
Após quatro anos longe do estúdio e do foco midiático, a artista neozelandesa Lorde marca seu aguardado retorno com Virgin, seu quarto trabalho de estúdio, cuja estreia está programada para o dia 27 de junho pelas gravadoras Universal Music New Zealand e Republic Records. A nova era da cantora começou oficialmente em 24 de abril, quando ela apresentou o single “What Was That” — uma batida vibrante de synth-pop que, com humor e intensidade, revela momentos íntimos vividos nos bastidores de sua ausência pública.
O clipe da faixa, feito de maneira caseira, capturou Lorde se apresentando de forma espontânea diante de uma multidão reunida no Washington Square Park, em Nova York — um evento tão impactante que chegou a ser interrompido pelas autoridades devido ao volume de fãs presentes. Para muitos, esse momento simbolizou a volta triunfal da cantora e acendeu de vez as expectativas para o novo disco.
Ao longo da última década, Lorde consolidou sua identidade musical com trabalhos únicos como Pure Heroine (2013), Melodrama (2017) e Solar Power (2021). Cada um desses projetos explorou sonoridades e temáticas distintas, e Virgin promete seguir essa tradição de reinvenção. Embora detalhes completos sobre o conteúdo do álbum ainda estejam sob sigilo, já se sabe que ele representa uma guinada emocional e conceitual profunda.
Entre os nomes envolvidos na produção estão Jim-E Stack, Fabiana Palladino, Andrew Aged, Buddy Ross, Dan Nigro e Dev Hynes (do projeto Blood Orange). Curiosamente, esta será a primeira vez que Lorde trabalha sem Jack Antonoff desde 2013, sinalizando uma clara ruptura com seus últimos processos criativos.
A arte do álbum também reflete a proposta ousada de Virgin. A capa traz uma radiografia azulada da pelve feminina com um DIU visível — um gesto simbólico que despertou debates e elogios nas redes sociais. A imagem, segundo fãs, evoca transparência, feminilidade e ruptura com convenções.
Mais do que um disco, Virgin é um retrato cru da vida de Lorde nos últimos anos. Em texto publicado em seu site oficial, ela descreve o álbum como uma obra de “transparência total”, onde som e palavra se unem para revelar sua jornada de autoconhecimento. “Eu estava tentando me ver até o fim”, escreveu. “Tudo neste trabalho é visceral — cru, inocente, masculino e espiritual ao mesmo tempo.”
Parte desse processo foi profundamente pessoal. Em entrevista ao Document Journal, Lorde compartilhou experiências com distorção de imagem corporal e transtornos alimentares, revelando que precisou se reconectar fisicamente consigo mesma para conseguir criar novamente. “Foi um processo longo de recuperação e aceitação. Este álbum é o resultado de ter habitado meu corpo de verdade pela primeira vez.”
Além disso, ela destacou como o álbum Brat, de Charli XCX, a impulsionou a buscar autenticidade e clareza conceitual. “Ver colegas fazendo trabalhos tão definidos me inspirou a ir mais fundo”, contou em conversa com a BBC Radio 1.
Com Virgin, Lorde não apenas quebra um hiato criativo — ela apresenta uma versão lapidada, vulnerável e destemida de si mesma. O álbum promete ser um marco em sua trajetória, não só pela sonoridade, mas pelo mergulho emocional e artístico que representa.