Assim que o governo de Israel interceptou o barco com 12 ativistas que levavam ajuda humanitária a Gaza, o brasileiro Thiago Ávila informou a família, com quem mantinha contato constante. Essa foi a última vez que houve uma comunicação com ele. A mulher de Thiago, Lara Souza, e a irmã do ativista, Luana Ávila, conversaram com o Correio e falaram sobre a mobilização na busca por notícias.
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"O último contato foi ontem, domingo (8/6), às 21h no Brasil. O que sabemos é que, antes da interceptação, eles tinham sido atacado com armas químicas que não sabemos o que era. Era uma substância com efeitos semelhantes ao gás lacrimogênio que fazia arder o olho, coçar a pele e dificultava a respiração", contou Lara. "O governo israelense postou um vídeo na rede social X onde algumas pessoas do grupo aparecem em um bote, mas o Thiago não apareceu. Nós não vimos o rosto do meu irmão desde que o barco foi interceptado", completou a irmã Luana.
A família solicitou uma reunião com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, mas não obteve retorno. Na manhã desta segunda (9/6), a pasta soltou uma nota à imprensa informando que governo brasileiro acompanha com atenção a interceptação.
"Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos", disse a nota. "Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante. As Embaixadas na região estão sob alerta para, caso necessário, prestar a assistência consular cabível, em consonância com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares", concluiu o informativo.
A mulher de Thiago, Lara Souza, conseguiu contato com a embaixada brasileira em Tel Aviv. "Eles também não têm informações. Só disseram que, segundo informações do governo israelense, os voluntários estão bem, em boas condições de saúde física, mas que ainda estão no mar", disse.
O barco com os 12 voluntários partiu no último dia 1º de junho e tinha previsão de chegar no domingo (8/6). "A viagem demoraria sete dias desde o porto na Itália, de onde partiram, até Gaza. A volta duraria o mesmo tempo", disse a mulher de Thiago. "Eles levavam alimento, medicamentos, fórmulas e próteses infantis. O movimento tinha o intuito de abrir o corredor de ajuda humanitária. Atualmente, tem vários caminhões com ajuda parados na fronteira de Rafah e Israel não está deixando entrar", ressaltou.
As leis internacionais permitem que haja uma fiscalização dos veículos que chegam com ajuda humanitária, mas não autorizam que haja o impedimento. "Corredores humanitários fizeram a diferença em momentos históricos no mundo. O mínimo de humanidade não pode ser desprezado", argumentou a irmã Luana.
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