Opinião

Crônica da cidade: Companheiros de ofício

"Colocar no papel — impresso ou sobre um canva digital — as palavras é um desafio e grande responsabilidade quando elas têm o potencial de alcançar um público extenso"

Crônica da cidade: Companheiros de ofício. -  (crédito: Freepik)
Crônica da cidade: Companheiros de ofício. - (crédito: Freepik)

Compartilho com muitos um ofício por vezes penoso, mas também gratificante. Colocar no papel — impresso ou sobre um canva digital — as palavras é um desafio e grande responsabilidade quando elas têm o potencial de alcançar um público extenso. Seja na reportagem, seja no universo da crônica, tenho companheiros que sempre me lembram da importância dessa tarefa e que também inspiram o fazer diário.

Muito dessa trajetória vivi aqui no Correio, que hoje completa 65 anos. O sentimento é de dever cumprido sempre que uma nova edição circula, um dia de cobertura se encerra e o sol nasce para o próximo. São 365 dias de trabalho por ano, sete dias por semana, 24 horas por dia, em revezamentos de equipe que fariam inveja até mesmo em Usain Bolt e outros craques do atletismo. Um rende o outro, que a o bastão para a frente. 

Ao longo de todo esse tempo, ficam registradas nas páginas do jornal as histórias de tantos personagens, famosos ou anônimos, gravadas para a eternidade. Se uma busca na internet não resolve ou não responde à pergunta que não quer calar do dia, é nos acervos de bibliotecas e arquivos públicos, no caso do Correio, no Cedoc, que nos abrigamos para saber mais sobre o assunto que nos intriga. 

Se quem poupa tem, quem guarda também. O amigo cronista Danilo Gomes, um dos pioneiros guardiões da memória de Brasília, me lembrou na última semana de um momento emblemático da cidade: a mudança de Jaguar para Brasília. Como muitos dos forasteiros que vieram para cá, em menos de um mês deu o braço a torcer e se rendeu aos encantos da cidade.

Não é para menos, já que o cartunista foi recebido com honrarias. Nas primeiras semanas ganhou estátua no Feitiço Mineiro, reduto de célebres moradores, brasilienses e visitantes, por anos. "Estou em ilustre companhia: Juscelino, equilibrando-se em cima de uma coluna em frente ao Memorial JK, e a estátua da Justiça, obra-prima de meu amigo Ceschiatti, com quem já tomei grandes porres", escreveu o também cronista.

O Correio noticiou o fato na edição de 25 de agosto de 2005, como gentilmente me lembra Danilo Gomes, explicando que a estátua era praticamente em tamanho real. "Agora vou ficar de plantão durante toda a noite no bar, de onde nunca deveria ter saído", brincou Jaguar.

E para coroar essa memória, ao lado do texto sobre o cartunista, o jornal estampava o lançamento do primeiro Manual de Redação e Estilo dos Diários Associados, escrito pela querida Dad Squarisi. O título adiantava: "Fórmula para fazer textos com qualidade". E era a mais pura verdade. Nossa professora faz muita falta, mas seguimos firmes na busca por textos e palavras transformadores.

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postado em 21/04/2025 00:01 / atualizado em 21/04/2025 22:31
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