Chegou a 21 o número de países que anunciaram a suspensão total das importações de carne de frango brasileira. Segundo informou, nesta quarta-feira (21), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), outros 39 optaram por restrições regionais, concentradas no estado gaúcho ou especificamente no município afetado.
Entre os países que interromperam completamente as compras estão grandes parceiros comerciais como China, União Europeia, Coreia do Sul e México, além de Canadá, Chile, África do Sul e membros da União Euroasiática. Já países como Japão e Arábia Saudita restringiram as importações apenas ao município de Montenegro.
Ao Correio, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, ressaltou que ainda é cedo para estimar prejuízos financeiros concretos. "Esses números seriam conjecturas ainda difíceis de fazer. As empresas têm alternativas como redirecionamento para outros mercados, armazenamento ou destinação ao mercado interno", explicou Santin, em entrevista.
Apesar da incerteza quanto ao impacto econômico direto, Santin afirmou que o setor já enfrenta custos logísticos adicionais. "Estamos tendo que redirecionar rotas, trocar navios, encontrar espaços em armazéns não planejados. São prejuízos logísticos que já sentimos", pontuou.
O presidente da Abpa também pediu parcimônia na leitura do cenário. "Alguns países que suspenderam não têm relevância comercial, como Sri Lanka e Paquistão, que sequer compram do Brasil. Dos 151 mercados para os quais exportamos, apenas 21 fecharam totalmente. A maioria manteve restrições localizadas ou continua operando normalmente", disse.
Segundo o Mapa, o foco foi rapidamente controlado e as autoridades sanitárias brasileiras estão atuando de forma transparente com os países importadores. O órgão ressaltou que o vírus não é transmitido pelo consumo de carne de frango e que as suspensões são preventivas, seguindo os protocolos internacionais da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
A influenza aviária foi registrada no Brasil pela primeira vez em 2023, inicialmente em aves silvestres. A ocorrência atual em aves comerciais acendeu o alerta, mas também mostrou uma resposta ágil por parte das autoridades. Para evitar novos focos, o setor reforça medidas de biosseguridade, principalmente nas granjas e fábricas de ração. "Se houver respeito ao vazio sanitário e aos protocolos de limpeza, não há risco de transmissão", reforçou o presidente da ABPA.
A expectativa agora é de que, com o envio de relatórios técnicos à OMSA na próxima semana e a intensificação dos diálogos diplomáticos, os mercados comecem a ser reabertos gradualmente. Enquanto isso, o setor segue mobilizado para garantir que o impacto seja o menor possível. "É um momento de apreensão, mas também de superação. O setor é resiliente, os produtores são resilientes, e vamos ar por isso com responsabilidade e transparência", concluiu Santin.
Ameaça
Especialistas avaliam que a situação é uma ameaça diretamente a um setor que movimenta mais de R$ 60 bilhões por ano e responde por 5% de tudo o que o Brasil exporta.
Para o economista e empresário Fabio Ongaro, “o surto de gripe aviária ocorre em um momento em que o Brasil busca consolidar sua imagem de potência agroexportadora com elevado padrão sanitário. A crise revela tanto a vulnerabilidade quanto a força de reação do setor. Os efeitos econômicos são inegáveis, e podem ser ampliados caso o episódio se prolongue ou ganhe novos focos em estados como Santa Catarina ou Paraná, que concentram 40% da produção nacional”, comentou.
Ongaro pontua que, a médio prazo, o episódio pode acelerar investimentos em biosseguridade, diversificação de destinos de exportação e avanços nos protocolos sanitários multilaterais. Mas, no curto prazo, o setor terá de conviver com perdas bilionárias, volatilidade nos preços e um esforço diplomático intenso para reconstruir a confiança dos compradores internacionais. “A forma como o Brasil lidará com esse surto será decisiva para preservar sua posição no mapa global das proteínas, e para garantir que o episódio seja visto como um acidente isolado, e não como o início de um novo ciclo de riscos sanitários”, ressaltou o economista.
Impacto
A Abpa estima que o volume de embarques pode cair entre 100 mil e 150 mil toneladas por mês durante a suspensão. Com preço médio de exportação de US$ 1.670 por tonelada, isso equivale a um prejuízo mensal de até US$ 250 milhões, ou R$ 1,27 bilhão, somente em maio. Se o embargo se mantiver por três meses, o impacto poderá ultraar R$ 3,8 bilhões, pressionando todo o complexo agroexportador brasileiro.
“Com a retenção de volumes destinados à exportação, o mercado interno deve experimentar um aumento da oferta de carne de frango nas próximas semanas. Embora isso possa beneficiar o consumidor no curto prazo, a tendência de queda nos preços, de até 10% nos supermercados, pode afetar gravemente a margem de lucro dos produtores, sobretudo pequenos e médios, que já operam com custos comprimidos devido ao aumento nos preços de milho e farelo de soja”, comentou o economista Ongaro.
Ele ressalta também que o setor teme uma cadeia de impactos secundários, como o cancelamento de pedidos de insumos, desaceleração da indústria de abate e paralisações temporárias em frigoríficos de menor porte. Em 2024, o Brasil exportou 5,2 milhões de toneladas de carne de frango, gerando uma receita de US$ 9,8 bilhões (R$ 50 bilhões). A avicultura responde por cerca de 30% das exportações do agronegócio brasileiro relacionadas à proteína animal, sendo o principal item da pauta de exportação para mais de 40 países.
“Com o surto, estima-se uma queda de até 18% no volume exportado em 2025, o que pode reduzir em R$ 9 bilhões o saldo positivo da balança comercial do setor. Essa redução pode ainda pressionar o câmbio e impactar a inflação dos alimentos, caso a produção doméstica desacelere”, explicou Ongaro. Segundo o economista e empresário, mesmo em um cenário de controle bem-sucedido no Brasil, o setor deve encerrar 2025 com queda de 10% nas receitas de exportação, o que representa perdas líquidas próximas de R$ 5 bilhões.
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