
Um anjo apaixonado não sabe se cai e se torna homem ou se fica na eternidade. Diante da dúvida, ele começa a refletir sobre o significado de ser homem. Montagem da Cia. Yinspiração, O equilibrista faz parte de festival que comemora os 20 anos da companhia e que traz peças do repertório do grupo durante todo o mês para o teatro do Sesc 504 Sul. O equilibrista está em cartaz entre quinta e sexta-feira no Sesc da 504 Sul.
Dirigido por Luciana Martuchelli, o espetáculo nasceu do encontro entre a diretora e o ator Filipe Lima Durant. A ideia era refletirem sobre masculinidade a partir de pontos de vista diferentes. "Eu tinha algumas perguntas pessoais que levei como exercício de cena, e a Luciana tinha essas perguntas sobre o masculino e feminino. Começamos a criar juntos, a trabalhar juntos sempre sobre essa temática do que é ser homem, do que é crescer. Eu propus cenas, textos, algumas canções, poesias e a gente foi construindo essa história", explica o ator. A peça tomou forma em um festival de mulheres na Colômbia, em 2014 e, em 2015, entrou para o repertório da companhia.
A experiência pessoal de Durant guiou boa parte da dramaturgia. Ele conta que se sentia um adulto incapaz de fazer certos ritos de agem. Sentia-se um garoto em algumas questões e faltava segurança em tomar certas atitudes socialmente esperadas de homens ou pessoas mais velhas. Durant estava com 30 anos e ava por um conflito. Falar disso no palco se tornou um compromisso social. "Porque, depois que começamos essa discussão do que é ser homem, comecei a observar que os homens não sabem o que é ser isso, é uma construção social que vai sendo empurrada com a barriga e se reflete na sociedade com altos índices de violência contra a mulher", explica. "Muito se discute sobre o papel da mulher, mas, muitas das vezes em detrimento da imagem do homem, como se ele fosse inerentemente violento. Na verdade não é, isso é uma construção, e nosso espetáculo é para fazer refletir sobre o futuro dos adolescentes e jovens homens".
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No palco, Durant vive o anjo em dúvida sobre abraçar ou não a condição de humano. Para ele, o espetáculo também é sobre a infância e a adolescência, quando perguntas importantes começam a ser formuladas. O ator também enxerga uma certa esperança no espetáculo. Ele acredita que os questionamentos trazidos pela dramaturgia podem ajudar a valorizar noções como igualdade, paz e equilíbrio. "Tenho grande esperança de que as pessoas vão ter mais consciência, mais compromisso com o outro, envolvendo o coração no que estão fazendo. Essa é nossa esperança, nossa luta de que a sociedade cresça e evolua com igualdade. E quando falo de igualdade, é todo mundo mesmo, os mais velhos, as crianças, os adolescentes, os neurodivergentes, esse grande espectro que é o gênero. É a grande esperança desse espetáculo", diz.
O equilibrista
Cia. Yinspiração. Quinta e sexta, às 20h, na Estação Sesc 504 Sul. Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia), no Sympla. Entrada gratuita na quinta (22/5). Classificação indicativa livre