POLÍTICA MONETÁRIA

BC projeta inflação acima de 5% e PIB abaixo de 2% no final de 2025

No Relatório de Política Monetária, diretores avaliam que preços devem subir ao longo do ano e apresentar uma leve redução no último trimestre

Somente no primeiro trimestre de 2026 a inflação de 12 meses deve voltar a ficar abaixo do teto da meta, de acordo com os diretores do Banco Central -  (crédito: Raphael Ribeiro/BCB    )
Somente no primeiro trimestre de 2026 a inflação de 12 meses deve voltar a ficar abaixo do teto da meta, de acordo com os diretores do Banco Central - (crédito: Raphael Ribeiro/BCB )

A inflação deve continuar elevada em 2025, de acordo com as projeções do Banco Central apresentadas nesta quinta-feira (27/3) na primeira edição do Relatório de Política Monetária. A publicação, que substitui o antigo Relatório Trimestral de Inflação, avalia que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de 12 meses deve encerrar o ano no patamar de 5,1%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC projeta um cenário no qual a inflação acumulada em um ano deve atingir 5,6% ao longo do ano, para no último trimestre recuar para 5,1%. Apesar da queda no final de 2025, a estimativa ainda prevê uma taxa acima do teto da meta de inflação para o ano, que é de 4,5%.

Somente no primeiro trimestre de 2026 a inflação de 12 meses deve voltar a ficar abaixo do teto da meta, de acordo com os diretores do Banco Central. No final do próximo ano, a expectativa é que a taxa recue para 3,7%, para então atingir o centro da meta, em 3%, no segundo semestre de 2027.

O BC esclarece que, se for confirmado este cenário, a autoridade monetária deve encaminhar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no próximo mês de julho explicando as razões para o descumprimento da meta. Isso ocorre devido ao novo sistema de metas contínuas do banco, que foi aprovado em 2024 e entrou em vigor em janeiro deste ano.

De acordo com essa nova política, além da tradicional carta enviada anualmente, em caso de descumprimento da meta anual, haverá uma nova carta após seis meses consecutivos de inflação acima do teto. “As projeções de inflação se mantiveram acima da meta, tornando a convergência para a meta desafiadora”, destacou o BC, no relatório.

PIB

Sobre a atividade econômica no país, o Banco Central reduziu a projeção de crescimento do PIB em 2025 de 2,1% para 1,9%. De acordo com a autoridade monetária, a mudança foi causada pela queda nas previsões para os setores de indústria e serviços, alinhado com resultados negativos no último trimestre de 2024 e pela expectativa maior de desaceleração ao longo do ano.

“Em termos de trajetória do PIB ao longo do ano, projeta-se um crescimento mais expressivo no primeiro trimestre, após a alta modesta no quarto trimestre de 2024, e certa estabilidade nos trimestres seguintes”, avalia o BC.

Resultados mais fortes na agropecuária, juntamente com o aumento no valor do salário-mínimo e a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), devem contribuir para a aceleração da atividade no primeiro trimestre, de acordo com o relatório.

Por outro lado, uma parte do crescimento esperado para o primeiro trimestre parece ser influenciado por ajustes sazonais, o que faz com que as expectativas para a atividade econômica no início de 2025 ainda tenham que ser feitas com cautela, na avaliação do Copom.

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Raphael Pati
postado em 27/03/2025 15:38
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