
A terceira edição do Prêmio Engenho Mulher reconheceu o trabalho de três mulheres que, por meio de projetos sociais, puderam transformar a realidade de pessoas ao seu redor. As premiadas foram a professora Gina Vieira, a líder comunitária Joice Marques e a jornalista Rosane Garcia, subeditora de Opinião do Correio Braziliense. Cada uma com uma iniciativa própria, todas reconhecidas ontem em cerimônia no Museu de Arte de Brasília(MAB).
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Criado por Gina Vieira, o projeto Mulheres Inspiradoras existe desde 2014 e deu lugar, nas salas de aula da rede pública de ensino, ao estudo de grandes figuras femininas na literatura. "Notei, nas meninas, uma tendência de, nas redes sociais, reproduzir essa representação social que reduz as mulheres ao objeto sexual", afirmou a educadora. "Eu entendi que, para levar pra elas outras possibilidades identitárias, eu precisava trazer biografias de grandes mulheres, como Anne Frank, Malala, Cora Coralina, Rosa Parks — que não se enquadraram nesses estereótipos que nos desumanizam", completou.
O projeto chegou a mais de 50 escolas públicas no Distrito Federal, além de unidades escolares municipais de Porto Grande, Mato Grosso do Sul. Atualmente, é também uma disciplina optativa na Universidade de Brasília (UnB), por meio do programa de pós-graduação em direitos humanos.
A segunda premiada da noite foi a líder comunitária Joice Marques, fundadora da Casa Akotirene, espaço de acolhimento e resgate, especialmente para vítimas de violência, em Ceilândia. "Hoje temos 11 turmas de cursos na Casa, de várias áreas. A gente foca muito na educação, em cursos profissionalizantes", explica a ativista. Para ela, a casa é como um "quilombo urbano". "Potencializamos nossa identidade e cultura negra. É um espaço de troca", reflete. A Akotirebe tem parceria com a Fundação Banco do Brasil, Fiocruz, Instituto Federal de Brasília e outras organizações educacionais, fornecendo certificados aos participantes.
A terceira iniciativa reconhecida nesta edição foi da jornalista Rosane Garcia, presidente da Ação Social Caminheiros de Antônio de Pádua (AscapBsB), que busca garantir capacitação para mulheres periféricas e em situação de vulnerabilidade social tenham a própria renda. "Elas am a não precisar de cesta de alimento e desfrutarem de algum conforto que antes era negado" ressalta a subeditora de Opinião do Correio Braziliense. No curso, as mulheres produzem não só roupas, como bolsas, jogos de mesa, de cama e outros produtos. "A grande vitoriosa desse prêmio não sou eu, são as mulheres que conquistaram esse espaço", finaliza.
Valorização negra
O Engenho Mulher é organizado pela Engenho Comunicação e idealizado pela jornalista Kátia Cubel, que criou o projeto em 2020, mas só pôde entregar a primeira edição da iniciativa em 2023, devido à pandemia. "Esse prêmio reconhece mulheres extraordinárias que, em geral, anonimamente, procuram trazer um impacto na sociedade em que vivem. Então, o que o prêmio tem por objetivo é fortalecer a equidade de gênero, o fomento às lideranças femininas, a um empreendedorismo social, protagonizado por mulheres", afirma.
A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), ressaltou a importância de premiações como essa, não apenas para o DF, mas para o Brasil como um todo. "A gente busca um país onde as pessoas não sejam olhadas pela sua cor, ou pela sua religião, ou pela sua crença, ou pela sua ideologia. Um país sem preconceito e sem discriminação. É isso que a gente busca. E, ao valorizar nossas mulheres negras que são empreendedoras, a gente se comunica com outras que as estão vendo também", idealiza Celina.