Florescer

Flores dos ipês-roxos começam a dar o tom nas ruas de Brasília

A temporada de floração dos ipês começou pelas vias da capital e os brasilienses curtem o início do período que se estende até outubro

 29/05/2025 - Ed Alves CB/DA Press. Cidades.  Ipe Roxo - 910/911 Sul. Personagens: Jessica ferreira da silva ao centro, lado esquerdo, Darlene Coura e Bianca Ferreira.  -  (crédito:  Ed Alves CB/DA Press)
29/05/2025 - Ed Alves CB/DA Press. Cidades. Ipe Roxo - 910/911 Sul. Personagens: Jessica ferreira da silva ao centro, lado esquerdo, Darlene Coura e Bianca Ferreira. - (crédito: Ed Alves CB/DA Press)

É tempo de apreciar os ipês-roxos de Brasília. A época colorida, com o desabrochar das flores, começou. A espécie é uma marca registrada da capital e floresce em diversas cores, com as mais conhecidas sendo a roxa, amarela, branca e a rosa. As flores verdes também aparecem, apesar de serem menos comuns. Nesta época do ano, só é possível ver os buquês arroxeados, que logo vão desaparecer, cedendo lugar para as outras floradas que vêm colorir o Cerrado.

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Muitos são aqueles que, em um dia cheio, observam as pétalas que se destacam naturalmente e acalmam os corações. Um simples ato da natureza pode apaziguar o furacão de uma rotina estressante. Uma presença marcante que chama  a atenção dos brasilienses entre maio a agosto. Moradores do Distrito Federal adoram essa temporada, porque a cidade começa a ficar policromática em meio à seca. 

A biomédica Jéssica Ferreira da Silva, 32 anos, aproveitou o intervalo no trabalho para irar um ipê roxo que floresceu próximo ao serviço, na 911 Sul. Ela e duas colegas, Darlene Coura e Bianca Ferreira, aproveitaram a beleza da árvore e fizeram várias selfies. Jéssica disse que toda vez que vê o desabrochar das flores se lembra do clima de Brasília. "Eu sinto que vai chegar o frio. E esse é um clima que eu gosto", observou.

"Os ipês influenciam a forma como as pessoas veem a cidade, pelas suas cores vibrantes. E ainda acho que eles poderiam ser mais valorizados pelos moradores de Brasília, por ser a cara da capital", completou.

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Cronograma

O doutor em ecologia Humberto Mesquita explica que não existe uma época certa no calendário para a floração, que depende da região e das chuvas. "Se foi um ano que choveu até mais tarde, atrasa um pouquinho o momento de florescer. No entanto, o importante é que elas têm uma floração síncrona, ou seja, elas crescem ao mesmo tempo", explicou. "A maioria das brancas e amarelas também vão florescer ao mesmo tempo.", itiu.

"A chuva influencia não só o momento de desabrochar, mas também a quantidade de flores, além do número de folhas que ela perde. Em algumas espécies, é possível observar que estão florescendo, mas ainda têm algumas folhagens. Esse é o motivo de certas árvores não terem uma floração grande e bonita, mas isso varia de ano para ano", acrescentou o biólogo.

Humberto Mesquita salienta que, no Distrito Federal, existem variadas espécies de ipês, principalmente se considerado o nome científico, mas, para o leigo, podem parecer um tipo só. "Os principais encontrados aqui são o branco, amarelo, rosa e o roxo", afirmou.

  • Jessica Ferreira da Silva (C), Darlene Coura (E) e Bianca Ferreira não perderam tempo e fizeram selfies com as flores
    Jessica Ferreira da Silva (C), Darlene Coura (E) e Bianca Ferreira não perderam tempo e fizeram selfies com as flores Ed Alves CB/DA Press
  •  29/05/2025 - Ed Alves CB/DA Press. Cidades.  Ipe Roxo - 910/911 Sul.
    29/05/2025 - Ed Alves CB/DA Press. Cidades. Ipe Roxo - 910/911 Sul. Ed Alves CB/DA Press
  •  29/05/2025 - Ed Alves CB/DA Press. Cidades.  Ipe Roxo - 910/911 Sul.
    29/05/2025 - Ed Alves CB/DA Press. Cidades. Ipe Roxo - 910/911 Sul. Ed Alves CB/DA Press
  •  29/05/2025 - Ed Alves CB/DA Press. Cidades.  Ipe Roxo - 910/911 Sul.
    29/05/2025 - Ed Alves CB/DA Press. Cidades. Ipe Roxo - 910/911 Sul. Ed Alves CB/DA Press

Crescimento

Os prédios de Brasília não atrapalham o desenvolvimento das árvores, de acordo com o ecólogo. "Os ipês conseguem conviver nas condições urbanas, sem tantos edifícios, porque o problema, geralmente para algumas árvores, é quando acaba bloqueando a luz solar, que não é o caso daqui," alegou. "Com exceção de poucas regiões istrativas, a maioria das construções é baixa, então a luz consegue chegar até o solo e iluminar. Além disso, não tem muita poluição com fuligem, porque a cidade, por ser muito aberta, tem mais circulação de ar," completou.

O doutor em ecologia também acredita que o ipê é o mascote da capital. "De alguma forma, claro que o aspecto estético é muito bonito, então acaba sendo um símbolo de Brasília mesmo. Acredito que as pessoas também reconheçam a importância dele para atrair outros animais, principalmente os beija-flores e as abelhas. Existe uma relação entre essa planta e outros animais que vêm, principalmente nesta época, atrás do pólen das flores," ressaltou.

Valorização

Amados pelos brasilienses, tanto os buquês como as raízes do ipê devem ser valorizados. O especialista acredita que a educação ambiental é fundamental para reconhecer isso e sugere locais para observar essas floradas. "A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) tem um trabalho interessante de coleta, plantio, produção de mudas, que é aberto à visitação. Qualquer pessoa que tiver interesse em conhecer pode visitar. É só marcar com antecedência." disse.

"Existem vários grupos de plantio de árvores em Brasília, isso é interessante também. Eles trabalham com ações voluntárias da própria comunidade, geralmente fazendo plantio em áreas que já perderam suas árvores para fazer recuperação daquela zona, e depois de cinco, 10, 15 anos, a gente já tem aquele ponto arborizado novamente", valorizou Humberto.

Os resultados das ações de reflorestamento podem ser demorados, mas beneficiam a todos. "Começa a voltar a água, o solo vai ficando mais úmido embaixo, então existem exemplos de recuperação, até com a produção ou retenção dessa água embaixo da floresta," finalizou. 

Sequência de cores

Depois do ipê roxo, vem o amarelo, cuja floração ocorre entre julho e outubro. O branco só estreia na decoração das ruas entre agosto e dezembro. O menos corriqueiro, ipê-verde, aparece no período de agosto a setembro. Por último a florir, mas não mesmo importante, o rosa, surge de agosto a outubro.

*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

 


postado em 30/05/2025 06:10
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