
Em celebração ao Dia Internacional do Jazz (30/04), o Centro Cultural Banco do Brasil apresenta o festival Superjazz. Os encontros voltam à cidade com programação até agosto. A estreia desta edição será liderada pelo pianista e arranjador Renato Vasconcellos e pelo multi-instrumentista Daniel Santiago, além da programação da Rádio Super Jazz para aqueles que desejarem chegar antes das apresentações para assistir ao pôr do sol no CCBB.
O evento é produzido por Dudão Melo, apaixonado por jazz desde a primeira nota que viu Hermeto Pascoal tocar. "O jazz mudou a minha vida, assim como tenho certeza de que mudou a vida de muitas outras pessoas, principalmente músicos e artistas. Eu devia ter uns 12 para 13 anos quando vi o show do Hermeto, e minha percepção musical e relação com o piano, que eu estudava desde os 7 anos, nunca mais foi a mesma", afirma.
A curadoria, concebida por Flor Furacão, pelo DJ, produtor e músico Mario Sartô, e pelo trompetista Paulo Black, visa trazer um novo olhar sobre a música produzida na cidade com foco nas misturas com a cultura afro-brasileira.
Estudos e palcos
Pianista que iniciou sua formação musical ainda em casa, Renato é mineiro e encontrou em Brasília o conforto de um lar. Buscou no modernismo brasiliense as notas para se expressar. A Suíte Brasília foi eleita pelos brasilienses uma das melhores composições sobre a cidade.
Daniel Santiago também começou na música muito cedo: aos 7 anos, já estava atento para a música da juventude da década de 1980. Logo na década seguinte, pegava a guitarra e corria pela cidade com as bandas de metal das quais participou, até chegar ao cerne da MPB. "Lá pelo meio dos anos 1990, comecei a me aprofundar na música e fui descobrindo a música brasileira", lembra.
Os dias de Renato na estrada com Beto Guedes — com quem viveu várias turnês — ou Maria Bethânia aram. "Dar shows em parceria com outros artistas te obriga a ar muito tempo fora", diz. O tempo em casa e na universidade proporcionou a Renato um mergulho na composição autoral. Atento às produções atuais e ao repertório que acumulou na vida, ele constrói o repertório para o festival, moldando novos arranjos jazzísticos para clássicos de Milton Nascimento e Caetano Veloso somada a algumas de suas músicas.
Abre alas
Habilidoso e ágil na mistura de ritmos, Santiago fundou a banda Brasília Trio aos 19 anos, lançando o primeiro álbum, intitulado Abre alas, em 2001, ao lado de Hamilton de Holanda e Rogério Caetano. O tempo de carreira deu-lhe a maturidade necessária para transitar entre rock para MPB ou o jazz com naturalidade.
"A maturidade, a quantidade de estilos que consigo tocar hoje, o que desenvolvi como produtor musical, como artista, como linguagem.Tudo isso foi algo que construí com o tempo. Acho que a gente amadurece", reflete.
* Estagiário sob a supervisão
de Severino Francisco