Habitante do arquipélago Nova Caledônia, no Oceano Pacífico, o kagu, ou cagu (Rhynochetos jubatus) é uma ave territorialista incapaz de voar. Conhecido pelos nativos do território como “fantasma da floresta”, o pássaro não apenas apresenta uma característica inédita a todas as outras aves conhecidas, mas também tem um canto semelhante ao latido de um cão.
Tal característica única nos kagus são os calos nasais, estruturas semelhantes a abas de pele que cobrem a narina da ave. Segundo o portal IFLscience, esses calos servem para impedir a entrada de sujeira e detritos no sistema respiratório desses animais enquanto procuram por alimentos no solo e pedras. Os kagus são carnívoros e se alimentam de répteis, anfíbios e invertebrados.
O som característico — que pode assustar quem vê uma ave, mas ouve barulhos de outros animais — se deve ao fato de que os kagus conseguem imitar outras espécies nas vocalizações — um caráter evolutivo. Em registros do X (antigo Twitter), é possível observar o pássaro se aproximando de outro da espécie e levantando a crista. O barulho e o movimento corporal servem como sinais de alerta para outros machos.
A família de aves terrestres Rhynochetidae contém apenas duas espécies, ambas endêmicas da Nova Caledônia, a cerca de 1,2 mil km a leste da Austrália. Sendo que uma delas está extinta, o Rhynochetos é o único restante da espécie. O aspecto ímpar do kagu também corre o risco de desaparecer, pois o animal está ameaçado de extinção — categorizado como “em perigo” na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.
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Grande parte desse risco se deve à procura dos imigrantes europeus pelas penas de crista do kagu. No final do século 19, elas se tornaram um ório decorativo popular para chapéus. Mesmo com o fim da tendência de moda, os kagus perderam seu habitat natural e enfrentam a ameaça de predação de animais introduzidos, como os cães. Estima-se que existam apenas 600 a 2.000 dessas aves atualmente.
Esses animais barulhentos também são solitários, mesmo estando em período de acasalamento durante boa parte do ano. Nessa época, o macho dança em torno de si mesmo. Caso a fêmea o aceite, o casal constrói um ninho no chão. A espécie é monogâmica e se reproduz apenas uma vez por ano, gerando um único ovo cinzento. A incapacidade de voar e a pouca capacidade reprodutiva também são fatores de risco para a ave.
Entretanto, a sobrevivência da espécie está sendo trabalhada por conservacionistas, com programas de reprodução e esforços para combater predadores. De acordo com Jean-Marc Meriot, do parque Rivière Bleue, em entrevista do The Guardian, cerca de 60 kagus vivam no local em 1984; em 2024, estima-se que existam mais de 1.000. “Agora temos áreas da floresta com novos casais de kagus”, disse Meriot. “A população está indo muito bem, está em constante expansão e as coisas não poderiam estar melhores.”
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