
Em tempos de influenciadores digitais, os donos das pranchetas do Brasiliense e do Gama levam para o debate tático de hoje, às 16h, no Estádio Serejão, em Taguatinga, pela penúltima rodada do Campeonato do Distrito Federal, inspirações da era analógica. Em entrevista ao Correio, os técnicos do lado amarelo do clássico — o anfitrião Luiz Carlos Winck —. e da verde, Glauber Ramos, compartilharam quem são os gurus deles na profissão.
Aos 62 anos, Luiz Carlos Coelho Winck é um ex-lateral-direito dos bons. O gaúcho de Santa Rosa tem no baú de casa um título do Brasileirão pelo Vasco em 1989 e duas medalhas de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984 e de Seul-1988. No auge da carreira, foi convocado pelo técnico Carlos Alberto Parreira e esteve muito próximo de ir à Copa do Mundo em 1994. Perdeu para Jorginho e Cafu. Em 1985 e em 1987, conquistou a Bola de Prata: o melhor na posição dele na eleição realizada à época pela revista especializada Placar.
Quando decidiu trocar o par de chuteiras pela prancheta, Winck olhou para a imensa lista de treinadores e selecionou os modelos a seguir. "Quem mais me inspirou foi o Cláudio Duarte. Ele me subiu das categorias de base para o profissional do Inter. O Ernesto Guedes me colocou como lateral e o Ênio Andrade, que para mim foi um treinador que me ensinou muitas coisas. Trabalhei com muitos, mas são as pessoas que eu guardo com muito carinho", diz o treinador invicto nesta temporada com seis vitórias e três empates.
Nascido no Gama, Glauber Ramos da Silva tem 50 anos. Na juventude, trocou a base do alviverde candango pelo paulista. Desembarcou nas categorias de formação do Palmeiras no auge da Era Parmalat e aprendeu com técnicos de excelência. "Quando cheguei, o treinador era o Otacílio Gonçalves e, depois, o Vanderlei Luxemburgo. Eu tinha idade de Sub-20 (juniores na época) e aspirante. Completava treinos com os profissionais. Encontrei com o Luxemburgo em 2020 e ele ficou feliz por eu ter virado técnico. Gosto dele e do Parreira por causa das equipes equilibradas", justifica Glauber.
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Luiz Carlos Winck e Glauber Ramos são incansáveis na busca por conhecimento. Eles contam quem, hoje, os faz grudar os olhos na tela para aprender. "O Guardiola. O trabalho dele, a maneira de jogar, a filosofia de jogo. Esse cara é uma referência", elogia o técnico do Brasiliense. O maestro do Gama prefere o mestre italiano do Real Madrid. "Gosto do Carlo Ancelotti".
O confronto no campo das ideias não é novidade para os dois treinadores. Em 2022, o Anápolis, de Luiz Carlos Winck, superou o Goiás, de Glauber Ramos, por 2 x 1, no Estádio da Serrinha, pelo Campeonato Goiano, e quebrou um tabu de 14 anos.
O Gama não perdeu nas últimas duas visitas ao Serejão. Empatou por 0 x 0 pela Série D do Brasileirão de 2021 e venceu por 2 x 1 no Candangão de 2023. "Estamos bem concentrados, jogando bem e evoluindo, porém precisamos acertar a última bola. Temos poucos gols", preocupa-se Glauber Ramos.
Do outro lado, Winck elogia o colega. "O Glauber é um excelente treinador. Está fazendo belo trabalho no Gama. Vamos jogar em casa, estamos montando a equipe para esse jogo e espero que a gente consiga manter a regularidade tanto no Candangão como na Copa Verde", projeta.
Experientes, ambos respeitam a tradição. "Sabemos que clássico não se ganha somente com a parte técnica, mas com disposição muito grande, sendo competitivo o tempo todo", adverte Winck. "Estamos bem preparados para o clássico. É muito bom participar de jogos assim, enfrentar uma boa equipe dirigida por um excelente treinador", retribui Glauber Ramos. O retrospecto aponta 28 vitórias do Brasiliense, 24 do Gama e 22 empates em 74 jogos. A partida terá torcida única devido ao histórico de violência.