
Reconhecido internacionalmente como um dos maiores eventos de cultura periférica do mundo, o Favela Sounds faz uma edição especial no pré-carnaval brasiliense. Desta vez no CCBB, o festival apresenta uma lista de atrações de vários lugares do Brasil e do mundo neste sábado (15/2). Destaque para as DJs Kem Kem, da Nigéria, Jamz Supernova, do Reino Unido, e PÖ, que ou parte da vida em Gana e parte na França. Além dos artistas brasileiros Ajuliacosta (SP), Budah (ES), O Kannalha (BA), DJ Caio Prince (SP) e Mac Júlia (MG).
O que chama atenção, mais uma vez, é fato de o festival conseguir reunir gêneros, estilos e sons muito distintos em um só lugar no centro do Brasil. "Em um mundo que tenta dividir as pessoas, em que as pessoas vêm de contextos diferentes, não conseguem se entender e se escutar, a música é um atalho para união", destaca Kem Kem em entrevista ao Correio. "É por meio da música que a Nigéria está chegando ao Brasil e o caminho pode ser oposto também é possível", complementa a artista.
"Este festival é uma oportunidade de mostrar a criatividade e a força dessa música marginalizada, e de a colocar no centro, onde ela tem o direito de estar", avalia a franco-ganesa PÖ. Ela acredita que o desenvolvimento de povo e música está completamente associado e iniciativas como essa são cruciais. "Sendo uma pessoa de culturas misturadas, eu acho essa troca poderosa para criar algo que nos representa", diz.
O Favela Sounds coloca luz em quem merece, em artistas que estão desenvolvendo um trabalho interessante um pouco mais longe da superfície do popular. Por isso, é um evento importante. "Música é algo tão bonito e variado e, às vezes, as pessoas por trás das coisas mais interessantes não são sempre celebradas. Se nós temos a plataforma, devemos usar o privilégio de tê-la para mergulhar mais fundo e mostrar esses artistas, sons e histórias" propõe Jamz Supernova.
A DJ já faz um trabalho de curadoria na rádio britânica da BBC e vê essa congruência com o Favela Sounds como um motivador para entregar um bom show. "A cultura do Favela Sounds e como ela amplifica as vozes e cenas é muito parecida com a linha de trabalho que tenho feito na BBC na última década. Então, sinto que figurar entre as atrações deste festival é estar perfeitamente alinhado com o que sempre busquei e acreditei", reflete.
Porém, no fim de tudo, é um festival é sobre unir pessoas. Afinal, a música é um meio poderoso para quebrar barreiras. "Música é uma comunicação que transcende a língua", exalta Kem Kem. "Essa é a forma que pessoas diferentes, com experiências e vivências diferentes têm para sentirem os mesmos sentimentos ", completa a artista.