Violência

Moradores da Asa Norte se mobilizam contra violência no bairro

Um grupo de cerca de 40 pessoas se reuniu com cartazes pedindo por um policiamento mais ostensivo para inibir roubos e furtos

os Moradores se reuniram na 403 Norte pedindo segurança -  (crédito: Ricardo Daehn/CB/D.A Press)
os Moradores se reuniram na 403 Norte pedindo segurança - (crédito: Ricardo Daehn/CB/D.A Press)
 

Neste sábado (29/3), por volta das 11h, moradores das quadras centrais da Asa Norte se reuniuram em um protesto na quadra esportiva da 403 Norte. O motivo são os roubos e furtos recorrentes na região, sobretudo nas quadras 403 e 404, que têm registrado um aumento constante nas ocorrências de furtos e danificação de carros e apartamentos.

Os vizinhos se reuniram, primeiro, em um grupo no WhatsApp, por onde relatam os crimes e buscam soluções para o problema coletivo. "Estamos aqui para clamar por segurança. No nosso grupo de whatsApp temos cerca de 85 pessoas e todo dia temos registro de ocorrência com violência nessas quadras", explica Vânia Duarte, aposentada e proprietária de um apartamento na região.

Ela foi uma das organizadoras do grupo de moradores, que levou cartazes com cobranças e críticas severas ao Governo do Distrito Federal (GDF). "Ibaneis Rocha, a Asa Norte pede socorro! Não precisamos de helicópteros. Precisamos de policiais em ronda nas ruas, dupla Cosme e Damião e segurança nas quadras"; "Menos helicópteros, mais rondas ostensivas" e "Governador, não é favor, é obrigação!" foram algumas das mensagens lidas no local.

Tradutor e morador da 403 Norte, Enrique Villamil atentou para a frequência das ocorrências. "Ironia à parte, hoje vimos os policiais ficarem na região e eles disseram ter vindo para dar apoio ao evento. Para se ter ideia, há 15 dias, nove bicicletas, no bloco A, foram furtadas de uma só vez", conta.

O consenso é de que, nas últimas três semanas, houve um aumento constante na violência e furto, elementos tornados cotidianos. "Toda noite acontece. São mais furtos. Pegam ferramentas de jardinagem; carros, não levam, mas roubam pneus e rodas", observa Enrique.

Na interação com os vizinhos prejudicados, Vânia Duarte analisa: "Ouvimos muito da polícia, no telefone: 'quando tiver viatura, iremos...' Não têm tido atenção conosco. Caso contrário, não estaria ocorrendo. Acho que a criminalidade está mais difundida nas quadras centrais. Até mesmo pela facilidade na mobilidade".

O crime não para

A noite a anterior ao encontro dos moradores trouxe um exemplo expressivo. Na 403 Norte, no bloco E, uma moto foi danificada, bem como o compartimento de uma caminhonete. No bloco L, dois carros foram arrombados, recentemente. No mesmo local, na noite de sexta (28/3), câmeras flagraram um arrombador de carros circulando e tentando mexerem diversos carros. 

Ainda que o grupo não tenha formalizado nenhum encaminhamento de documento ou pleito direto ao GDF, as queixas se avolumam.

Presente no local, o segundo tenente Caio César da PM comentou a situação e explicou que o 3º Batalhão, com 170 homens no efetivo, é destacado para ações em toda a Asa Norte, Noroeste, SAAN, UnB, SMU e SOF Norte.

"Existe policiamento nosso, ele não para. Até maio, teremos um reforço de efetivo, já que 1250 novos policiais assumiram postos em todo o DF. Eles estão em período de formação. Só ainda não sabemos qual será o reforço para a Asa Norte", pontuou.

Secretaria

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) divulgou que, na Asa Norte, as estatísticas apontam uma redução de 25,1% nos crimes contra o patrimônio no primeiro bimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano ado.

Segundo a secretaria, o número de ocorrências, que abrange crimes como roubo a transeunte, de veículo, em coletivo, em residência e furtos em veículos caiu de 168 para 158. Os dados mostram ainda que nos dois primeiros meses de 2025 não houve registros de roubos em coletivos, comércios ou residências. "Além disso, a Asa Norte seguiu sem casos de crimes violentos letais intencionais , como homicídios, latrocínios ou lesões corporais seguidas de morte", diz o texto. 

A secretaria informou que tem direcionado investimentos para a capacitação das forças de segurança, incluindo a melhoria dos equipamentos utilizados e a adoção de tecnologias avançadas para otimizar o trabalho policial, além do fortalecimento dos processos de gestão.

Uma das medidas é o compartilhamento de relatórios semanais entre as as forças de segurança, onde são apontadas as chamadas "manchas criminais", em que é possível detectar dias, horários e locais de maior incidência de crimes, garantindo um policiamento efetivo.

Participação civil 

A pasta acrescentou ainda que lançou, recentemente, o programa “Segurança Integral”, com o objetivo de fortalecer a proteção à população e reduzir a criminalidade e a violência. A população é convidada, ainda, a fazer parte do processo de fortalecimento da sensação de segurança. 

Um dos eixos do programa, chamado de “Cidadão Mais Seguro”, estimula a participação de setores da sociedade civil, permitindo o atendimento das demandas da população de forma regionalizada. Considerados essenciais pela secretaria, os Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs), são uma das maneiras de promover essa integração. 

Outra forma que a sociedade em geral pode contribuir é através do registro de ocorrência. A SSP explica que esses dados permitem que as forças de segurança elaborem estudos e manchas criminais que indicam dias, horários e locais de maior incidência de cada crime, entre outras informações relevantes para o processo de investigação.

"Esses levantamentos são utilizados na elaboração de estratégias para o policiamento ostensivo da Polícia Militar, bem como para a identificação e desarticulação de possíveis grupos especializados por parte da Polícia Civil (PCDF)". 

 

postado em 29/03/2025 16:35 / atualizado em 29/03/2025 20:56
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