
O C6 Fest entrou, neste sábado (24/5), na etapa de festival do evento. Os shows foram emocionantes e ficaram marcados pelos reencontros com paixões antigas do público brasileiro. Independente do gênero, os artistas carregaram o público para um festival diverso e divertido em tarde e noite de grandes apresentações.
O principal momento do dia fixou a cargo da principal atração. O duo francês Air apresentou na íntegra o disco Moon Safari, de 1998, e confirmou o porquê de ser uma das referências da música eletrônica — mesmo fazendo toda a construção sonora de firma analógica — e instrumental nas últimas décadas. A banda contou com a memória afetiva do público e o amor pelo seminal disco para emocionar os fãs que não os viam no país há quase 10 anos.
Com um espetáculo de luzes e projeções, os ses fizeram um show que era tão indescritível quanto ensaiado. Os artistas levaram o público para um lugar etéreo que criaram em uma atmosfera musical e visual ímpar. O Air reforçou o significado de “aqui e agora”, era possível sentir a música no ar.
Gastando as palavras apenas para agradecer — sempre em português e francês — os 43 minutos do Moon safari não foram suficientes para ocupar as 1h15 disponíveis na programação. Por isso, os artistas ainda tiveram tempo para tocar outros dos maiores sucessos da carreira. O que foi um até logo justo para os fã brasileiros que os abraçaram e viveram a viagem proposta pela dupla.
O show que antecedeu o Air foi da banda estadunidense Gossip. Sob o comando da carismática e engraçada cantora Beth Ditto , o grupo movimentou o festival de forma completamente diferente das demais atrações e fez a tenda Metlife parecer pequena. A emoção da vocalista transformou a relação da banda com público e transformou o show de rock animado em uma experiência arrepiante.
A banda demorou mais de uma década para voltar para o Brasil e aproveitou cada segundo que teve de comunhão com o público brasileiro. Descalça e vestida de oncinha e descalça, Beth se divertiu enquanto tocava as faixas que há mais de 20 anos ainda são capazes de eletrizar até o mais blasé dos fãs de rock.
Principal destaque do entardecer no parque do Ibirapuera, Perfume Genius, projeto do cantor e compositor Mike Hadreas, entregou uma das performances mais ionais e artísticas de todo o festival até o momento. O norte-americano de 43 anos pareceu o tempo todo se colocar na iminência do precipício em busca da adrenalina, como se já não bastasse todo sentimento de ser um artista internacional pela primeira vez em um grande palco brasileiro.
Mike é de uma liberdade invejável e performou o show todo como quem dança em frente ao espelho no próprio quarto. Acompanhado por uma banda afiada, ele desfilou os sucessos melancólicos de nicho que o tornaram um nome muito requisitado no Brasil. Perfume Genius mostrou, com ajuda de uma cadeira, o cabo do microfone e um tripé, que há muito poder em externar cada sentimento de firma performática.
Quem o seguiu foi A.G. Cook, ele transformou o palco de shows em uma festa. Muito habilidoso, o Dj e produtor musical é responsavel pelo selo PC Music e um dos parceiros mais constantes do fenômeno recente do pop Charli XCX. Ele usa a controladora em toda a capacidade de instrumento que o aparato de música eletrônica tem e transforma as misturas de músicas em sons inéditos.
A convite do C6 Fest, o Correio segue em cobertura até o último dia de evento, neste domingo (25), para acompanhar os shows de nomes como The Last Dinner Party, Wilco e Nile Rodgers.
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Outros destaques
Talvez a atração mais aguardada pelo público que esgotou os ingressos do sábado de C6 Fest, Pretenders fez o primeiro grande show da noite na Arena Heineken, palco externo do auditório Ibirapuera. Por todo peso que carrega dos mais de 45 anos de história, a banda liderada por Chrissie Hynde fez uma apresentação à estrada que caminharam. O som, que estava baixo se considerado o potencial do show, atrapalhou a experiência de ser ainda mais especial para os fãs.
Primeira atração internacional, a banda, natural de Bangore e Dehli na Índia, Peter Cat Recording Co. trouxe a perspectiva do que é a música indie indiana. Coma atitude blasé de um rockstar, Peter Cat juntou fãs e curiosos em uma performance galateadora e uma música extremamente convidativa. O grupo, que ocupou o lugar dos “achados” do festival, mostrou que caso uma boa pesquisa seja feita, há muito mais formas de se adaptar o rock alternativo.
Se Peter Cat mostrou uma visão única do indie, Beach Weather, que o sucedeu na programação, apresentou um repertório da forma mais clássica de se executar o gênero. Apesar de um som não tão inovador, é muito a sedutora a ideia de voltar a a curtir um som similar ao que fez sucesso no boom do indie pop no início dos anos 2010. Com uma camisa do Brasil e a energia de frontman, o vocalista Nick Santino e sua banda entregaram exatamente o que se esperava deles.