Entrevista

"Há entrave no reajuste das forças de segurança", afirma Alberto Fraga

Ao CB.Poder, o deputado federal Alberto Fraga (PL-DF) questionou a ausência de diálogo entre Executivo local e federal e defendeu anistia para condenados do 8/1

Deputado federal Alberto Fraga (PL-DF) em entrevista ao CB.Poder -  (crédito:  Ana Dubeux/CB)
Deputado federal Alberto Fraga (PL-DF) em entrevista ao CB.Poder - (crédito: Ana Dubeux/CB)

O reajuste salarial para forças de segurança do Distrito Federal foi tema do CB.Poder — parceria entre Correio Braziliense e a TV Brasília. O deputado federal Alberto Fraga (PL-DF) criticou a demora na resposta do governo federal ao Governo do Distrito Federal (GDF) a um pedido de audiência a fim de tratar sobre a proposta. Em conversa com as jornalistas Ana Maria Campos e Samanta Sallum, o parlamentar também defendeu a anistia de parte dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e afirmou que Jair Bolsonaro (PL) não deveria ser responsabilizado pelo episódio. O parlamentar ainda adiantou que pretende disputar a corrida pelo Palácio do Buriti em 2026 e fez duras críticas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança, enviada pelo ministro Ricardo Lewandowski ao Congresso.

Nos últimos dias, o acordo de reajuste salarial com os policiais civis, policiais militares e bombeiros ainda precisa ar pela pelo Executivo federal e pelo Congresso. Na sua avaliação, quais as chances de que essa matéria saia do papel? 

Tenho acompanhado que o presidente Lula até agora não recebeu o governador Ibaneis Rocha (MDB). Historicamente, o GDF manda a mensagem — porque o dinheiro é do Fundo Constitucional — e, imediatamente, o presidente da República manda uma medida provisória. Estamos sentindo que tem algum entrave nessa questão. Acho mais do que justo que o governador queira equiparar os salários da Polícia Civil com a Polícia Federal, que historicamente tiveram essa paridade. É injusto você ter, dentro das forças de segurança pública, a desigualdade salarial. O inimigo comum das polícias Civil e Militar é o bandido. A sociedade, quando está em apuros, não quer saber se você usa farda ou colete. Ela quer resolver o problema. Não podemos deixar duas instituições necessárias ao combate à violência terem um policial ganhando R$ 10 mil e outro ganhando R$ 5 mil.

Com relação aos eventos de 8 de janeiro de 2023, dentro desse raciocínio de que alguns agiram sem essa intenção de realmente quebrar, mas foram presos e condenados, o senhor acredita que o Congresso vai aprovar a anistia? 

Estive conversando com vários senadores, e eu tenho certeza que eles entenderam: a anistia não é para Bolsonaro. Uma senhora que pintou a estátua de batom pegou 17 anos de prisão, enquanto uma dama do tráfico foi condenada a 6 ou 7 anos. O que está errado é a dosimetria. Claro que quem quebrou as coisas tem que pagar. 

Qual é a sua avaliação em relação ao futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro? O senhor acredita que ele vai ser condenado e pode chegar a ser preso?

Não existem provas. Acho que o governo (Lula), que deve estar por trás disso, com certeza, viu em Bolsonaro um candidato muito forte à Presidência. Se deixá-lo disputar normalmente, ele está eleito. Mas o tornaram inelegível, porque ele se reuniu com embaixadores para falar mal das urnas eletrônicas. Acredito que muita coisa vai acontecer. A Organização dos Estados Americanos (OEA) está de olho nas decisões do senhor Alexandre de Moraes, que arrumou para si dois grandes inimigos: o homem mais poderoso do mundo, Donald Trump (presidente dos Estados Unidos) e o homem mais rico, Elon Musk.

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Qual é o reflexo dessa situação política nacional ainda um pouco imprevisível no DF? Como fica também seu posicionamento nas próximas eleições?

As eleições no DF parecem ser fáceis e definidas, mas não é assim. Acredito que, se Michelle (Bolsonaro) disputar, uma vaga no Senado é dela. Não tenho dúvida disso. A outra vaga é que precisamos conversar. Para o governo, quem sabe até eu me disponho a disputar. Tenho que conversar com algum partido, porque não quero mais a Câmara (dos Deputados). Para mim, já deu. São cinco mandatos. Se não for pelo Partido Liberal (PL), pode ser por outra legenda. Acho que eu tenho muito a oferecer a esta cidade.

Qual a avaliação do senhor em relação à PEC da segurança pública que o ministro Ricardo Lewandowski enviou ao Congresso? Foi anunciada no ano ado, mas houve muitas críticas dos secretários de segurança pública e governadores.

É um desastre. Mostra que o governo federal e o ministro Lewandowski não conhecem absolutamente nada de segurança pública. Se eles querem ajudar o setor, comece acabando com as audiências de custódia, nas quais, de cada 10 presos em flagrante, 6 são liberados. Comecem exigindo a votação do novo código de processo penal. Convivemos com a lei de 1940. O crime se organizou e avançou, mas o governo está ali parado. 

 


  • Confira o CB.Poder com o deputado federal Alberto Fraga na íntegra
    Confira o CB.Poder com o deputado federal Alberto Fraga na íntegra Foto: Carlos Silva/CB/D.A.Press
  •  25/02/2025. CB Poder. Entrevista com Alberto Fraga (PL-DF). 25/02/2025. CB Poder. Entrevista com Alberto Fraga (PL-DF). Na bancada Ana Maria Campos e Samanta Sallum.
    25/02/2025. CB Poder. Entrevista com Alberto Fraga (PL-DF). 25/02/2025. CB Poder. Entrevista com Alberto Fraga (PL-DF). Na bancada Ana Maria Campos e Samanta Sallum. Foto: Ana Dubeux/CB
Carlos Silva
postado em 26/02/2025 02:00
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