
De menino que jogou no Instituto Nosso Esporte Clube (Inec) e teve enraizado em seu coração o sentimento de amor ao próximo, Márcio Santos Viana, conhecido como Marcin, 38 anos, encontrou no futebol não apenas um caminho, mas uma missão. Hoje, ele não só treina atletas, mas transforma vidas, oferecendo oportunidades para crianças e jovens de Ceilândia.
A relação de Marcin com o Inec começou cedo, desde a infância. Aos 8 anos, ele jogava no projeto, mas a perda da mãe, aos 14, mudou sua trajetória. O instituto, que sempre foi um espaço de acolhimento, acabou ficando em segundo plano por um tempo. Cinco anos atrás, no entanto, Luiz Alberto, mais conhecido como Betinho, fundador do projeto, o convidou para voltar e contribuir. Desde então, ele nunca mais saiu.
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O projeto nasceu do desejo de proporcionar uma alternativa saudável para jovens da cidade, afastando-os das ruas e inserindo-os em um ambiente de aprendizado e socialização. Atualmente, atende mais de 140 crianças, promovendo não apenas atividades esportivas, mas também eios e outras iniciativas que ampliam a visão de mundo dos participantes.
Para Marcin, a figura de Betinho é essencial na construção do projeto e no impacto positivo que ele gera na cidade. "Ele me falou várias vezes que pode morrer em paz, porque o projeto dele está em boas mãos", conta, emocionado. Betinho, além de ser um líder nato, é um verdadeiro paizão para muitos jovens do instituto. Seu filho, Mateus, seguiu carreira profissional no futebol, tendo atuado ao lado de grandes nomes como Gabigol e Neymar, além de ter ado pelo Santos, sob o comando do técnico Dorival Júnior. Hoje, Mateus joga pelo Ceilândia e segue como um exemplo para os jovens atletas do Inec.
Além de oferecer treinos de futebol, também busca auxiliar famílias da comunidade. Em parceria com outros institutos, como a Brasal, o projeto distribui cestas básicas para famílias carentes, fortalecendo ainda mais seu papel social. "Somos um apoio ao governo porque, indiretamente, estamos tirando os meninos das ruas, dando a eles a chance de gastarem energia de forma positiva e aprenderem a socializar", destaca Marcin.
Oportunidades
Em meio à sua atuação, teve uma experiência inesperada que lhe trouxe uma nova oportunidade. Sua dedicação ao trabalho social chamou a atenção de um contador que istrava uma associação. Esse contador, percebendo seu esforço, decidiu doar a ele o instituto que estava sob sua responsabilidade. Assim nasceu o NEC — Nosso Esporte e Cultura, um projeto complementar ao Inec, voltado para atividades além do futebol, como dança, judô e balé. "O Inec está rotulado como futebol, então eu entro com o NEC, trazendo novas oportunidades para os jovens", explica Marcin.
Hoje, ele preside tanto o Inec quanto o NEC, e ambos os projetos caminham juntos, ampliando o alcance do trabalho social realizado em Ceilândia. Seu maior objetivo é dar visibilidade ao instituto e mostrar que ele vai além do futebol. "O sonho do Betinho ou a ser meu também. E eu vou até o fim nessa missão", afirma. Para o futuro, tanto Marcin quanto Betinho sonham com uma Ceilândia mais evoluída e valorizada, com menos preconceito e mais oportunidades para seus jovens.