
O Senado Federal recebeu, nesta quarta-feira (23/4), os resultados da mais recente pesquisa nacional do DataSenado sobre a legalização dos jogos de azar no Brasil. O estudo aponta que 60% da população apoia a aprovação do projeto de lei 2.234/2022, que regulamenta e fiscaliza atividades como cassinos, casas de bingo, vídeo bingo e o tradicional jogo do bicho.
Durante coletiva de imprensa, o senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO), relator da proposta, destacou que a pesquisa consolida o sentimento popular sobre o tema. “ará a ter uma percepção, nessa pesquisa, do desejo e do sentimento da população brasileira. E muitos senadores se orientam no voto a partir do desejo popular”, afirmou. “É a confirmação disso: a população brasileira deseja a aprovação desse projeto e do jogo responsável.”
Uma atividade já existente — e clandestina
Para o senador, a legalização não traria novidade, mas, sim, transparência a um setor que já movimenta bilhões nas sombras da lei. “Nós precisamos dizer um basta ao jogo ilegal, ao jogo clandestino, que está, infelizmente, sob o comando do crime organizado”, alertou.
Irajá pontuou, ainda, que há bingos, cassinos e o próprio jogo do bicho operando em todos os 5.570 municípios do Brasil, mas de forma clandestina e sem fiscalização. “Você tem o próprio jogo do bicho, que é da cultura brasileira, funcionando há 133 anos no Brasil, também de maneira ilegal. Há centenas de cassinos funcionando, infelizmente”, disse.
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Impacto econômico e turístico
A pesquisa também revela que 58% da população acredita que a legalização aumentaria a arrecadação de impostos e 44% avaliam que a medida geraria novos empregos. O senador reforçou esse argumento com dados internacionais. “Todos os países da OCDE, com exceção da Islândia, já aprovaram os jogos. E esses países dobraram o fluxo de turistas em apenas cinco anos”, citou Irajá. “Aqui na América do Sul, apenas Brasil e Bolívia ainda não legalizaram os jogos. Não pode estar o mundo todo errado e só nós certos.”
Na avaliação do parlamentar, o Brasil tem um potencial turístico “adormecido”. “Nós estamos muito aquém do nosso potencial. O Brasil ocupa apenas a posição 50 no ranking mundial de países mais visitados e é a nona economia. A aprovação desse projeto vai ser um grande divisor de águas. O Brasil será uma potência no turismo internacional, assim como já é na produção de alimentos e energias renováveis.”
Medidas de segurança e combate ao vício
Outro tema abordado na pesquisa mostra que 82% dos brasileiros consideram muito importante a adoção de regras para evitar lavagem de dinheiro e o uso dos jogos para fins ilícitos. Além disso, 54% aprovam a criação de um cadastro nacional sigiloso de pessoas com vício em jogos, para que sejam impedidas de jogar.
Esses dados reforçam um dos pilares da proposta, segundo o senador Irajá: o jogo responsável e com controle público. “A legalização desse ambiente garante a segurança jurídica, dizendo o que pode e o que não pode, sendo fiscalizados pelo poder público, pela Receita Federal e pela Polícia Federal. Aqueles que cometem crimes serão punidos com todo o rigor da lei”, enfatizou.
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O estudo, realizado entre 21 de fevereiro e 1º de março de 2025, com 5.039 brasileiros de 16 anos ou mais, representando o universo de 170,9 milhões de pessoas, também revela que mais de um quarto da população (26%) estaria disposta a participar dos jogos legalizados, o que representa mais de 44 milhões de brasileiros. Ao mesmo tempo, 70% dos brasileiros acreditam que a proibição atual não consegue reduzir significativamente a oferta de jogos ilegais, reforçando a ideia de que o atual modelo é ineficaz.
Aprovado na Câmara dos deputados em março de 2022, o PL segue em análise no Senado e deve entrar em pauta nos próximos meses. Caso aprovado, abrirá caminho para que o Brasil ingresse no grupo majoritário de países que regulamentam o setor.