Crítica // A mulher do jardim ★★★
Jovens em casas isoladas sempre deram liga em enredos de cinema, como confirmam filmes como Os inocentes, Lobisomem, O herege e Os outros. Não é diferente quando se vê na telona do filme do espanhol Jaume Collet-Serra, que carrega na presença dos personagens de Peyton Jackson e Estrella Kahiha, ambos intérpretes dos filhos da protagonista Danielle Deadwyler (de Till) que responde pela personagem Ramona.
Debilitada, com instinto maternal em alta numa casa que se ressente do vazio da presença do personagem David (Russell Hornsby, de Um limite entre nós), o pai falecido, Ramona entra no jogo sinalizado pelo roteiro do estreante Sam Stefanak: a cada momento, ela revive
o trauma, como num tática de aceitação, de lacunas na família. Nisso, expõe e expurga o exaustivo estado mental, sufocante. Desejosa de morte, por momento, Ramona parece ter alcançado a meta, quando, do nada, brota no quintal de casa a misteriosa "Senhora Fúnebre Esquisitona" (Okwui Okpokwasili), como identificada pelo filho da protagonista.
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A montagem, no filme, é agente motor. Vem da habilidade da dupla Timothy Alverson (de Halloween, 2018) e Terri Taylor (responsável pela direção de elenco de Nós e Corra!). A montagem deixa amplamente opinativo e hipotético o entendimento do enredo. O ado do cineasta Collet-Serra, responsável por Adão Negro, A casa de cera, Jungle Cruise e o hilário A órfã torna a experiência menos previsível. Agindo nas sombras, a mulher do título encabeça uma primorosa cena no sótão: com luzes intermitentes, a montagem desnorteia. Flashbacks, surtos, remexer (literal) em feridas, facadas e desafio de autoridade maternal tornam o filme mais instigante.