Crime bárbaro

Caso Thalita: Família explica demora para registrar o desaparecimento

Em entrevista ao Correio, a mãe e a tia da vítima explicaram que demoraram para registrar o boletim de ocorrência por terem a esperança de encontrá-la por conta própria

 Thalita Berquó foi brutalmente assassinada no Guará 2. A cabeça e pernas foram encontradas na Estação de Tratamento de Esgoto da Caesb -  (crédito:  Reprodução/Redes Sociais)
Thalita Berquó foi brutalmente assassinada no Guará 2. A cabeça e pernas foram encontradas na Estação de Tratamento de Esgoto da Caesb - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

A família de Thalita Marques Berquó Ramos, 36 anos, explicou o motivo de não ter registrado Boletim de Ocorrência logo nos primeiros dias de desaparecimento da jovem. Em entrevista ao Correio, a mãe e a tia da vítima, que pediram para ter os nomes preservados, explicaram que não o fizeram, por ainda terem esperança de encontrá-la por conta própria.

Segundo a mãe de Thalita, nos primeiros dias, parentes buscaram por ela em locais que costumava frequentar e tentaram contato com conhecidos que pudessem ter informações. "Rodamos por muitos lugares, falamos com amigos dela, perguntamos se tinham visto alguma coisa", contou a mãe.

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Thalita não tinha o hábito de sair sem avisar, segundo a família. Quando ava um tempo maior longe de casa, sempre entrava em contato para tranquilizar a mãe. "Ela podia demorar, mas sempre ligava ou mandava mensagem. O silêncio dela nos deixou aflitos", afirmou a tia. Diante da falta de respostas e com todas as possibilidades esgotadas, os familiares decidiram, então, procurar a polícia e registrar oficialmente seu desaparecimento.

Para a mãe de Thalita, o tempo de espera foi angustiante. "A gente não queria acreditar que algo ruim pudesse ter acontecido. Fizemos de tudo para encontrá-la antes de ir à polícia", lamentou. Hoje, ela e os demais familiares carregam a dor da perda e buscam por justiça, além de respostas para as muitas perguntas que ainda cercam o caso.

Os familiares também destacaram que a omissão de informações cruciais por parte dos amigos da moça foi o que mais atrapalhou nas buscas. A mãe e a tia da vítima revelaram que, ao longo das investigações, entraram em contato com amigos de de Thalita que estiveram com ela nos dias que antecederam o crime e descobriram que eles sabiam de detalhes que poderiam ter ajudado a encontrá-la mais rápido, mas não compartilharam os dados com a família ou a polícia.

O crime

Thalita Marques Berquó Ramos, de 36 anos, foi morta em 13 de janeiro, num caso envolto em mistério. Os criminosos esfaquearam Thalita e jogaram uma pedra sobre seu rosto. Em seguida, esquartejaram o corpo e o descartaram em diferentes pontos da cidade. A cabeça e uma perna foram encontradas em 14 de janeiro, na Estação de Tratamento de Esgoto da Companhia Ambiental de Saneamento do DF (Caesb), na Avenida das Nações. Já em 17 de março, o tronco e a outra perna foram localizados enterrados em uma área de mata no Parque Ezequias, no Guará 2. O crime chocou a capital pela violência e pela forma como o corpo da vítima foi descartado.

O crime permaneceu sem respostas concretas ao longo de três meses, tempo que a Polícia Civil (PCDF), por meio da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), levou para chegar aos assassinos: um homem de 36 anos e de dois adolescentes, de 15 e 17 anos, envolvidos no homicídio, ocorrido no Guará. Um dos menores foi apreendido em 28 de março, enquanto o outro segue foragido. O maior de idade já estava preso no Complexo Penitenciário da Papuda por outro homicídio, cometido em dezembro, e teve um novo mandado de prisão expedido pelo assassinato de Thalita.

Segundo a investigação, o crime ocorreu, após um desentendimento com os suspeitos. No fim de semana anterior, ela participou de festividades com amigos no Guará e, na segunda-feira de manhã, pegou um transporte por aplicativo até um prédio no Guará 2. Segundo as investigações, a mulher foi até uma área de invasão para comprar drogas. Durante a transação, entregou o celular como forma de pagamento, mas, ao pedir o aparelho de volta, houve um desentendimento que culminou em sua morte.

As confissões dos envolvidos permitiram que os investigadores localizassem o restante do corpo da vítima. A PCDF acredita que Thalita foi brutalmente espancada antes de ser morta e esquartejada. A cabeça dela apresentava pelo menos seis facadas no rosto, além de hematomas e outras lesões.

postado em 01/04/2025 11:32 / atualizado em 01/04/2025 11:33
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