
Ataque ganha jogos, defesa ganha campeonatos. A frase — por vezes atribuída a Phil Jackson, técnico lendário da NBA, e outras a Sir Alex Ferguson, ídolo do Manchester United — resume bem a importância dos sistemas de contenção na luta por taças. E, na decisão da Liga dos Campeões da Europa, não é diferente. Finalistas do duelo de sábado, às 16h, na Allianz Arena, em Munique, Paris Saint-Germain e Internazionale de Milão chegaram à final embalados pela consistência defensiva. No último o do sonho de alcançar o topo do continente, ses e italianos contam com importantes peças do setor no quebra-cabeças da decisão.
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Donnarumma, Hakimi, Marquinhos, Pacho e Nuno Mendes. Sommer, Pavard, Acerbi e Bastoni. Montados em esquemas táticos distintos — os ses usam a tradicional linha de quatro, enquanto os italianos apostam em um trio de contenção, liberando os alas para funções mais ofensivas —, as defesas de PSG e Inter de Milão podem até não chamar a atenção de quem prefere nomes mais galácticos. No entanto, a efetividade individual de cada uma das peças e, principalmente, a coletiva na engrenagem geral das equipes coloca no horizonte uma decisão pautada pela segurança.
Quando observado apenas o currículo, o italiano Donnarumma e o suíço Sommer estão em prateleiras distintas. Tratado como astro desde os tempos de Milan e do título da Eurocopa com a Itália, em 2020, o goleiro do PSG é um dos poucos remanescentes da era estrelada da equipe (antes impulsionada por Neymar, Messi e Mbappé). ou de contestado a exaltado na corrida rumo à conclusão de meta principal do clube: chegar ao topo da Europa. O arqueiro da Inter de Milão não joga com tantos holofotes em si. No entanto, destaca-se pela extrema segurança e ganha afagos até de ídolos do time. “Antes dos jogos, o Mourinho dizia-me: vou precisar de você uma ou duas vezes. Marque presença. E eu estava lá, assim como o Sommer”, enalteceu o brasileiro Júlio César.
No miolo de zaga está o único brasileiro com titularidade encaminhada. Capitão e candidato a levantar a taça, Marquinhos é um dos remanescentes do vice europeu do PSG em 2020 — perdeu a final para o Bayern de Munique, por 1 x 0. Na decisão contra a Inter, o camisa cinco pode coroar de vez a trajetória de mais de 10 anos no clube francês. Ao lado, terá a joia William Pacho. No início da temporada europeia, a equipe sa gastou R$ 275 milhões para tirá-lo do Eintracht Frankfurt. O zagueiro de 23 anos se destacou rapidamente pela velocidade e força, assim como o domínio no jogo aéreo.
Honrando a tradição dos fortes sistemas defensivos italianos — conhecidos mundialmente pela alcunha catenaccio —, a Inter de Milão segue as prerrogativas defendidas pelo técnico Simone Inzaghi. A linha de três tem o experiente Acerbi como líbero, cercado por Pavard e Bastoni. Herói da classificação contra o Barcelona, Acerbi leva para a final da Liga dos Campeões histórias de superação. O atleta de 37 anos venceu um tumor maligno nos testículos e o alcoolismo. Campeão mundial com a França em 2018, Pavard também atua como lateral e tem a polivalência como característica. Mais um dos ótimos beques forjados na Itália, Bastoni aposta no estilo firme de atuação para não falhar na segunda chance de ganhar a Orelhuda.
Nas laterais do PSG, Hakimi e Nuno Mendes reúnem velocidade, potência e vocação ofensiva, sem abrir mão da responsabilidade defensiva. Formado no Real Madrid e com agem pela própria Inter de Milão, Hakimi é um dos principais nomes da seleção marroquina, tendo se consolidado como um dos melhores laterais-direitos do mundo após a campanha histórica do país na Copa do Mundo de 2022. Do outro lado, Nuno Mendes representa a nova geração portuguesa com uma maturidade rara para 22 anos. Revelado pelo Sporting, o lateral-esquerdo é dono de arrancadas explosivas e leitura de jogo acima da média. Juntos, funcionam como válvulas de escape pelos lados, garantindo amplitude ao time parisiense, sem descuidar da compactação defensiva.
Segurança global
As formações defensivas de PSG e Inter de Milão ressaltam o caráter internacional não apenas da final da Liga dos Campeões, mas do futebol europeu na totalidade. Na equipe de Paris, a barreira defensiva conta com um italiano, um marroquino, um brasileiro, um equatoriano e um português. Um pouco mais nacional, o clube de Milão tem os serviços de um suíço, um francês e dois italianos. A mistura de nacionalidades reforça o espelho da globalização, no qual o talento não tem fronteiras e ignora barreiras geográficas.
No gramado histórico Allianz Arena, o confronto valendo a taça de clubes mais prestigiada do planeta bola não será apenas entre clubes ou estilos táticos. O duelo entre Paris Saint-Germain e Internazionale reunirá continentes, culturas e histórias dos mais diversos tipos. E, no fim das contas, quem erguer a Orelhuda o fará sustentado por uma muralha erguida com blocos de segurança vindos dos quatro cantos do mundo.