COMÉDIA

Leandro Hassum está de volta aos cinemas com 'Uma advogada brilhante'

Depois de cinco anos, ator retorna às telas com filme para rir e refletir, em parceria com a diretora Alê McHaddo

Alê McHaddo e Leandro Hassum no set de Uma advogada brilhante -  (crédito: Vans Bumbeers)
Alê McHaddo e Leandro Hassum no set de Uma advogada brilhante - (crédito: Vans Bumbeers)

Estreia nesta quinta-feira (6/3) nos cinemas Uma advogada brilhante, longa dirigido por Alê McHaddo e estrelado por Leandro Hassum que acompanha Michelle Barbieri, um advogado cujo nome de origem italiana causa engano nas pessoas, que o confundem com uma mulher. A pronúncia correta é "Mikele", e ele adota o apelido Mike para facilitar a comunicação. Ele é funcionário de uma pequena empresa de advocacia e está ando por um complicado divórcio, que o obriga a trabalhar mais para arcar com os custos do filho e impedir que a ex-esposa o leve para outro país. Até que o escritório em  trabalha é comprado por uma grande e importante firma, e os donos decidem manter uma equipe composta apenas de mulheres.

Na confusão com o nome escrito no contrato, Mike consegue manter o emprego com um importante detalhe: ele precisa se vestir e fingir ser mulher. Logo, o personagem percebe que esse plano é mais difícil do que ele imaginava, quando ele enfrenta a árdua e muitas vezes injusta realidade da mulher no mercado de trabalho. Os funcionários da Tertúlio Otacílio Pacheco, empresa que comprou a antiga firma de Mike, são muitas vezes misóginos e desmerecem o esforço e trabalho das personagens femininas.

Alê McHaddo é uma diretora de cinema trans que acumula com mais de 10 produções no currículo, entre elas mais de cinco parcerias com Leandro Hassum. O enredo do longa usa o tom cômico para abordar pautas importantes, como a representatividade trans que, apesar de não ser o caso do personagem principal, conta com participação da diretora, Nany People e a irmã de Mike, interpretada por Olivia Lopes.

Para o Correio, Alê ressalta que usar a comédia para falar de assuntos delicados aumenta o alcance do discurso, tirando-o de um nicho específico e entregando a abordagem para um público maior: "Quando a gente começa a falar de pautas mais delicadas como transição de gênero, como igualdade no mercado de trabalho, às vezes, você fazer um texto formal, ele vai impactar algumas pessoas que já acreditam naquilo. Ela vai ficar dentro do universo dela. A comédia  tem a capacidade de furar essa bolha e de provocar reflexão em pessoas que ainda não tinham pensado de uma outra maneira naquilo", observa a cineasta.

Antes da fusão, Mike estava trabalhando em um caso que envolve plágio na composição de uma música intitulada Brilhante. Depois, o advogado Jorge Pedro (Bruno Garcia) e seus colegas roubam o caso da "advogada" e todo o progresso que Michelle tinha feito. Ele então se junta à doutora Júlia (Claudia Campolina) para falar com o dono da firma para incluir as duas advogadas no caso, que realizam todo o trabalho sem receber os devidos créditos.

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Hassum observa que já usou a comédia para representar diversas dimensões da sociedade. O universo político em O candidato honesto (2014), a ideia de que ganhar na loteria e ficar rico vai resolver todos os problemas na trilogia de Até que a sorte nos separe (2012-2015) e, agora, a questão de se vestir de mulher realmente melhora a vida do personagem. "Tem essa fala no roteiro, 'desde quando se vestir de mulher resolveu o problema da vida de alguém?' É verdade, é o mundo que a gente vive", diz o ator.

Depois de trabalhar no teatro, na TV e no cinema, como ator e dublador, Hassum  tem projetos que sonha em realizar, como protagonizar um terror. O interesse de Alê e poderia se tornar uma futura parceria entre os dois. "Eu amo o gênero, adoro assistir, tenho vontade de fazer um filme de terror com bastante sangue mesmo, bem sinistro", explica o comediante.

Uma advogada brilhante marca a volta da dupla para o cinema, que não lançava produções no streaming desde a pandemia. Hassum está feliz em retornar e dar ao público a chance de vivenciar o filme nas telonas "Eu amo o streaming, acho que foi fundamental para as pessoas que ficaram em casa no isolamento, incrível. Mas a experiência da caixa preta que você não pode pausar, você tá ali sentado e tem só aquilo para prestar atenção. Eu acho que essa experiência é inigualável".

Alê destaca que o riso é contagiante e assistir com outras pessoas, todas se divertindo juntas, melhora ainda mais o filme: "Acho que tanto o terror quanto a comédia são gêneros que funcionam ao vivo, no cinema, porque é muito bom, você vê quem fica antecipando o medo, o outro que riu, você ri da risada", adiciona a diretora.

A dupla também destaca a importância de voltar às telonas em um momento que o cinema nacional está sendo tão valorizado, com as indicações e vitórias de Ainda estou aqui em premiações internacionais. "O reconhecimento quebra um discurso de que o cinema brasileiro não tem qualidade, que o cinema brasileiro é só isso ou só aquilo. O cinema brasileiro é absolutamente plural, tem comédia, tem drama, vai ter terror", enfatiza Alê, a que Hassum completa: "Eu acho fantástica essa indicação, porque é preciso mostrar para o mundo como a gente tem uma capacidade profissional, uma qualidade profissional fantástica no nosso cinema", finaliza o ator.

*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco

 


Maria Luísa Vaz
postado em 06/03/2025 07:00
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