
No primeiro dia útil da semana, o mercado brasileiro segue repercutindo o tarifaço implementado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O dólar registra mais um dia de valorização ante o real, nesta segunda-feira (7/4), com alta próxima de 1% por volta das 14h30, pelo horário de Brasília, cotado a R$ 5,90.
O movimento ocorre após a divisa norte-americana ter registrado uma semana de intensa valorização ante a moeda brasileira, com avanço de 1,3% na cotação cambial. A pressão ocorre desde a última quinta-feira, um dia após Trump anunciar “tarifas recíprocas” sobre a importação de produtos de uma série de países.
Durante a manhã, o presidente dos Estados Unidos disse que, se a China não suspender as tarifas retaliatórias de 34% sobre os produtos norte-americanos, impostas na semana ada, até esta terça-feira (8), o país irá impor taxa adicional de 50% sobre os itens chineses. Vale destacar que a resposta da nação asiática foi de impor aos americanos o mesmo percentual (34%) aplicado pelos EUA no chamado “Dia da libertação”.
Enquanto isso, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa B3) opera em mais um dia de queda, abaixo dos 126 mil pontos, por volta das 14h30, com perdas superiores a 1%. Nesse contexto, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) recuam em queda superior a 3% e as da Vale (VALE3) têm baixa acima de 1,5%.
Recessão à vista
Nesta segunda-feira, o Banco Central divulgou mais uma edição do Boletim Focus, que apontou para uma manutenção das expectativas para inflação e atividade econômica em 2025. As estimativas apontaram para um câmbio menor neste ano, de R$ 5,90, ante R$ 5,92 no levantamento anterior.
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Apesar disso, analistas alertam para o risco de recessão nos EUA, que pode impactar diretamente a economia de países emergentes como o Brasil. Nesta manhã, o Goldman Sachs elevou para 45% as chances disso acontecer ainda em 2025, por conta da guerra tarifária.
“Setores ligados a exportações, tecnologia, indústria e agronegócio seriam os primeiros a sofrer. Com isso, o Federal Reserve (Fed) – o banco central dos EUA – pode ser pressionado a cortar juros antes do previsto, para tentar conter o estrago. Mas mesmo com estímulos monetários, o risco já está no ar: a guerra comercial de Trump, se levada adiante, pode ser o gatilho de uma recessão", avalia o analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima.
Já para o CEO da MA7 Negócios, André Matos, mesmo com uma economia aparentemente forte, o aumento das taxas de juros e os problemas globais podem gerar um impacto muito maior do que se espera, colocando a economia dos EUA em uma trajetória de estagnação por mais tempo do que o esperado.
“Para o Brasil, isso pode agravar ainda mais a inflação doméstica, especialmente em setores ligados às commodities e ao câmbio, pressionando o poder de compra da população e tornando a recuperação econômica ainda mais difícil no curto prazo”, alerta o especialista.