Eliminatórias

Algoz na Espanha, Raphinha é peça-chave de Ancelotti na Seleção

Se não podes contra ele, junte-se a ele: craque vira o "pracinha" protagonista da força expedicionária brasileira e ensaia mudar a hierarquia ofensiva na terça (10/6), contra o Paraguai

Com pouco tempo de treino, Carlo Ancelotti instrui Raphinha na base da conversa depois de uma temporada na qual o Real Madrid foi implodido por cinco gols do astro do Barcelona -  (crédito: Nelson Almeida/AFP)
Com pouco tempo de treino, Carlo Ancelotti instrui Raphinha na base da conversa depois de uma temporada na qual o Real Madrid foi implodido por cinco gols do astro do Barcelona - (crédito: Nelson Almeida/AFP)

São Paulo — Em 1945, o país enviou à Itália 25 mil soldados para o combate ao nazifascismo. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) ajudou EUA, URSS, Reino Unido, França, Polônia e China a encerrar a Segunda Guerra Mundial. Oitenta anos depois, o general italiano do Exército Brasileiro, Carlo Ancelotti, conta com um pracinha inimigo — que virou aliado — para reforçar o arsenal da Seleção contra o Paraguai na terça-feira (10/6), às 21h30, na Neo Química Arena, pela 16ª rodada das Eliminatórias para a Copa de 2026.

Raphael Dias Belloli, cujo nome de guerra no mundo da bola é Raphinha, maltratou o Real Madrid de Ancelotti nos clássicos da temporada. Eleito o melhor jogador do Campeonato Espanhol em 2024/2025, o atacante gaúcho de 28 anos balançou a rede cinco vezes e deu duas assistências. No total, foram sete participações em gols e dois títulos em combates diretos com os soldados do time merengue: LaLiga, Copa do Rei da Espanha e Supercopa.

Poucas vezes, Carlo Ancelotti sofreu tanto em duelos com um brasileiro. Foram quatro clássicos. Raphinha só não fez gol na decisão da Copa do Rei. Nos demais, fez um gol e deu uma assistência no primeiro turno do Espanhol; marcou duas vezes e deu um e decisivo na final da Supercopa da Espanha; e estufou as redes duas vezes no segundo turno do campeonato nacional. A partida confirmou a Tríplice Coroa do Barcelona.

Portanto, se não podes contra ele, junte-se a ele. A inoperância ofensiva do Brasil contra o Equador leva Ancelotti a promover a volta do soldado Raphinha. Suspenso no empate por 0 x 0 em Guayaquil, ele retorna ao time com 34 gols e 22 assistências em 57 exibições na temporada 2024/2025. Foi artilheiro da Champions League ao lado do guineano Serhou Guirassy (Borussia Dortmund), com 13 gols.

Dos 11 gols marcados por Raphinha com a camisa da Seleção, seis foram marcados no ciclo para a Copa de 2026. Todos em jogos oficiais: cinco nas Eliminatórias e um na Copa América do ano ado. Acrescente três assistências.

"É um trabalho diferente, temos a qualidade dos jogadores. Não há muito tempo, mas há a possibilidade de melhorar. Estou certo de que vamos melhorar a nível ofensivo. Hoje (contra o Equador), faltou um jogador importante, que é o Raphinha", lamentou o técnico Carlo Ancelotti depois da estreia.

Raphinha é solução e problema. Versátil, atual na ponta direita, pode preencher o vácuo na meia à frente de Casemiro, Gerson e Bruno Guimarães, e joga fácil na extrema esquerda, o setor no qual Vinicius Junior tem vaga cativa. Além de assistências, o craque do Barcelona é o batedor oficial de pênalti e entrega cobranças de falta perfeitas como aquela no empate com a Colômbia na Copa América.

A volta certa de Raphinha causa um saudável desconforto no elenco. O recruta Estêvão é o mais cotado a deixar o time, mas as saídas de Richarlison ou de um dos três volantes não estão descartadas. O Real Madrid campeão da Champions League em 2023/2024, por exemplo, não tinha centroavante.

Com a transferência de Benzema para a Arábia Saudita, Vinicius Jr. ou a ter Rodrygo como parceiro de ataque. Logo, a corda pode arrebentar para o lado de Richarlison e o provável Brasil contra o Paraguai teria: Alisson; Vanderson, Marquinhos, Alexsandro e Alex Sandro; Estêvão, Bruno Guimarães, Casemiro e Gerson; Raphinha e Vini Junior. O mistério deve ser levado até uma hora antes do jogo.

MP
postado em 08/06/2025 06:00
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