Luiz Roberto Magalhães faz homenagem e ressignifica o luto em romance de estreia
'A escolha' ressignifica uma tragédia do que poderia ter sido e da perda de uma pessoa inusitada e nunca conhecida pessoalmente na vida do autor
Livro 'A escolha' na redação do Correio: história de Roberto se mistura com a do jornal - (crédito: Ronayre Nunes/CB/D.A. Press)
Já imaginou se uma das tantas conversas do Chat Uol se perpetuasse por décadas. O famoso meio virtual de troca de mensagens on-line — popular na década de 1990 e começo dos anos 2005 — é o pontapé de uma história permeada por tragedia, luto, despedida, redenção e esperança. A linha de A escolha, livro de Luiz Roberto Magalhães, ressignificam uma perda singular para o autor. A perda do que poderia ter sido.
Magalhães falou com o Correio para apresentar a obra na noite desta terça-feira (22/4). O livro será oficialmente lançado nesta sexta-feira (25/4), às 17h, na recém-inaugurada Casa de Chá, na Praça dos Três Poderes — local que conclui a história do livro.
A escolha fala sobre a história de Roberto (o segundo nome de Luiz) com Sophia. Eles "se conheceram" em 2005 no Chat e não tiveram o final que um leitor desavisado poderia esperar. "Sophia me ligou em um sábado para a gente se encontrar. Eu não podia e a gente acabou remarcando para a próxima segunda. Mas ela sumiu. Na quarta eu resolvi ligar e uma mulher atendeu, a Neide, melhor amiga dela, e então fiquei sabendo que Sophia tinha sofrido um acidente de carro e estava em estado gravíssimo", relembra Magalhães.
Sophia morreu alguns dias depois. "Ela ficou na minha vida, mesmo sem eu a conhecer pessoalmente", comenta o autor.
Luiz Roberto Magalhães, autor de A Escolha
(foto: Arquivo pessoal)
Gratidão e ressignificação
Luiz Roberto Magalhães fala sobre A escolha como um pai orgulhoso do filho que acabou de se formar em uma faculdade de elite, e com honras. As mãos em movimento, a voz apressada e o retorno a palavras exatas e específicas para expressar gratidão às pessoas que o ajudaram a conhecer melhor Sophia e o quanto aquele contato de 20 anos atrás atravessou o tempo.
"Eu não tenho pretensão", responde o autor ao ser questionado sobre o que espera que as pessoas levem da história. "O livro já tocou quem tem de tocar. O fato de fazer essa história chegar nos amigos, na família de Sophia já me deixa plenamente realizado", completa.
"Eu penso no que poderia ter acontecido se eu tivesse ido encontrá-la naquele sábado", reflete Magalhães. Na prática ninguém consegue mudar o destino, mas literariamente ele conseguiu pensar e realizar. Na história de A escolha, Roberto impede Sophia de entrar no carro e se acidentar e responde ao subtítulo do livro: "E se você tivesse o poder de salvar a vida de uma única pessoa em qualquer momento da história, quem você escolheria?".
"O que eu consegui, o que eu busquei foi me deparar com uma tragédia e reverter em algo sublime. O livro tem essa redenção. No livro, ela (Sophia) vive", conclui Magalhães.
Serviço
Lançamento do livro A escolha Casa de Chá, sexta-feira, às 17h Praça dos Três Poderes
Subeditor da editoria on-line do jornal Correio Braziliense. Formado em Comunicação Social - Jornalismo pela Faculdade de Comunicação (FAC) da Universidade de Brasília (UnB). Entusiasta de automobilismo, séries e entretenimento em geral.