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assim como n&atilde;o ter o &agrave; educa&ccedil;&atilde;o &agrave; dist&acirc;ncia continua a ser a realidade de grande parte da popula&ccedil;&atilde;o mais vulner&aacute;vel.</p> <p class="texto">Mas um ano sem precedentes na hist&oacute;ria veio acompanhado tamb&eacute;m de li&ccedil;&otilde;es in&eacute;ditas para professores, alunos e pesquisadores.</p> <ul> <li><a href="https://correiobraziliense-br.noticiasdeminas.net/portuguese/brasil-54334303?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">As pr&aacute;ticas que mais ajudam (ou atrapalham) o Brasil na educa&ccedil;&atilde;o, segundo pesquisa global</a></li> <li><a href="https://correiobraziliense-br.noticiasdeminas.net/portuguese/brasil-54380828?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">'Sem wi-fi': pandemia cria novo s&iacute;mbolo de desigualdade na educa&ccedil;&atilde;o</a></li> </ul> <p class="texto">A BBC News Brasil compilou alguns estudos nacionais e internacionais que ajudam a tra&ccedil;ar um retrato da educa&ccedil;&atilde;o na pandemia para entender o que funcionou e o que ainda precisa melhorar.</p> <h3>1 - O enorme impacto da demora do poder p&uacute;blico e da baixa conectividade</h3> <p class="texto">O Departamento de Ci&ecirc;ncia Pol&iacute;tica da Universidade de S&atilde;o Paulo (USP) e o Centro de Aprendizagem em Avalia&ccedil;&atilde;o e Resultados da Funda&ccedil;&atilde;o Get&uacute;lio Vargas (FGV) <a href="https://redepesquisasolidaria.org/wp-content/s/2021/01/remote-learning-in-the-covid-19-pandemic-v-1-0-portuguese-copy.pdf">avaliaram a efici&ecirc;ncia dos planos de educa&ccedil;&atilde;o remota de Estados e capitais</a>.</p> <p class="texto">Foram analisados os meios usados para as aulas (como TV ou internet), seu alcance e qualidade entre as diversas etapas de ensino e os materiais e tecnologias oferecidos aos alunos.</p> <p class="texto">Os resultados, mensurados entre mar&ccedil;o e outubro de 2020, mostram um cen&aacute;rio bem ruim: a nota m&eacute;dia dos planos estaduais no &Iacute;ndice de Educa&ccedil;&atilde;o &agrave; Dist&acirc;ncia foi de 2,38 (de 0 a 10) e de 1,6 para os das capitais.</p> <p class="texto">Chamou a aten&ccedil;&atilde;o dos pesquisadores a demora na apresenta&ccedil;&atilde;o de um plano depois do fechamento das escolas. Em m&eacute;dia, as capitais levaram 43 dias, e os Estados, 34.</p> <p class="texto">Tamb&eacute;m faltou supervis&atilde;o para verificar se alunos estavam de fato acompanhando as aulas e houve pouca oferta de formas de o, dando aparelhos ou a conex&atilde;o de internet para que os estudantes conseguissem assistir &agrave;s aulas online.</p> <p class="texto">"A quase totalidade dos Estados decidiu pela transmiss&atilde;o via internet, (mas) apenas cerca de 15% deles distribu&iacute;ram dispositivos e menos de 10% subsidiaram o o &agrave; internet", escrevem os pesquisadores Lorena Barberia, Luiz Cantarelli e Pedro Schmalz.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/17D30/production/_117848579_gettyimages-1297296171.jpg" alt="Menino estudando pelo computador" width="976" height="549" /><footer>Getty Images</footer> <figcaption>No Brasil, poucas redes se preocuparam em fornecer meios para os alunos se conectarem</figcaption> </figure> <p class="texto">A maioria dos planos falhou em oferecer estrat&eacute;gias de intera&ccedil;&atilde;o com professores, e tamb&eacute;m de supervis&atilde;o e est&iacute;mulo &agrave; presen&ccedil;a, concluiu o estudo.</p> <p class="texto">"Este &eacute; um elemento crucial para pol&iacute;ticas de ensino remoto, por permitir intera&ccedil;&otilde;es que considerem as necessidades e dificuldades espec&iacute;ficas de cada aluno, sobretudo em um contexto de elevadas taxas de abandono escolar."</p> <p class="texto">"Temos de cobrar do gestores que as pol&iacute;ticas para a educa&ccedil;&atilde;o estejam na mesma velocidade da pandemia. N&atilde;o podemos deixar que em meses ou semanas sem intervir e 'no pr&oacute;ximo semestre melhoramos'", diz Barberia &agrave; BBC News Brasil.</p> <p class="texto">"O que choca &eacute;, em geral, ainda n&atilde;o ter um plano B (entre os gestores)", acrescenta ela, citando como exemplo a interrup&ccedil;&atilde;o das aulas na cidade de S&atilde;o Paulo quando, em mar&ccedil;o ado, as escolas voltaram a fechar por conta da fase emergencial no Estado.</p> <p class="texto">Para Luiz Cantarelli, outros problemas graves foram a falta de coordena&ccedil;&atilde;o nacional por parte do Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o e os cortes or&ccedil;ament&aacute;rios substanciais na &aacute;rea, que v&atilde;o dificultar investimentos em o ao ensino remoto em 2021.</p> <p class="texto">Cantarelli recorda que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou, por quest&otilde;es or&ccedil;ament&aacute;rias, projeto de lei aprovado no Congresso que previa investimento em o gratuito &agrave; internet para alunos e professores da rede p&uacute;blica.</p> <h3>2 - WhatsApp virou o principal meio de aula</h3> <p class="texto">Diante desse pouco o a planos de dados ou a dispositivos, a alternativa de muitas fam&iacute;lias e professores tem sido se conectar via WhatsApp.</p> <p class="texto">Uma pesquisa do Instituto Pen&iacute;nsula apontou que 83% dos professores mantinham contato com alunos por meio dos aplicativos de mensagens (e foi pelo WhatsApp que ocorreu a absoluta maioria das intera&ccedil;&otilde;es), muito mais do que pelas pr&oacute;prias plataformas de aprendizagem (34%).</p> <p class="texto">Isso mostra que a imagem de um estudante fazendo aulas diante de um tablet ou notebook corresponde &agrave; realidade de um n&uacute;mero de crian&ccedil;as, diz In&eacute;s Dussel, pesquisadora de educa&ccedil;&atilde;o no M&eacute;xico que recentemente participou de um semin&aacute;rio virtual brasileiro sobre tecnologia e ensino, promovido pelo instituto Ita&uacute; Social.</p> <p class="texto">Dussel afirma &agrave; BBC News Brasil que o mesmo fen&ocirc;meno ocorreu em todo o continente. "O uso do WhatsApp foi uma grande surpresa, mas &eacute; porque n&atilde;o temos outras ferramentas (massificadas de conex&atilde;o) na Am&eacute;rica Latina", aponta.</p> <p class="texto">"A maior parte do ensino foi feita pelo celular e, geralmente, por um celular compartilhado (entre v&aacute;rios membros da fam&iacute;lia). Ent&atilde;o, &eacute; algo muito desafiador."</p> <p class="texto">Mas o WhatsApp tem seus limites: evid&ecirc;ncias indicam que alunos conseguem ar mais tempo de aula diante de computadores do que diante de celulares, aponta um <a href="https://www.gov.uk/government/publications/whats-working-well-in-remote-education/whats-working-well-in-remote-education">guia</a> de boas pr&aacute;ticas escolares durante a pandemia elaborado pela Ofsted, a ag&ecirc;ncia governamental brit&acirc;nica que supervisiona as escolas do pa&iacute;s.</p> <h3>3- Depois de conectar, engajar com o ambiente remoto</h3> <p class="texto">Uma <a href="https://gpl.gsu.edu//virtual-learning-in-k-12-education-literature-review/?wpdmdl=1952&amp;refresh=606724cd68e6b1617372365">revis&atilde;o de estudos sobre ensino remoto na educa&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica dos Estados Unidos</a> lembra que as evid&ecirc;ncias em torno do tema s&atilde;o "esparsas". E, tamb&eacute;m l&aacute;, o o a dispositivos foi um grande desafio, seguido de outro: "garantir que estudantes e fam&iacute;lias se engajem com o ambiente de aprendizado" remoto.</p> <p class="texto">"S&oacute; oferecer computador ou conectividade ou distribuir apostilas pode n&atilde;o ser suficiente para um engajamento produtivo", diz o estudo da Universidade do Estado da Ge&oacute;rgia.</p> <p class="texto">"Felizmente, mensagens direcionadas ou incentivos s&atilde;o uma forma relativamente barata e escal&aacute;vel de aumentar o engajamento parental online e melhorar o desempenho dos estudantes."</p> <p class="texto">Entre as estrat&eacute;gias que aumentaram o uso das plataformas de estudo est&atilde;o o envio de mensagens que incentivavam os pais a entrar na plataforma de ensino para acompanhar o progresso dos filhos.</p> <p class="texto">E conversas entre professores e as fam&iacute;lias para ressaltar que as tarefas ainda precisam ser entregues pelos alunos mesmo &agrave; dist&acirc;ncia.</p> <h3>4 - Simplicidade e foco no essencial</h3> <p class="texto">Na avalia&ccedil;&atilde;o da Ofsted, "n&atilde;o &eacute; necess&aacute;rio complicar em excesso os recursos (de aprendizagem) com muitos gr&aacute;ficos e ilustra&ccedil;&otilde;es que n&atilde;o acrescentam conte&uacute;do".</p> <p class="texto">Na educa&ccedil;&atilde;o digital remota, a plataforma n&atilde;o deve ser muito complicada de usar, nem as aulas devem ser elaboradas demais. "A aula remota geralmente se beneficia de uma interface direta e simples", diz a ag&ecirc;ncia em seu guia sobre o que funcionou melhor no ensino remoto brit&acirc;nico, publicado em janeiro de 2021.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/179AC/production/_117848669_11eb191f-b0bb-4be3-bf7d-916ccca62676.jpg" alt="Crian&ccedil;a fazendo aula pelo celular" width="976" height="549" /><footer>Reuters</footer> <figcaption>O WhatsApp foi uma ferramenta muito importante na educa&ccedil;&atilde;o na Am&eacute;rica Latina na pandemia</figcaption> </figure> <p class="texto">Sendo assim, a recomenda&ccedil;&atilde;o &eacute; "focar no b&aacute;sico" ao adaptar o curr&iacute;culo. "Cuidado para n&atilde;o oferecer muito conte&uacute;do novo de uma s&oacute; vez. Antes, tenha certeza de que pontos fundamentais foram entendidos plenamente. (...) Leve em conta o conhecimento ou conceitos mais importantes que os alunos precisam entender e foque neles."</p> <p class="texto">Em muitos casos, diz a Ofsted, "praticar e exercitar habilidades pr&eacute;vias pode ser &uacute;til, como escrita &agrave; m&atilde;o e aritm&eacute;tica simples".</p> <h3>5 - e colabora&ccedil;&atilde;o s&atilde;o 'mais importantes do que nunca'</h3> <p class="texto">Ainda segundo a Ofsted, embora dar um retorno aos alunos (ou <em></em>) sobre as atividades feitas &agrave; dist&acirc;ncia seja mais dif&iacute;cil do que no ensino presencial, &eacute; algo que ganhou ainda mais import&acirc;ncia neste momento, por melhorar a motiva&ccedil;&atilde;o e o desempenho deles.</p> <p class="texto">"&Eacute; importante que os professores mantenham contato regular com os alunos. (...) Alguns habilitaram o envio de emails autom&aacute;ticos para perguntar em que etapa da atividade os estudantes est&atilde;o. Isso tamb&eacute;m a a percep&ccedil;&atilde;o de que os professores est&atilde;o 'assistindo' enquanto os alunos aprendem remotamente", diz a ag&ecirc;ncia.</p> <p class="texto">Ainda em abril de 2020, no in&iacute;cio da pandemia, <a href="https://educationendowmentfoundation.org.uk/covid-19-resources/best-evidence-on-ing-students-to-learn-remotely/">a funda&ccedil;&atilde;o brit&acirc;nica Endowment Education fez uma meta-an&aacute;lise de pesquisas pr&eacute;vias sobre o ensino remoto</a>, e uma das conclus&otilde;es foi sobre a import&acirc;ncia de cultivar intera&ccedil;&otilde;es entre os estudantes mesmo quando eles n&atilde;o est&atilde;o no mesmo ambiente f&iacute;sico, "como forma de motivar os alunos e melhorar seus resultados".</p> <p class="texto">In&eacute;s Dussel observou a mesma coisa durante a pandemia: colaborar &eacute; importante, para alunos e professores.</p> <p class="texto">"Aprendemos que precisamos dos demais: comparar estrat&eacute;gias, falar com outros professores e dar mais oportunidades de trabalho coletivo, mesmo que seja cada um na sua casa", afirma.</p> <p class="texto">Uma das iniciativas que chamaram sua aten&ccedil;&atilde;o foi feita em uma turma de pr&eacute;-escola na Argentina: "A professora pediu que os alunos lessem os poemas e editou um v&iacute;deo com todos juntos, transformando a leitura em uma produ&ccedil;&atilde;o coletiva", explica.</p> <p class="texto">Di&aacute;rios compartilhados da vida durante a pandemia tamb&eacute;m deram certo em muitas escolas.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/6C24/production/_117848672_b8ec1c53-746b-43e3-bfdb-8eb8da05ed82.jpg" alt="Menino estudando em casa" width="976" height="549" /><footer>Reuters</footer> <figcaption>Guia brit&acirc;nico sugere estimular autonomia e coopera&ccedil;&atilde;o entre alunos, para melhorar resultados do ensino remoto</figcaption> </figure> <p class="texto">Mas as iniciativas do tipo se beneficiam, em grande parte, da conex&atilde;o pr&eacute;via entre professores, alunos e fam&iacute;lias, acrescenta Dussel.</p> <p class="texto">"(A pandemia) ressaltou a import&acirc;ncia do v&iacute;nculo anterior entre escolas e comunidades", diz a pesquisadora. "Nas escolas que n&atilde;o tinham esse v&iacute;nculo, as coisas (atividades remotas colaborativas) n&atilde;o funcionaram t&atilde;o bem."</p> <h3>6 - &Eacute; momento de estimular autonomia e independ&ecirc;ncia</h3> <p class="texto">A Ofsted tamb&eacute;m concluiu, a partir de revis&otilde;es de estudos, que &eacute; poss&iacute;vel obter melhores resultados quando se estimula a autonomia dos estudantes no ensino remoto, claro que levando em conta suas idades e circunst&acirc;ncias.</p> <p class="texto">"Estimular os alunos a refletir sobre seu trabalho ou avaliar estrat&eacute;gias que v&atilde;o usar se travarem (em alguma parte da tarefa) foram destacadas como (a&ccedil;&otilde;es) valiosas", aponta a ag&ecirc;ncia.</p> <p class="texto">"Evid&ecirc;ncias mais amplas sobre metacogni&ccedil;&atilde;o e autorregula&ccedil;&atilde;o sugerem que alunos carentes tendem a se beneficiar em particular de apoio expl&iacute;cito que os ajude a trabalhar de modo independente, por exemplo, criando <em>checklists </em>ou planejamentos di&aacute;rios."</p> <p class="texto">Mais do que fazer aulas expositivas, &eacute; o momento de "pedir ideias e participa&ccedil;&atilde;o dos jovens", diz &agrave; BBC News Brasil Rebeca Otero, coordenadora de educa&ccedil;&atilde;o no Brasil da Unesco, bra&ccedil;o da ONU para a educa&ccedil;&atilde;o e cultura. "Queremos formar cidad&atilde;os globais, capazes de qualificar o planeta."</p> <p class="texto">Um dos exemplos citados por ela &eacute; o do Imprensa Jovem, programa criado em 2005 como uma ag&ecirc;ncia de not&iacute;cias formada oir alunos da rede municipal de ensino em S&atilde;o Paulo.</p> <p class="texto">Durante a pandemia, o projeto migrou para o ambiente digital, mas manteve os alunos engajados construindo conte&uacute;do para, entre outras coisas, combater a desinforma&ccedil;&atilde;o em torno da covid-19 e ensinar jovens a identificar not&iacute;cias verdadeiras ou falsas.</p> <p class="texto">"Isso incentiva seu protagonismo e sua autonomia para aprender, se comunicar e saber buscar informa&ccedil;&otilde;es", afirma Otero.</p> <h3>7- Para muitas crian&ccedil;as, o ano foi duro (e as perdas ser&atilde;o sentidas por toda a sociedade)</h3> <p class="texto">"Embora seja dif&iacute;cil prever exatamente como o fechamento das escolas vai afetar o desenvolvimento futuro dos estudantes, (os economistas americano e alem&atilde;o) Eric Hanushek e Ludger Woessmann estimam que estudantes da educa&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica impactados pelos fechamentos podem esperar uma renda 3% menor ao longo de toda sua vida para cada tr&ecirc;s meses de ensino efetivamente perdido", diz estudo recente da Organiza&ccedil;&atilde;o para a Coopera&ccedil;&atilde;o e Desenvolvimento Econ&ocirc;mico (OCDE) sobre a educa&ccedil;&atilde;o na pandemia.</p> <p class="texto">O estudo lembra que 1,5 bilh&atilde;o de crian&ccedil;as em 188 pa&iacute;ses do mundo ficaram fora da escola em ao menos parte do ano ado, e <a href="https://correiobraziliense-br.noticiasdeminas.net/portuguese/brasil-54066194?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">o Brasil est&aacute; entre os pa&iacute;ses que fecharam as escolas por mais tempo</a>.</p> <p class="texto">As poss&iacute;veis perdas econ&ocirc;micas derivam de dificuldades concretas. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais com a Funda&ccedil;&atilde;o Oswaldo Cruz (Fiocruz) com 9,4 mil adolescentes brasileiros, ouvidos entre junho e setembro do ano ado, apontou que 59% diziam ter falta de concentra&ccedil;&atilde;o e 47,8% afirmavam estar entendendo pouco das aulas &agrave; dist&acirc;ncia.</p> <p class="texto">Em dezembro, quando <a href="https://institutopeninsula.org.br/pesquisa-do-instituto-peninsula-aponta-60-dos-professores-acreditam-que-os-alunos-nao-evoluiram-no-aprendizado-em-2020/">o Instituto Pen&iacute;nsula entrevistou 2,9 mil professores do pa&iacute;s</a>, 60% disseram que seus alunos remotos n&atilde;o estavam evoluindo no aprendizado. E 91% acreditavam que isso aumentar&aacute; a desigualdade educacional entre os alunos mais pobres.</p> <p class="texto">Um terceiro estudo, feito com professores de pr&eacute;-escola em duas cidades pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Funda&ccedil;&atilde;o Maria Cec&iacute;lia Souto Vidigal apontou sinais de que crian&ccedil;as de 4 e 5 anos estavam com mais dificuldades de express&atilde;o oral e corporal, principalmente as mais vulner&aacute;veis, que t&ecirc;m menos oportunidades de pintar, desenhar, recortar e ouvir hist&oacute;rias dentro de casa.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/BA44/production/_117848674_8afa7d98-165a-4d3c-b86f-1144e48d30b5.jpg" alt="Aluno e professor em aula online" width="976" height="549" /><footer>Reuters</footer> <figcaption>Pesquisas apontam exaust&atilde;o de professores</figcaption> </figure> <p class="texto">S&atilde;o retratos que evidenciam as dificuldades que aguardam as redes de ensino e escolas ao longo deste ano letivo.</p> <p class="texto">"Todos trabalharam em condi&ccedil;&otilde;es muito adversas (em 2020), com muitas perdas", conclui Dussel.</p> <p class="texto">"Vamos precisar pensar em como agrupar os alunos e averiguar os que tiveram ensino m&iacute;nimo ou nulo e decidir como enfrentar essa ruptura, com aulas ou encontros extras, com anos (letivos) de transi&ccedil;&atilde;o. (...) O poder p&uacute;blico ser&aacute; fundamental para isso. Ou teremos uma situa&ccedil;&atilde;o de enorme precariedade."</p> <h3>8 - A exaust&atilde;o dos professores, em n&uacute;meros</h3> <p class="texto">Os professores se reinventaram e, em sua maioria, aprenderam novas formas de se conectar e ensinar durante a pandemia. No entanto, a experi&ecirc;ncia tem deixado muitos deles exauridos.</p> <p class="texto">"Acordo e durmo pensando nas coisas inacabadas que tenho que fazer", disse uma professora quando questionada em pesquisa da Funda&ccedil;&atilde;o Carlos Chagas no ano ado, &agrave; qual 80% dos docentes afirmaram que estavam gastando mais tempo planejando aulas, principalmente os que ensinam nos anos finais do ensino fundamental e no ensino m&eacute;dio.</p> <p class="texto">Al&eacute;m disso, a maioria deles disse que estava conciliando isso com o aumento de suas tarefas dom&eacute;sticas (ou com ajudar os pr&oacute;prios filhos nas tarefas escolares).</p> <p class="texto">Uma grande dificuldade que se apresentou nos meses finais de 2020, quando algumas redes p&uacute;blicas e privadas retomaram as atividades presenciais, foi dar conta do ensino h&iacute;brido. Alguns professores tiveram de dar aulas simultaneamente para alunos presenciais e remotos.</p> <p class="texto">"Isso exige muito do professor, desde a conex&atilde;o at&eacute; a aten&ccedil;&atilde;o dividida", explica In&eacute;s Dussel.</p> <p class="texto">O Instituto Pen&iacute;nsula tamb&eacute;m questionou os professores brasileiros quanto a seu estado de &acirc;nimo em dezembro: 53% disseram estar mais cansados do que antes.</p> <p class="texto">Mas, a despeito disso, 61% contaram que est&atilde;o motivados para ensinar em 2021.</p> <hr /> <p class="texto"><strong>J&aacute; assistiu aos nossos novos v&iacute;deos no </strong><a href="https://www.youtube.com/channel/UCthbIFAxbXTTQEC7EcQvP1Q">YouTube</a><strong>? 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Eu, Estudante 5g255w

IMPACTO

Oito lições após um ano de ensino remoto na pandemia 1e4l24

Mas um ano sem precedentes na história veio acompanhado também de lições inéditas para professores, alunos e pesquisadores 232g1h


No momento em que a alta de mortes por covid-19 no Brasil torna ainda mais complexas as discussões sobre volta às aulas presenciais, o ensino remoto continua a ser a rotina de muitas famílias — assim como não ter o à educação à distância continua a ser a realidade de grande parte da população mais vulnerável.

Mas um ano sem precedentes na história veio acompanhado também de lições inéditas para professores, alunos e pesquisadores.

A BBC News Brasil compilou alguns estudos nacionais e internacionais que ajudam a traçar um retrato da educação na pandemia para entender o que funcionou e o que ainda precisa melhorar.

1 - O enorme impacto da demora do poder público e da baixa conectividade 6t372p

O Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e o Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) avaliaram a eficiência dos planos de educação remota de Estados e capitais.

Foram analisados os meios usados para as aulas (como TV ou internet), seu alcance e qualidade entre as diversas etapas de ensino e os materiais e tecnologias oferecidos aos alunos.

Os resultados, mensurados entre março e outubro de 2020, mostram um cenário bem ruim: a nota média dos planos estaduais no Índice de Educação à Distância foi de 2,38 (de 0 a 10) e de 1,6 para os das capitais.

Chamou a atenção dos pesquisadores a demora na apresentação de um plano depois do fechamento das escolas. Em média, as capitais levaram 43 dias, e os Estados, 34.

Também faltou supervisão para verificar se alunos estavam de fato acompanhando as aulas e houve pouca oferta de formas de o, dando aparelhos ou a conexão de internet para que os estudantes conseguissem assistir às aulas online.

"A quase totalidade dos Estados decidiu pela transmissão via internet, (mas) apenas cerca de 15% deles distribuíram dispositivos e menos de 10% subsidiaram o o à internet", escrevem os pesquisadores Lorena Barberia, Luiz Cantarelli e Pedro Schmalz.

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No Brasil, poucas redes se preocuparam em fornecer meios para os alunos se conectarem

A maioria dos planos falhou em oferecer estratégias de interação com professores, e também de supervisão e estímulo à presença, concluiu o estudo.

"Este é um elemento crucial para políticas de ensino remoto, por permitir interações que considerem as necessidades e dificuldades específicas de cada aluno, sobretudo em um contexto de elevadas taxas de abandono escolar."

"Temos de cobrar do gestores que as políticas para a educação estejam na mesma velocidade da pandemia. Não podemos deixar que em meses ou semanas sem intervir e 'no próximo semestre melhoramos'", diz Barberia à BBC News Brasil.

"O que choca é, em geral, ainda não ter um plano B (entre os gestores)", acrescenta ela, citando como exemplo a interrupção das aulas na cidade de São Paulo quando, em março ado, as escolas voltaram a fechar por conta da fase emergencial no Estado.

Para Luiz Cantarelli, outros problemas graves foram a falta de coordenação nacional por parte do Ministério da Educação e os cortes orçamentários substanciais na área, que vão dificultar investimentos em o ao ensino remoto em 2021.

Cantarelli recorda que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou, por questões orçamentárias, projeto de lei aprovado no Congresso que previa investimento em o gratuito à internet para alunos e professores da rede pública.

2 - WhatsApp virou o principal meio de aula 51653f

Diante desse pouco o a planos de dados ou a dispositivos, a alternativa de muitas famílias e professores tem sido se conectar via WhatsApp.

Uma pesquisa do Instituto Península apontou que 83% dos professores mantinham contato com alunos por meio dos aplicativos de mensagens (e foi pelo WhatsApp que ocorreu a absoluta maioria das interações), muito mais do que pelas próprias plataformas de aprendizagem (34%).

Isso mostra que a imagem de um estudante fazendo aulas diante de um tablet ou notebook corresponde à realidade de um número de crianças, diz Inés Dussel, pesquisadora de educação no México que recentemente participou de um seminário virtual brasileiro sobre tecnologia e ensino, promovido pelo instituto Itaú Social.

Dussel afirma à BBC News Brasil que o mesmo fenômeno ocorreu em todo o continente. "O uso do WhatsApp foi uma grande surpresa, mas é porque não temos outras ferramentas (massificadas de conexão) na América Latina", aponta.

"A maior parte do ensino foi feita pelo celular e, geralmente, por um celular compartilhado (entre vários membros da família). Então, é algo muito desafiador."

Mas o WhatsApp tem seus limites: evidências indicam que alunos conseguem ar mais tempo de aula diante de computadores do que diante de celulares, aponta um guia de boas práticas escolares durante a pandemia elaborado pela Ofsted, a agência governamental britânica que supervisiona as escolas do país.

3- Depois de conectar, engajar com o ambiente remoto 2b6y4e

Uma revisão de estudos sobre ensino remoto na educação básica dos Estados Unidos lembra que as evidências em torno do tema são "esparsas". E, também lá, o o a dispositivos foi um grande desafio, seguido de outro: "garantir que estudantes e famílias se engajem com o ambiente de aprendizado" remoto.

"Só oferecer computador ou conectividade ou distribuir apostilas pode não ser suficiente para um engajamento produtivo", diz o estudo da Universidade do Estado da Geórgia.

"Felizmente, mensagens direcionadas ou incentivos são uma forma relativamente barata e escalável de aumentar o engajamento parental online e melhorar o desempenho dos estudantes."

Entre as estratégias que aumentaram o uso das plataformas de estudo estão o envio de mensagens que incentivavam os pais a entrar na plataforma de ensino para acompanhar o progresso dos filhos.

E conversas entre professores e as famílias para ressaltar que as tarefas ainda precisam ser entregues pelos alunos mesmo à distância.

4 - Simplicidade e foco no essencial 2o6s6c

Na avaliação da Ofsted, "não é necessário complicar em excesso os recursos (de aprendizagem) com muitos gráficos e ilustrações que não acrescentam conteúdo".

Na educação digital remota, a plataforma não deve ser muito complicada de usar, nem as aulas devem ser elaboradas demais. "A aula remota geralmente se beneficia de uma interface direta e simples", diz a agência em seu guia sobre o que funcionou melhor no ensino remoto britânico, publicado em janeiro de 2021.

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O WhatsApp foi uma ferramenta muito importante na educação na América Latina na pandemia

Sendo assim, a recomendação é "focar no básico" ao adaptar o currículo. "Cuidado para não oferecer muito conteúdo novo de uma só vez. Antes, tenha certeza de que pontos fundamentais foram entendidos plenamente. (...) Leve em conta o conhecimento ou conceitos mais importantes que os alunos precisam entender e foque neles."

Em muitos casos, diz a Ofsted, "praticar e exercitar habilidades prévias pode ser útil, como escrita à mão e aritmética simples".

5 - e colaboração são 'mais importantes do que nunca' 4g4a2w

Ainda segundo a Ofsted, embora dar um retorno aos alunos (ou ) sobre as atividades feitas à distância seja mais difícil do que no ensino presencial, é algo que ganhou ainda mais importância neste momento, por melhorar a motivação e o desempenho deles.

"É importante que os professores mantenham contato regular com os alunos. (...) Alguns habilitaram o envio de emails automáticos para perguntar em que etapa da atividade os estudantes estão. Isso também a a percepção de que os professores estão 'assistindo' enquanto os alunos aprendem remotamente", diz a agência.

Ainda em abril de 2020, no início da pandemia, a fundação britânica Endowment Education fez uma meta-análise de pesquisas prévias sobre o ensino remoto, e uma das conclusões foi sobre a importância de cultivar interações entre os estudantes mesmo quando eles não estão no mesmo ambiente físico, "como forma de motivar os alunos e melhorar seus resultados".

Inés Dussel observou a mesma coisa durante a pandemia: colaborar é importante, para alunos e professores.

"Aprendemos que precisamos dos demais: comparar estratégias, falar com outros professores e dar mais oportunidades de trabalho coletivo, mesmo que seja cada um na sua casa", afirma.

Uma das iniciativas que chamaram sua atenção foi feita em uma turma de pré-escola na Argentina: "A professora pediu que os alunos lessem os poemas e editou um vídeo com todos juntos, transformando a leitura em uma produção coletiva", explica.

Diários compartilhados da vida durante a pandemia também deram certo em muitas escolas.

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Guia britânico sugere estimular autonomia e cooperação entre alunos, para melhorar resultados do ensino remoto

Mas as iniciativas do tipo se beneficiam, em grande parte, da conexão prévia entre professores, alunos e famílias, acrescenta Dussel.

"(A pandemia) ressaltou a importância do vínculo anterior entre escolas e comunidades", diz a pesquisadora. "Nas escolas que não tinham esse vínculo, as coisas (atividades remotas colaborativas) não funcionaram tão bem."

6 - É momento de estimular autonomia e independência 3t4g2f

A Ofsted também concluiu, a partir de revisões de estudos, que é possível obter melhores resultados quando se estimula a autonomia dos estudantes no ensino remoto, claro que levando em conta suas idades e circunstâncias.

"Estimular os alunos a refletir sobre seu trabalho ou avaliar estratégias que vão usar se travarem (em alguma parte da tarefa) foram destacadas como (ações) valiosas", aponta a agência.

"Evidências mais amplas sobre metacognição e autorregulação sugerem que alunos carentes tendem a se beneficiar em particular de apoio explícito que os ajude a trabalhar de modo independente, por exemplo, criando checklists ou planejamentos diários."

Mais do que fazer aulas expositivas, é o momento de "pedir ideias e participação dos jovens", diz à BBC News Brasil Rebeca Otero, coordenadora de educação no Brasil da Unesco, braço da ONU para a educação e cultura. "Queremos formar cidadãos globais, capazes de qualificar o planeta."

Um dos exemplos citados por ela é o do Imprensa Jovem, programa criado em 2005 como uma agência de notícias formada oir alunos da rede municipal de ensino em São Paulo.

Durante a pandemia, o projeto migrou para o ambiente digital, mas manteve os alunos engajados construindo conteúdo para, entre outras coisas, combater a desinformação em torno da covid-19 e ensinar jovens a identificar notícias verdadeiras ou falsas.

"Isso incentiva seu protagonismo e sua autonomia para aprender, se comunicar e saber buscar informações", afirma Otero.

7- Para muitas crianças, o ano foi duro (e as perdas serão sentidas por toda a sociedade) 183o5x

"Embora seja difícil prever exatamente como o fechamento das escolas vai afetar o desenvolvimento futuro dos estudantes, (os economistas americano e alemão) Eric Hanushek e Ludger Woessmann estimam que estudantes da educação básica impactados pelos fechamentos podem esperar uma renda 3% menor ao longo de toda sua vida para cada três meses de ensino efetivamente perdido", diz estudo recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre a educação na pandemia.

O estudo lembra que 1,5 bilhão de crianças em 188 países do mundo ficaram fora da escola em ao menos parte do ano ado, e o Brasil está entre os países que fecharam as escolas por mais tempo.

As possíveis perdas econômicas derivam de dificuldades concretas. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com 9,4 mil adolescentes brasileiros, ouvidos entre junho e setembro do ano ado, apontou que 59% diziam ter falta de concentração e 47,8% afirmavam estar entendendo pouco das aulas à distância.

Em dezembro, quando o Instituto Península entrevistou 2,9 mil professores do país, 60% disseram que seus alunos remotos não estavam evoluindo no aprendizado. E 91% acreditavam que isso aumentará a desigualdade educacional entre os alunos mais pobres.

Um terceiro estudo, feito com professores de pré-escola em duas cidades pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal apontou sinais de que crianças de 4 e 5 anos estavam com mais dificuldades de expressão oral e corporal, principalmente as mais vulneráveis, que têm menos oportunidades de pintar, desenhar, recortar e ouvir histórias dentro de casa.

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Pesquisas apontam exaustão de professores

São retratos que evidenciam as dificuldades que aguardam as redes de ensino e escolas ao longo deste ano letivo.

"Todos trabalharam em condições muito adversas (em 2020), com muitas perdas", conclui Dussel.

"Vamos precisar pensar em como agrupar os alunos e averiguar os que tiveram ensino mínimo ou nulo e decidir como enfrentar essa ruptura, com aulas ou encontros extras, com anos (letivos) de transição. (...) O poder público será fundamental para isso. Ou teremos uma situação de enorme precariedade."

8 - A exaustão dos professores, em números 4a3b31

Os professores se reinventaram e, em sua maioria, aprenderam novas formas de se conectar e ensinar durante a pandemia. No entanto, a experiência tem deixado muitos deles exauridos.

"Acordo e durmo pensando nas coisas inacabadas que tenho que fazer", disse uma professora quando questionada em pesquisa da Fundação Carlos Chagas no ano ado, à qual 80% dos docentes afirmaram que estavam gastando mais tempo planejando aulas, principalmente os que ensinam nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.

Além disso, a maioria deles disse que estava conciliando isso com o aumento de suas tarefas domésticas (ou com ajudar os próprios filhos nas tarefas escolares).

Uma grande dificuldade que se apresentou nos meses finais de 2020, quando algumas redes públicas e privadas retomaram as atividades presenciais, foi dar conta do ensino híbrido. Alguns professores tiveram de dar aulas simultaneamente para alunos presenciais e remotos.

"Isso exige muito do professor, desde a conexão até a atenção dividida", explica Inés Dussel.

O Instituto Península também questionou os professores brasileiros quanto a seu estado de ânimo em dezembro: 53% disseram estar mais cansados do que antes.

Mas, a despeito disso, 61% contaram que estão motivados para ensinar em 2021.


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