
A cantora e compositora Nana Caymmi, que morreu nesta quinta-feira (1º/5), aos 84 anos, no Rio de Janeiro, se consagrou como uma das intérpretes mais marcantes da Música Popular Brasileira (MPB). A artista deixa uma carreira que atravessou décadas e estilos — dos sambas-canções e boleros aos clássicos do Clube da Esquina.
Filha do cantor e compositor Dorival Caymmi, desde cedo, a música fez parte de sua trajetória. A primeira faixa gravada por Nana foi Acalanto, composta por seu pai em homenagem a ela, ainda na infância. Em 1960, lançou seu primeiro compacto solo, com as canções Adeus (Dorival Caymmi) e Nossos Beijos (Hianto de Almeida e Macedo Norte).
Em 1973, lançou seu segundo LP, também intitulado Nana Caymmi, pelo selo argentino Trova. O álbum reunia obras de Dorival Caymmi e de nomes como Chico Buarque, Francis Hime, Silvio César e os irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle, além da faixa Ahié, assinada por Paulo César Pinheiro, João Donato e Flora Purim.
Dois anos depois, veio o disco que marcaria sua consolidação na MPB. Também batizado Nana Caymmi, o álbum de 1975 mergulhava no universo do Clube da Esquina, com interpretações emblemáticas de Ponta de Areia (Milton Nascimento e Fernando Brant) e Beijo Partido (Toninho Horta), além de uma reinterpretação definitiva de Só Louco, clássico do pai.
Nos anos 1990, Nana se reinventou. Em 1993, lançou o álbum Bolero, gravado, segundo ela, “morrendo de vergonha” em meio ao sucesso de jovens intérpretes do gênero, como Luis Miguel. O disco, no entanto, tornou-se um sucesso inesperado, com quase 100 mil cópias vendidas. No ano seguinte, homenageou Dolores Duran com o disco A Noite do Meu Bem. Em 1999, alcançou o reconhecimento comercial com Resposta ao Tempo, que lhe rendeu seu primeiro disco de ouro, com 100 mil unidades vendidas.
Além dos álbuns de carreira, Nana Caymmi ficou conhecida também por suas interpretações em trilhas sonoras de novelas e séries da TV Globo. Um de seus maiores sucessos foi justamente Resposta ao Tempo, tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, exibida em 1998. Em 2017, a gravadora Universal Music lançou a coletânea Nana Novelas, reunindo 15 faixas que marcaram produções televisivas.