Crítica

Uma estrada assertiva: artista gaúcho revê vida e profissão, após doença

'Memórias de um esclerosado', documentário sobre uma personalidade com esclerose múltipla, será exibido no Cine Brasília, nesta sexta (30/5), na presença do diretor

'Memórias de um esclerosado': sessão especial no Cine Brasília -  (crédito: Atelier W Produções Cinematográficas)
'Memórias de um esclerosado': sessão especial no Cine Brasília - (crédito: Atelier W Produções Cinematográficas)

Crítica // Memórias de um esclerosado ★★★★

Filmes sobre dificuldades físicas e ou mentais costumam, na ficção, render espetaculosos e tour de force de atores profissionais ciosos de seus processos de controle e domínio cênico. Mas, e a contramão disso, como seria? Num filme documental, no qual o astro coincide com o criador (no caso, Rafael Corrêa), o vínculo absoluto de identidade com o espectador, vem da natural façanha de Corrêa, um carismático protagonista afetado por doença neurológica crônica e autoimune. Quem for na sessão desta sexta-feira  (no Cine Brasília, às 19h) terá o privilégio do contato com o codiretor gaúcho de Memórias de um esclerosado, presente para um debate. Inicialmente, no filme, ele lembra das mãos com movimentos limitados e, paulatinamente, a fisicalidade rija.

Vencedor dos prêmios de roteiro, montagem, desenho de som e trilha musical no 52º Festival de Cinema de Gramado, o longa (cocriado por Thais Fernandes) ainda foi consagrado 28º Cine PE. Criador de cartuns que circularam na imprensa e outros vencedores de prêmios no exterior, Rafael Corrêa, responsável pelo personagem Artur, o arteiro, vincula eventos da vida a castigo e punição. Mas, a fase deprê não dura.

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Sem nunca se autocomiserar, Rafael preza uma convivência colorida junto ao público. Com palavreado popular, honesto e direto, ele combina com a agilidade no uso da linguagem que adapta a tirinhas, seu ado, muitas vezes impreciso. Uma libertação pulsa na trama, rascunhada inicialmente como atrelada a karma, mas enfocada, com menos superficialidade, como destino coerente com a fortaleza que o diretor revela. Naturalmente, brota o final poético e esperançoso.

 

postado em 29/05/2025 16:42
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