Segundo o Departamento, essas agens são rotineiramente vistoriadas pelas equipes técnicas dos cinco distritos rodoviários — Planaltina, Sobradinho, Samambaia, Paranoá e Brazlândia. O DER-DF complementa que, desde 2019, foram investidos R$ 5,5 milhões em manutenção das arelas aéreas e que 13 novas estão previstas para serem construídas entre 2024 e 2025.
*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso
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