/* 1rem = 16px, 0.625rem = 10px, 0.5rem = 8px, 0.25rem = 4px, 0.125rem = 2px, 0.0625rem = 1px */ :root { --cor: #073267; --fonte: "Roboto", sans-serif; --menu: 12rem; /* Tamanho Menu */ } @media screen and (min-width: 600px){ .site{ width: 50%; margin-left: 25%; } .logo{ width: 50%; } .hamburger{ display: none; } } @media screen and (max-width: 600px){ .logo{ width: 100%; } } p { text-align: justify; } .logo { display: flex; position: absolute; /* Tem logo que fica melhor sem position absolute*/ align-items: center; justify-content: center; } .hamburger { font-size: 1.5rem; padding-left: 0.5rem; z-index: 2; } .sidebar { padding: 10px; margin: 0; z-index: 2; } .sidebar>li { list-style: none; margin-bottom: 10px; z-index: 2; } .sidebar a { text-decoration: none; color: #fff; z-index: 2; } .close-sidebar { font-size: 1.625em; padding-left: 5px; height: 2rem; z-index: 3; padding-top: 2px; } #sidebar1 { width: var(--menu); background: var(--cor); color: #fff; } #sidebar1 amp-img { width: var(--menu); height: 2rem; position: absolute; top: 5px; z-index: -1; } .fonte { font-family: var(--fonte); } .header { display: flex; background: var(--cor); color: #fff; align-items: center; height: 3.4rem; } .noticia { margin: 0.5rem; } .assunto { text-decoration: none; color: var(--cor); text-transform: uppercase; font-size: 1rem; font-weight: 800; display: block; } .titulo { color: #333; } .autor { color: var(--cor); font-weight: 600; } .chamada { color: #333; font-weight: 600; font-size: 1.2rem; line-height: 1.3; } .texto { line-height: 1.3; } .galeria {} .retranca {} .share { display: flex; justify-content: space-around; padding-bottom: 0.625rem; padding-top: 0.625rem; } .tags { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; text-decoration: none; } .tags ul { display: flex; flex-wrap: wrap; list-style-type: disc; margin-block-start: 0.5rem; margin-block-end: 0.5rem; margin-inline-start: 0px; margin-inline-end: 0px; padding-inline-start: 0px; flex-direction: row; } .tags ul li { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; padding-inline-end: 2px; padding-bottom: 3px; padding-top: 3px; } .tags ul li a { color: var(--cor); text-decoration: none; } .tags ul li a:visited { color: var(--cor); } .citacao {} /* Botões de compartilhamento arrendodados com a cor padrão do site */ amp-social-share.rounded { border-radius: 50%; background-size: 60%; color: #fff; background-color: var(--cor); } --> { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/euestudante/trabalho-e-formacao/2022/04/5002495-maes-vivem-a-dificil-tarefa-de-conciliar-carreira-e-maternidade.html", "name": "Mães vivem a difícil tarefa de conciliar carreira e maternidade", "headline": "Mães vivem a difícil tarefa de conciliar carreira e maternidade", "alternateName": "Maternidade", "alternativeHeadline": "Maternidade", "datePublished": "2022-04-24-0306:00:00-10800", "dateModified": "2022-04-24-0306:00:00-10800", "articleBody": "<p style="text-align: justify;">A foto da senadora italiana Licia Ronzulli com sua filha beb&ecirc; no colo no parlamento europeu, voltou a viralizar recentemente, 10 anos depois que a imagem se tornou ic&ocirc;nica ao retratar a dif&iacute;cil concilia&ccedil;&atilde;o entre a vida profissional e a maternidade. "Depois de tantos anos, a concilia&ccedil;&atilde;o trabalho-fam&iacute;lia ainda &eacute; um problema para muitas mulheres, que n&atilde;o querem desistir de se realizar mesmo como m&atilde;es e ter que escolher entre filhos e carreira", escreveu a parlamentar, no Instagram, ao celebrar os quatro meses do assegno &uacute;nico, pol&iacute;tica social que garante aux&iacute;lio financeiro para fam&iacute;lias com filhos menores de idade.</p> <p style="text-align: justify;">H&aacute; dois anos, no Qu&ecirc;nia, a deputada Zuleikha Hassan recebeu tratamento bem mais ofensivo. M&atilde;e de tr&ecirc;s crian&ccedil;as, ela foi expulsa do parlamento pelo simples fato de estar com um deles no colo durante a sess&atilde;o. Escoltada para fora do plen&aacute;rio, ela disse que levou o beb&ecirc; porque n&atilde;o havia ningu&eacute;m com quem o deix&aacute;-lo e n&atilde;o quis faltar ao trabalho. Grande entrave para mulheres de todo o planeta, a ibilidade materna no ambiente de trabalho tamb&eacute;m encontra resist&ecirc;ncia no Brasil, onde quase metade das fam&iacute;lias n&atilde;o t&ecirc;m o a creches.</p> <p style="text-align: justify;"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/22/montagem_licia_ronzulli_e_zuleikha_hassan-7827370.jpg" width="1200" height="591" layout="responsive" alt="Na esquerda a senadora italiana Licia Ronzulli durante vota&ccedil;&atilde;o no parlamento europeu com sua filha no colo, no direita a deputada do Qu&ecirc;nia Zuleikha Hassan ao lado de sua beb&ecirc;."></amp-img> <figcaption>Montagem pr&oacute;pria com imagens da AFP e redes sociais - <b>Na esquerda a senadora italiana Licia Ronzulli durante vota&ccedil;&atilde;o no parlamento europeu com sua filha no colo, no direita a deputada do Qu&ecirc;nia Zuleikha Hassan ao lado de sua beb&ecirc;.</b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">No Brasil, n&atilde;o h&aacute; lei que obrigue ou pro&iacute;ba as mulheres de levar os filhos para o trabalho, quest&atilde;o que deve ser resolvida em comum acordo entre patr&otilde;es e empregados. Apenas o artigo 389 da Consolida&ccedil;&atilde;o das Leis do Trabalho (CLT) estabelece regras a respeito da maternidade, obrigando os estabelecimentos em que trabalham pelo menos 30 mulheres com mais de 16 anos a terem local apropriado para guarda e amamenta&ccedil;&atilde;o dos filhos.</p> <p style="text-align: justify;">Na regi&atilde;o Centro-Oeste, Bras&iacute;lia lidera as unidades da federa&ccedil;&atilde;o onde m&atilde;es pobres e solteiras s&atilde;o exclu&iacute;das desse tipo de atendimento, segundo estudo da Funda&ccedil;&atilde;o Maria Cecilia Souto Vidigal. A meta priorit&aacute;ria do Plano Nacional de Educa&ccedil;&atilde;o (PNE) prev&ecirc;, at&eacute; 2024, que pelo menos 50% das crian&ccedil;as com at&eacute; 3 anos tenham vagas asseguradas nessa modalidade.</p> <h3 style="text-align: justify;">Faltam creches</h3> <p style="text-align: justify;">De acordo com o estudo, a prioridade nesse processo recai sobre tr&ecirc;s grupos mais vulner&aacute;veis: fam&iacute;lias em situa&ccedil;&atilde;o de pobreza, fam&iacute;lias monoparentais e fam&iacute;lias em que o cuidador principal &eacute; economicamente ativo ou poderia ser, caso existisse a vaga. Mostra ainda que, em 2019, o &Iacute;ndice de Necessidade de Creche (INC) Brasil - desenvolvido para identificar e dimensionar a demanda por vagas em creche - foi de 42,4%. Naquele ano, entre os 11,8 milh&otilde;es de crian&ccedil;as de 0 a 3 anos no pa&iacute;s, quase 5 milh&otilde;es, precisavam de atendimento. Na regi&atilde;o Centro-Oeste o &iacute;ndice era de 37,8%. No Distrito Federal, de 40,6%.</p> <p style="text-align: justify;">Na C&acirc;mara dos Deputados, entre as 513 cadeiras, somente 77 s&atilde;o ocupadas por elas, correspondendo a parcos 15%.Mesmo precisando conciliar trabalho e maternidade, a deputada Tal&iacute;ria Petrone (PSol-RJ) foi mais uma a n&atilde;o abrir m&atilde;o de sua miss&atilde;o. Segundo ela, em 2020 exatas 198 servidoras se afastaram do trabalho no &oacute;rg&atilde;o ap&oacute;s a conclus&atilde;o do per&iacute;odo de licen&ccedil;a-maternidade. A parlamentar encaminhou of&iacute;cio ao presidente Arthur Lira (PP-AL) pedindo a instala&ccedil;&atilde;o de trocadores de fraldas em todos os banheiros da Casa, medida que, segundo ela, tem o objetivo de atender a uma importante demanda de m&atilde;es que circulam com seus filhos pelo local, tornando-o mais acolhedor.</p> <p style="text-align: justify;"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/20/675x450/1_assessoria3-7809401.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Tal&iacute;ria e Moana, ainda em fase de amamenta&ccedil;&atilde;o, na plen&aacute;ria da C&acirc;mara dos Deputados: &quot;O maternar &eacute; dif&iacute;cil e exaustivo&quot;"></amp-img> <figcaption>Divulga&ccedil;&atilde;o/Assessoria Tal&iacute;ria Petrone - <b>Tal&iacute;ria e Moana, ainda em fase de amamenta&ccedil;&atilde;o, na plen&aacute;ria da C&acirc;mara dos Deputados: &quot;O maternar &eacute; dif&iacute;cil e exaustivo&quot;</b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">"Infelizmente a solicita&ccedil;&atilde;o ainda n&atilde;o foi aceita. Essa demanda &eacute; uma pauta hist&oacute;rica do movimento feminista, em especial, de m&atilde;es. Entendemos que, devido &agrave; divis&atilde;o sexual do trabalho, al&eacute;m de dupla e tripla jornadas, muitas m&atilde;es precisam levar suas crian&ccedil;as pequenas para o emprego, sobretudo crian&ccedil;as que ainda s&atilde;o amamentadas. Portanto, essa requisi&ccedil;&atilde;o se torna muito importante. Queremos que n&atilde;o seja apenas nos banheiros femininos, mas, tamb&eacute;m, nos masculinos, assim como espa&ccedil;os para amamenta&ccedil;&atilde;o, de modo diminuir a sobrecarga das mulheres, diz a parlamentar.</p> <p style="text-align: justify;">Ela conta que sua primeira incurs&atilde;o com a pequena Moana no plen&aacute;rio foi um momento de muita apreens&atilde;o. "Est&aacute;vamos em 2021, com muitos casos de covid-19, e eu era l&iacute;der da minha bancada. Moana ainda mama, ent&atilde;o, esses momentos s&atilde;o importantes para ela e para mim. Teve gente que falou que aquele ali n&atilde;o era espa&ccedil;o para crian&ccedil;a, mas entendo que todos os espa&ccedil;os devem ser acolhedores para as m&atilde;es e suas crias",defende.</p> <p style="text-align: justify;">A parlamentar reconhece n&atilde;o ser nada f&aacute;cil a tarefa de conciliar a maternidade e o trabalho. "De uma maneira geral, o maternar &eacute; dif&iacute;cil e exaustivo. A priva&ccedil;&atilde;o do sono talvez seja uma das piores coisas. Mas isso n&atilde;o &eacute; s&oacute; para mim, s&atilde;o para todas as m&atilde;es, as que trabalham fora e dentro de casa. &Eacute; fundamental pensarmos nessas mulheres."</p> <h3 style="text-align: justify;">Deputada improvisa ber&ccedil;&aacute;rio em gabinete</h3> <p style="text-align: justify;"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/20/675x450/1__mfs1811-7808963.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt=" 20/04/2022 Cr&eacute;dito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - M&Atilde;ES QUE LEVAM FILHOS PARA O TRABALHO, Deputada Federal S&acirc;mia Bomfim como o filho Hugo."></amp-img> <figcaption> Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - <b> 20/04/2022 Cr&eacute;dito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - M&Atilde;ES QUE LEVAM FILHOS PARA O TRABALHO, Deputada Federal S&acirc;mia Bomfim como o filho Hugo.</b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">A deputada federal S&acirc;mia Bonfim (Psol-SP) se viu obrigada a adaptar seu gabinete na C&acirc;mara para levar o pequeno Hugo, hoje com 10 meses, para o trabalho. Mesas e poltronas foram exclu&iacute;das, outros mobili&aacute;rios substitu&iacute;dos, salas adaptadas e o ar austero que caracteriza aquelas reparti&ccedil;&otilde;es deu lugar a um ambiente alegre a aconchegante. At&eacute; a pia do banheiro se transformou na "banheira oficial" dos banhos di&aacute;rios.</p> <p style="text-align: justify;">S&acirc;mia revela que as principais dificuldades enfrentadas depois do parto ocorrem durante as sess&otilde;es noturnas, que varam a madrugada. Casada com o tamb&eacute;m deputado federal Glauber Braga, do mesmo partido, ela costuma contar com o apoio do companheiro de todas as horas para a dif&iacute;cil miss&atilde;o de conciliar o trabalho com a maternidade.</p> <p style="text-align: justify;">"O per&iacute;odo mais dif&iacute;cil se arrastou at&eacute; o sexto m&ecirc;s de vida do Hugo, quando ele mamava exclusivamente no peito. Era um Deus nos acuda. Agora, al&eacute;m das sess&otilde;es noturnas, vieram as frequentes viagens de ida e volta para S&atilde;o Paulo, pelo menos duas vezes por semana", diz, completando que, ao assumir a lideran&ccedil;a do partido na C&acirc;mara, a carga ficou bem mais pesada.</p> <p style="text-align: justify;">Ela revela que, durante as sess&otilde;es em que comparece com a crian&ccedil;a, muitos colegas n&atilde;o encaram a cena com naturalidade, e "alguns chegam a olhar atravessado, de cara feia". Ainda assim, diz se considerar privilegiada em poder atuar com o filho no colo, lamentando que essa prerrogativa n&atilde;o &eacute; estendida a todas as trabalhadoras. "Infelizmente, muitas mulheres s&atilde;o for&ccedil;adas a deixar o trabalho para cuidar dos filhos, e suas vidas profissionais acabam prejudicadas", diz.</p> <p style="text-align: justify;"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/20/675x450/1__mfs1968-7809057.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt=" 20/04/2022 Cr&eacute;dito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - M&Atilde;ES QUE LEVAM FILHOS PARA O TRABALHO, Deputada Federal S&acirc;mia Bomfim como o filho Hugo."></amp-img> <figcaption> Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - <b> 20/04/2022 Cr&eacute;dito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - M&Atilde;ES QUE LEVAM FILHOS PARA O TRABALHO, Deputada Federal S&acirc;mia Bomfim como o filho Hugo.</b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">S&acirc;mia ite que o melhor seria deixar o filho em uma creche, mas nenhuma delas aceita a matr&iacute;cula de crian&ccedil;as que frequentam o ambiente esporadicamente, por n&atilde;o haver, dessa forma, possibilidade de se criar um v&iacute;nculo. "Por hora, ele segue me acompanhando nas reuni&otilde;es. N&atilde;o sei como ser&aacute; quando crescer. Ou ele vai gostar muito ou vai odiar esse ambiente", brinca.</p> <p style="text-align: justify;">Na tentativa de garantir a todas as m&atilde;es a possibilidade de o a esse tipo de servi&ccedil;o e outros direitos previstos na Constitui&ccedil;&atilde;o, ela e o marido protocolaram, em maio do ano ado, projeto de lei que disp&otilde;e sobre o instituto da parentalidade em todo o pa&iacute;s. A proposta est&aacute; sendo chamada de "Estatuto da Parentalidade", e &eacute; considerada a legisla&ccedil;&atilde;o mais completa sobre o tema apresentada no Congresso at&eacute; o momento.</p> <p style="text-align: justify;">S&acirc;mia destaca que o estatuto parte do princ&iacute;pio de que o cuidado com os filhos n&atilde;o deve ser uma responsabilidade apenas da m&atilde;e, mas do n&uacute;cleo afetivo respons&aacute;vel pelo cuidado e desenvolvimento da crian&ccedil;a, considerando suas mais diversas configura&ccedil;&otilde;es. "Precisamos superar o modelo fechado no bin&ocirc;mio 'pai e m&atilde;e', dando centralidade ao v&iacute;nculo estabelecido entre as pessoas de refer&ecirc;ncia da crian&ccedil;a ou do adolescente, seja m&atilde;e solo ou fam&iacute;lia homoafetiva", afirma.</p> <p style="text-align: justify;"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/20/675x450/1__mfs2161-7809247.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt=" 20/04/2022 Cr&eacute;dito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - M&Atilde;ES QUE LEVAM FILHOS PARA O TRABALHO, Deputada Federal S&acirc;mia Bomfim como o filho Hugo."></amp-img> <figcaption> Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - <b> 20/04/2022 Cr&eacute;dito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - M&Atilde;ES QUE LEVAM FILHOS PARA O TRABALHO, Deputada Federal S&acirc;mia Bomfim como o filho Hugo.</b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">De acordo com o projeto, o elemento central para o exerc&iacute;cio da parentalidade &eacute; o estabelecimento da "licen&ccedil;a parental" em substitui&ccedil;&atilde;o &agrave;s licen&ccedil;as maternidade e paternidade. A legisla&ccedil;&atilde;o atual estabelece que a m&atilde;e pode se licenciar do trabalho por quatro meses e o pai, por apenas cinco dias, partindo do pressuposto de que o pai exerce papel secund&aacute;rio na cria&ccedil;&atilde;o e nos cuidados dos filhos. O novo estatuto define licen&ccedil;a de seis meses a at&eacute; duas pessoas de refer&ecirc;ncia para uma mesma crian&ccedil;a ou adolescente, permitindo que n&atilde;o apenas os genitores estejam habilitados para a licen&ccedil;a, como tamb&eacute;m av&oacute;s, tios, companheiros e demais pessoas que compartilham a responsabilidade por este cuidado.</p> <p style="text-align: justify;">S&acirc;mia defende tamb&eacute;m avan&ccedil;os na pol&iacute;tica de creches, com tempo ampliado e, sobretudo, noturnas, beneficiando, assim, profissionais da &aacute;rea m&eacute;dica e professores, entre outros. Ela reconhece ser uma miss&atilde;o dif&iacute;cil emplacar mat&eacute;ria desse teor na pauta de vota&ccedil;&otilde;es. "No atual contexto, acho bastante dif&iacute;cil que avance. Torcemos para que, no pr&oacute;ximo governo, tenhamos pol&iacute;ticos realmente s&eacute;rios e comprometidos com agendas positivas. Infelizmente, as leis vigentes acabam excluindo muitas mulheres pelo simples fato de n&atilde;o ter com quem deixar os filhos,diz.</p> <h3 style="text-align: justify;">Medidas de acolhimento podem ser vantajosas para as corpora&ccedil;&otilde;es</h3> <p style="text-align: justify;">Pesquisa da Funda&ccedil;&atilde;o Get&uacute;lio Vargas (FGV) revela que cerca de 50% das mulheres que saem de licen&ccedil;a-maternidade n&atilde;o retornam aos seus cargos ap&oacute;s o t&eacute;rmino do benef&iacute;cio. O estudo aponta que, em muitos casos, as empresas ainda n&atilde;o est&atilde;o preparadas para lidar com esse momento da vida de mulheres. No entanto, esse cuidado tem se tornado cada vez mais necess&aacute;rio, pois gera reflexos positivos tanto para a marca empregadora quanto para as fam&iacute;lias compreendidas por este cuidado.</p> <p style="text-align: justify;">O Carreira &amp; Mamadeira &eacute; exemplo de institui&ccedil;&atilde;o preocupada no acolhimento da fam&iacute;lia. A iniciativa tem como objetivo ajudar mulheres a planejar a chegada dos filhos sem abrir m&atilde;o de suas carreiras. A entidade tamb&eacute;m atua no mundo corporativo, auxiliando empresas que desejam criar um ambiente saud&aacute;vel para a fam&iacute;lia. "&Eacute; imprescind&iacute;vel debater a respeito da parentalidade com a presen&ccedil;a de tr&ecirc;s figuras: o pai, a m&atilde;e e a lideran&ccedil;a no local de trabalho", Leonardo Zagotta, idealizador do projeto.</p> <p style="text-align: justify;">A a&ccedil;&atilde;o busca reunir mulheres que sonham com a maternidade, mas se sentem inseguras em seguir com a decis&atilde;o, oferecendo acolhimento, escuta, troca de experi&ecirc;ncias e a&ccedil;&atilde;o a partir do momento em que elas tomam as r&eacute;deas do seu desenvolvimento como indiv&iacute;duos e profissionais. "Queremos apoiar as profissionais mulheres a planejarem a chegada dos filhos e a viverem a carreira e a maternidade com leveza e coragem", afirma Zagotta.</p> <p style="text-align: justify;">&nbsp;<div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/22/claudia_e_filha-7827550.jpg" width="1200" height="925" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Montagem com fotos do arquivo pessoal - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">A t&eacute;cnica judici&aacute;ria Cl&aacute;udia Ferreira, 45 anos, foi uma das m&atilde;es que n&atilde;o desistiu da vida profissional para cuidar dos filhos. Um dos motivos foi a oferta de um ber&ccedil;&aacute;rio em seu local de trabalho. "Me senti uma cidad&atilde; de um pa&iacute;s de Primeiro Mundo. Isso aliviou muito a minha rotina, t&atilde;o corrida. ou a n&atilde;o haver muita preocupa&ccedil;&atilde;o, com a Gabrielle sempre ao meu lado", relata.</p> <p style="text-align: justify;">Cl&aacute;udia reconhece que nem todas as gestantes e mulheres com filhos contam com esse privil&eacute;gio, mas defende a ideia de que todas as gr&aacute;vidas merecem ser beneficiadas. Al&eacute;m disso, prossegue, o relacionamento com os colegas de trabalho e superiores n&atilde;o mudou, s&oacute; se fortaleceu. "Eles me apoiavam muito, perguntavam como minha filha estava. N&atilde;o existiu nenhuma barreira entre n&oacute;s", conta.</p> <h3 style="text-align: justify;">Vantagem</h3> <p style="text-align: justify;">Mas a realidade das m&atilde;es brasileiras n&atilde;o &eacute; repleta de benef&iacute;cios. A diarista Dalilene Ferreira, 39, &eacute; uma das mulheres que enfrentaram dificuldades em conciliar o trabalho e a maternidade. Ela revela que ou por muitos obst&aacute;culos para criar os tr&ecirc;s filhos e j&aacute; precisou pedir demiss&atilde;o do emprego para cuidar da fam&iacute;lia. "Isso &eacute; ser m&atilde;e. Muitas vezes n&atilde;o existe compreens&atilde;o dos patr&otilde;es. Infelizmente, reina a desconfian&ccedil;a entre eles", diz.</p> <p style="text-align: justify;"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/20/whatsapp_image_2022_04_19_at_18_44_28-7808482.jpeg" width="1200" height="900" layout="responsive" alt="Dalilene, com as tr&ecirc;s filhas: &quot;Muitas vezes n&atilde;o existe compreens&atilde;o dos patr&otilde;es&quot; "></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Dalilene, com as tr&ecirc;s filhas: &quot;Muitas vezes n&atilde;o existe compreens&atilde;o dos patr&otilde;es&quot; </b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">A diarista afirma, no entanto, ter trabalhado para pessoas compreensivas, que entenderam a situa&ccedil;&atilde;o. Com frequ&ecirc;ncia, a credibilidade de Dalilene era questionada por parte dos empregadores se, porventura, um dos filhos adoecesse e n&atilde;o pudesse trabalhar. "Eles ficavam perguntando se meu filho estava doente mesmo. Ou ent&atilde;o diziam: 'voc&ecirc; n&atilde;o est&aacute; mentindo para n&atilde;o trabalhar?'", lembra.</p> <p style="text-align: justify;">A advogada trabalhista Mirella Franco, do GBA Advogados Associados, observa que a adapta&ccedil;&atilde;o do local de trabalho em espa&ccedil;o &iacute;vel para gestantes e crian&ccedil;as pequenas pode ser vantajoso para a empresa, uma vez que o processo de evolu&ccedil;&atilde;o profissional das funcion&aacute;rias n&atilde;o &eacute; interrompido. "Certamente, as empresas que adotarem medidas beneficiando as mulheres na fase de gesta&ccedil;&atilde;o e maternidade de primeira inf&acirc;ncia, consequentemente, ar&atilde;o a reter grandes talentos", afirma.</p> <p style="text-align: justify;">Segundo ela, ao investir em medidas de acolhimento e benef&iacute;cios, as empresas am a participar da constru&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas. "Com o aumento consider&aacute;vel do p&uacute;blico feminino na for&ccedil;a de trabalho, oferecer uma creche na empresa &eacute; indispens&aacute;vel", diz. "&Eacute; not&oacute;rio que muitas empresas, hoje, buscam medidas para acolher as gestantes e mulheres com filhos nas fases que mais demandam", completa.</p> <p style="text-align: justify;">Entre essas medidas, prossegue a advogada, existe a op&ccedil;&atilde;o de licen&ccedil;a-maternidade estendida (por um per&iacute;odo de seis meses), al&eacute;m de aux&iacute;lio creche, seguro sa&uacute;de, ber&ccedil;&aacute;rio para os funcion&aacute;rios e licen&ccedil;a paternidade de 40 dias.</p> <h3 style="text-align: justify;">Prefeita de Palmas improvisa quarto para o filho no gabinete</h3> <p style="text-align: justify;"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/20/675x450/1_prefeita_de_palmas__cinthia-7814039.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Cinthia amamenta o pequeno Vittorio no gabinete da prefeitura. O &quot;quartinho&quot; fica em anexo ao lado da sala da m&atilde;e"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Cinthia amamenta o pequeno Vittorio no gabinete da prefeitura. O &quot;quartinho&quot; fica em anexo ao lado da sala da m&atilde;e</b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">Somente depois do parto, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), 44 anos, soube que n&atilde;o teria direito &agrave; licen&ccedil;a maternidade. A Lei Org&acirc;nica do munic&iacute;pio n&atilde;o garante direito para chefe do Executivo se afastar ao dar &agrave; luz. Cinthia n&atilde;o atentou para esse detalhe, confiando nas regras da Constitui&ccedil;&atilde;o. "Para ter no&ccedil;&atilde;o do qu&atilde;o obsoleto &eacute; o material, n&atilde;o existe a palavra 'prefeita' no documento. Eles n&atilde;o cogitaram que mulheres poderiam ter filhos. N&atilde;o houve esse cuidado, n&atilde;o atentaram para essa possibilidade", diz.</p> <p style="text-align: justify;">Entretanto, essa situa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o foi motivo para ela abrir m&atilde;o de seu papel de m&atilde;e. Segundo ela, o dia a dia na prefeitura &eacute; uma correria, mas sempre existe espa&ccedil;o em agenda para ar um tempo com o pequeno Vittorio, de 5 meses. Em casa, conta com ajuda do filho Jo&atilde;o Ant&ocirc;nio, 14 anos, e de uma t&eacute;cnica de enfermagem.</p> <p style="text-align: justify;">A prefeita afirma que o per&iacute;odo inicial dedicado ao desenvolvimento do beb&ecirc; &eacute; crucial. "Esse tempo n&atilde;o volta. Fico imaginando se ele vai gostar muito de pol&iacute;tica ou detestar", diz, em tom de brincadeira.</p> <p style="text-align: justify;">Para abrigar o pequeno pr&iacute;ncipe na sede do governo municipal, ainda segundo ela, houve uma grande mobiliza&ccedil;&atilde;o de sua equipe, tanto na adapta&ccedil;&atilde;o da sala do chefe de gabinete quanto na aquisi&ccedil;&atilde;o de itens b&aacute;sicos.</p> <p style="text-align: justify;">"Eles ajudaram comprando o ber&ccedil;o, o trocador de fraldas, e eu quis dar ao ambiente uma cara de quarto de beb&ecirc;, com papel de parede e itens pessoais do meu filho. Agora, a salinha se tornou ponto tur&iacute;stico da prefeitura", revela a prefeita. Ela decidiu que, ap&oacute;s o per&iacute;odo de amamenta&ccedil;&atilde;o, o gabinete adaptado ser&aacute; mantido com todos os itens para que outras m&atilde;es que arem pela prefeitura tamb&eacute;m possam utiliz&aacute;-lo.</p> <h3 style="text-align: justify;">Saia justa</h3> <p style="text-align: justify;">Cinthia relata ter ado por situa&ccedil;&otilde;es desagrad&aacute;veis por conta da maternidade. "Fui advertida pela presidente da C&acirc;mara, que considerou inapropriado o fato de ter que me ausentar para amamentar o beb&ecirc; no local de trabalho. Recebi uma enxurrada de ofensas, como 'prefeitinha fujona', 'te vi escapando pelas portas dos fundos', e, 'se desejava amamentar, deveria sair de licen&ccedil;a-maternidade'".</p> <p style="text-align: justify;"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/20/675x450/1_prefeita_1-7816019.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">Nesta semana, durante a Marcha dos Prefeitos em Bras&iacute;lia, Cinthia vai apresentar ao Congresso Nacional a pauta da licen&ccedil;a-maternidade, que garante &agrave;s m&atilde;es o direito a levar o filho para o trabalho, independente do cargo que ocupam. "Quero que percebam que meu caso n&atilde;o &eacute; &uacute;nico, &eacute; um entre milh&otilde;es. Nossa luta &eacute; desenvolver cada vez mais pol&iacute;ticas p&uacute;blicas que favore&ccedil;am as mulheres nesse universo machista. Precisamos desse amparo e empatia, n&atilde;o queremos ser vistas como minoria", afirma.</p> <h3 style="text-align: justify;">CLT</h3> <p style="text-align: justify;">A advogada trabalhista Mirella Franco, considera extremamente grave o fato de a prefeita de Palmas n&atilde;o ter direito &agrave; licen&ccedil;a maternidade."As leis trabalhistas est&atilde;o previstas na Consolida&ccedil;&atilde;o das Leis do Trabalho, e somente quem est&aacute; contratado sob esse regime est&aacute; submetido aos regramentos da CLT. Os servidores de Palmas s&atilde;o estatut&aacute;rios, ou seja, s&atilde;o regidos por um estatuto pr&oacute;prio", diz.</p> <p style="text-align: justify;"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/png/2022/04/19/mirella_franco___gba_advogados_-7799849.png" width="400" height="590" layout="responsive" alt="Mirella Franco, advogada trabalhista afirma que o ambiente de trabalho ainda n&atilde;o se tornou um ambiente inclusivo para gestantes e mulheres com filhos pequenos."></amp-img> <figcaption>Divulga&ccedil;&atilde;o GBA Advogados - <b>Mirella Franco, advogada trabalhista afirma que o ambiente de trabalho ainda n&atilde;o se tornou um ambiente inclusivo para gestantes e mulheres com filhos pequenos.</b></figcaption> </div></p> <p style="text-align: justify;">Ela argumenta que o grande problema &eacute; que a chefe do Executivo palmense n&atilde;o est&aacute; inserida neste estatuto, e a previs&atilde;o de licen&ccedil;a maternidade deveria estar prevista na Lei Org&acirc;nica do munic&iacute;pio. "Isso &eacute; inconceb&iacute;vel. &Eacute; aquele peda&ccedil;o de retrocesso que ainda temos, pois, em muitos lugares, mulheres ainda n&atilde;o ocupam o cargo de chefe do Executivo", afirma. (M.A)</p> <p style="text-align: justify;">&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;"><em>*Estagi&aacute;ria sob a supervis&atilde;o de J&aacute;der Rezende</em></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/20/750x500/1__mfs2115-7809134.jpg?20220422164936?20220422164936", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Mariana Andrade*" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 236s1b

Eu, Estudante 5g255w

Maternidade

Mães vivem a difícil tarefa de conciliar carreira e maternidade 5x6s70

Em vários países, mães enfrentam preconceito e violência ao levar os bebês para a empresa ou repartições públicas. Brasil não tem legislação que garanta essa prática 3q91m

A foto da senadora italiana Licia Ronzulli com sua filha bebê no colo no parlamento europeu, voltou a viralizar recentemente, 10 anos depois que a imagem se tornou icônica ao retratar a difícil conciliação entre a vida profissional e a maternidade. "Depois de tantos anos, a conciliação trabalho-família ainda é um problema para muitas mulheres, que não querem desistir de se realizar mesmo como mães e ter que escolher entre filhos e carreira", escreveu a parlamentar, no Instagram, ao celebrar os quatro meses do assegno único, política social que garante auxílio financeiro para famílias com filhos menores de idade.

Há dois anos, no Quênia, a deputada Zuleikha Hassan recebeu tratamento bem mais ofensivo. Mãe de três crianças, ela foi expulsa do parlamento pelo simples fato de estar com um deles no colo durante a sessão. Escoltada para fora do plenário, ela disse que levou o bebê porque não havia ninguém com quem o deixá-lo e não quis faltar ao trabalho. Grande entrave para mulheres de todo o planeta, a ibilidade materna no ambiente de trabalho também encontra resistência no Brasil, onde quase metade das famílias não têm o a creches.

Montagem própria com imagens da AFP e redes sociais - Na esquerda a senadora italiana Licia Ronzulli durante votação no parlamento europeu com sua filha no colo, no direita a deputada do Quênia Zuleikha Hassan ao lado de sua bebê.

No Brasil, não há lei que obrigue ou proíba as mulheres de levar os filhos para o trabalho, questão que deve ser resolvida em comum acordo entre patrões e empregados. Apenas o artigo 389 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece regras a respeito da maternidade, obrigando os estabelecimentos em que trabalham pelo menos 30 mulheres com mais de 16 anos a terem local apropriado para guarda e amamentação dos filhos.

Na região Centro-Oeste, Brasília lidera as unidades da federação onde mães pobres e solteiras são excluídas desse tipo de atendimento, segundo estudo da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. A meta prioritária do Plano Nacional de Educação (PNE) prevê, até 2024, que pelo menos 50% das crianças com até 3 anos tenham vagas asseguradas nessa modalidade.

Faltam creches 6ts2e

De acordo com o estudo, a prioridade nesse processo recai sobre três grupos mais vulneráveis: famílias em situação de pobreza, famílias monoparentais e famílias em que o cuidador principal é economicamente ativo ou poderia ser, caso existisse a vaga. Mostra ainda que, em 2019, o Índice de Necessidade de Creche (INC) Brasil - desenvolvido para identificar e dimensionar a demanda por vagas em creche - foi de 42,4%. Naquele ano, entre os 11,8 milhões de crianças de 0 a 3 anos no país, quase 5 milhões, precisavam de atendimento. Na região Centro-Oeste o índice era de 37,8%. No Distrito Federal, de 40,6%.

Na Câmara dos Deputados, entre as 513 cadeiras, somente 77 são ocupadas por elas, correspondendo a parcos 15%.Mesmo precisando conciliar trabalho e maternidade, a deputada Talíria Petrone (PSol-RJ) foi mais uma a não abrir mão de sua missão. Segundo ela, em 2020 exatas 198 servidoras se afastaram do trabalho no órgão após a conclusão do período de licença-maternidade. A parlamentar encaminhou ofício ao presidente Arthur Lira (PP-AL) pedindo a instalação de trocadores de fraldas em todos os banheiros da Casa, medida que, segundo ela, tem o objetivo de atender a uma importante demanda de mães que circulam com seus filhos pelo local, tornando-o mais acolhedor.

Divulgação/Assessoria Talíria Petrone - Talíria e Moana, ainda em fase de amamentação, na plenária da Câmara dos Deputados: "O maternar é difícil e exaustivo"

"Infelizmente a solicitação ainda não foi aceita. Essa demanda é uma pauta histórica do movimento feminista, em especial, de mães. Entendemos que, devido à divisão sexual do trabalho, além de dupla e tripla jornadas, muitas mães precisam levar suas crianças pequenas para o emprego, sobretudo crianças que ainda são amamentadas. Portanto, essa requisição se torna muito importante. Queremos que não seja apenas nos banheiros femininos, mas, também, nos masculinos, assim como espaços para amamentação, de modo diminuir a sobrecarga das mulheres, diz a parlamentar.

Ela conta que sua primeira incursão com a pequena Moana no plenário foi um momento de muita apreensão. "Estávamos em 2021, com muitos casos de covid-19, e eu era líder da minha bancada. Moana ainda mama, então, esses momentos são importantes para ela e para mim. Teve gente que falou que aquele ali não era espaço para criança, mas entendo que todos os espaços devem ser acolhedores para as mães e suas crias",defende.

A parlamentar reconhece não ser nada fácil a tarefa de conciliar a maternidade e o trabalho. "De uma maneira geral, o maternar é difícil e exaustivo. A privação do sono talvez seja uma das piores coisas. Mas isso não é só para mim, são para todas as mães, as que trabalham fora e dentro de casa. É fundamental pensarmos nessas mulheres."

Deputada improvisa berçário em gabinete 12333z

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 20/04/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - MÃES QUE LEVAM FILHOS PARA O TRABALHO, Deputada Federal Sâmia Bomfim como o filho Hugo.

A deputada federal Sâmia Bonfim (Psol-SP) se viu obrigada a adaptar seu gabinete na Câmara para levar o pequeno Hugo, hoje com 10 meses, para o trabalho. Mesas e poltronas foram excluídas, outros mobiliários substituídos, salas adaptadas e o ar austero que caracteriza aquelas repartições deu lugar a um ambiente alegre a aconchegante. Até a pia do banheiro se transformou na "banheira oficial" dos banhos diários.

Sâmia revela que as principais dificuldades enfrentadas depois do parto ocorrem durante as sessões noturnas, que varam a madrugada. Casada com o também deputado federal Glauber Braga, do mesmo partido, ela costuma contar com o apoio do companheiro de todas as horas para a difícil missão de conciliar o trabalho com a maternidade.

"O período mais difícil se arrastou até o sexto mês de vida do Hugo, quando ele mamava exclusivamente no peito. Era um Deus nos acuda. Agora, além das sessões noturnas, vieram as frequentes viagens de ida e volta para São Paulo, pelo menos duas vezes por semana", diz, completando que, ao assumir a liderança do partido na Câmara, a carga ficou bem mais pesada.

Ela revela que, durante as sessões em que comparece com a criança, muitos colegas não encaram a cena com naturalidade, e "alguns chegam a olhar atravessado, de cara feia". Ainda assim, diz se considerar privilegiada em poder atuar com o filho no colo, lamentando que essa prerrogativa não é estendida a todas as trabalhadoras. "Infelizmente, muitas mulheres são forçadas a deixar o trabalho para cuidar dos filhos, e suas vidas profissionais acabam prejudicadas", diz.

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 20/04/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - MÃES QUE LEVAM FILHOS PARA O TRABALHO, Deputada Federal Sâmia Bomfim como o filho Hugo.

Sâmia ite que o melhor seria deixar o filho em uma creche, mas nenhuma delas aceita a matrícula de crianças que frequentam o ambiente esporadicamente, por não haver, dessa forma, possibilidade de se criar um vínculo. "Por hora, ele segue me acompanhando nas reuniões. Não sei como será quando crescer. Ou ele vai gostar muito ou vai odiar esse ambiente", brinca.

Na tentativa de garantir a todas as mães a possibilidade de o a esse tipo de serviço e outros direitos previstos na Constituição, ela e o marido protocolaram, em maio do ano ado, projeto de lei que dispõe sobre o instituto da parentalidade em todo o país. A proposta está sendo chamada de "Estatuto da Parentalidade", e é considerada a legislação mais completa sobre o tema apresentada no Congresso até o momento.

Sâmia destaca que o estatuto parte do princípio de que o cuidado com os filhos não deve ser uma responsabilidade apenas da mãe, mas do núcleo afetivo responsável pelo cuidado e desenvolvimento da criança, considerando suas mais diversas configurações. "Precisamos superar o modelo fechado no binômio 'pai e mãe', dando centralidade ao vínculo estabelecido entre as pessoas de referência da criança ou do adolescente, seja mãe solo ou família homoafetiva", afirma.

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 20/04/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - MÃES QUE LEVAM FILHOS PARA O TRABALHO, Deputada Federal Sâmia Bomfim como o filho Hugo.

De acordo com o projeto, o elemento central para o exercício da parentalidade é o estabelecimento da "licença parental" em substituição às licenças maternidade e paternidade. A legislação atual estabelece que a mãe pode se licenciar do trabalho por quatro meses e o pai, por apenas cinco dias, partindo do pressuposto de que o pai exerce papel secundário na criação e nos cuidados dos filhos. O novo estatuto define licença de seis meses a até duas pessoas de referência para uma mesma criança ou adolescente, permitindo que não apenas os genitores estejam habilitados para a licença, como também avós, tios, companheiros e demais pessoas que compartilham a responsabilidade por este cuidado.

Sâmia defende também avanços na política de creches, com tempo ampliado e, sobretudo, noturnas, beneficiando, assim, profissionais da área médica e professores, entre outros. Ela reconhece ser uma missão difícil emplacar matéria desse teor na pauta de votações. "No atual contexto, acho bastante difícil que avance. Torcemos para que, no próximo governo, tenhamos políticos realmente sérios e comprometidos com agendas positivas. Infelizmente, as leis vigentes acabam excluindo muitas mulheres pelo simples fato de não ter com quem deixar os filhos,diz.

Medidas de acolhimento podem ser vantajosas para as corporações h6d2

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que cerca de 50% das mulheres que saem de licença-maternidade não retornam aos seus cargos após o término do benefício. O estudo aponta que, em muitos casos, as empresas ainda não estão preparadas para lidar com esse momento da vida de mulheres. No entanto, esse cuidado tem se tornado cada vez mais necessário, pois gera reflexos positivos tanto para a marca empregadora quanto para as famílias compreendidas por este cuidado.

O Carreira & Mamadeira é exemplo de instituição preocupada no acolhimento da família. A iniciativa tem como objetivo ajudar mulheres a planejar a chegada dos filhos sem abrir mão de suas carreiras. A entidade também atua no mundo corporativo, auxiliando empresas que desejam criar um ambiente saudável para a família. "É imprescindível debater a respeito da parentalidade com a presença de três figuras: o pai, a mãe e a liderança no local de trabalho", Leonardo Zagotta, idealizador do projeto.

A ação busca reunir mulheres que sonham com a maternidade, mas se sentem inseguras em seguir com a decisão, oferecendo acolhimento, escuta, troca de experiências e ação a partir do momento em que elas tomam as rédeas do seu desenvolvimento como indivíduos e profissionais. "Queremos apoiar as profissionais mulheres a planejarem a chegada dos filhos e a viverem a carreira e a maternidade com leveza e coragem", afirma Zagotta.

 

Montagem com fotos do arquivo pessoal - .

A técnica judiciária Cláudia Ferreira, 45 anos, foi uma das mães que não desistiu da vida profissional para cuidar dos filhos. Um dos motivos foi a oferta de um berçário em seu local de trabalho. "Me senti uma cidadã de um país de Primeiro Mundo. Isso aliviou muito a minha rotina, tão corrida. ou a não haver muita preocupação, com a Gabrielle sempre ao meu lado", relata.

Cláudia reconhece que nem todas as gestantes e mulheres com filhos contam com esse privilégio, mas defende a ideia de que todas as grávidas merecem ser beneficiadas. Além disso, prossegue, o relacionamento com os colegas de trabalho e superiores não mudou, só se fortaleceu. "Eles me apoiavam muito, perguntavam como minha filha estava. Não existiu nenhuma barreira entre nós", conta.

Vantagem 5ym4y

Mas a realidade das mães brasileiras não é repleta de benefícios. A diarista Dalilene Ferreira, 39, é uma das mulheres que enfrentaram dificuldades em conciliar o trabalho e a maternidade. Ela revela que ou por muitos obstáculos para criar os três filhos e já precisou pedir demissão do emprego para cuidar da família. "Isso é ser mãe. Muitas vezes não existe compreensão dos patrões. Infelizmente, reina a desconfiança entre eles", diz.

Arquivo pessoal - Dalilene, com as três filhas: "Muitas vezes não existe compreensão dos patrões"

A diarista afirma, no entanto, ter trabalhado para pessoas compreensivas, que entenderam a situação. Com frequência, a credibilidade de Dalilene era questionada por parte dos empregadores se, porventura, um dos filhos adoecesse e não pudesse trabalhar. "Eles ficavam perguntando se meu filho estava doente mesmo. Ou então diziam: 'você não está mentindo para não trabalhar?'", lembra.

A advogada trabalhista Mirella Franco, do GBA Advogados Associados, observa que a adaptação do local de trabalho em espaço ível para gestantes e crianças pequenas pode ser vantajoso para a empresa, uma vez que o processo de evolução profissional das funcionárias não é interrompido. "Certamente, as empresas que adotarem medidas beneficiando as mulheres na fase de gestação e maternidade de primeira infância, consequentemente, arão a reter grandes talentos", afirma.

Segundo ela, ao investir em medidas de acolhimento e benefícios, as empresas am a participar da construção de políticas públicas. "Com o aumento considerável do público feminino na força de trabalho, oferecer uma creche na empresa é indispensável", diz. "É notório que muitas empresas, hoje, buscam medidas para acolher as gestantes e mulheres com filhos nas fases que mais demandam", completa.

Entre essas medidas, prossegue a advogada, existe a opção de licença-maternidade estendida (por um período de seis meses), além de auxílio creche, seguro saúde, berçário para os funcionários e licença paternidade de 40 dias.

Prefeita de Palmas improvisa quarto para o filho no gabinete j6q2c

Arquivo pessoal - Cinthia amamenta o pequeno Vittorio no gabinete da prefeitura. O "quartinho" fica em anexo ao lado da sala da mãe

Somente depois do parto, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), 44 anos, soube que não teria direito à licença maternidade. A Lei Orgânica do município não garante direito para chefe do Executivo se afastar ao dar à luz. Cinthia não atentou para esse detalhe, confiando nas regras da Constituição. "Para ter noção do quão obsoleto é o material, não existe a palavra 'prefeita' no documento. Eles não cogitaram que mulheres poderiam ter filhos. Não houve esse cuidado, não atentaram para essa possibilidade", diz.

Entretanto, essa situação não foi motivo para ela abrir mão de seu papel de mãe. Segundo ela, o dia a dia na prefeitura é uma correria, mas sempre existe espaço em agenda para ar um tempo com o pequeno Vittorio, de 5 meses. Em casa, conta com ajuda do filho João Antônio, 14 anos, e de uma técnica de enfermagem.

A prefeita afirma que o período inicial dedicado ao desenvolvimento do bebê é crucial. "Esse tempo não volta. Fico imaginando se ele vai gostar muito de política ou detestar", diz, em tom de brincadeira.

Para abrigar o pequeno príncipe na sede do governo municipal, ainda segundo ela, houve uma grande mobilização de sua equipe, tanto na adaptação da sala do chefe de gabinete quanto na aquisição de itens básicos.

"Eles ajudaram comprando o berço, o trocador de fraldas, e eu quis dar ao ambiente uma cara de quarto de bebê, com papel de parede e itens pessoais do meu filho. Agora, a salinha se tornou ponto turístico da prefeitura", revela a prefeita. Ela decidiu que, após o período de amamentação, o gabinete adaptado será mantido com todos os itens para que outras mães que arem pela prefeitura também possam utilizá-lo.

Saia justa 2ec14

Cinthia relata ter ado por situações desagradáveis por conta da maternidade. "Fui advertida pela presidente da Câmara, que considerou inapropriado o fato de ter que me ausentar para amamentar o bebê no local de trabalho. Recebi uma enxurrada de ofensas, como 'prefeitinha fujona', 'te vi escapando pelas portas dos fundos', e, 'se desejava amamentar, deveria sair de licença-maternidade'".

Arquivo pessoal - .

Nesta semana, durante a Marcha dos Prefeitos em Brasília, Cinthia vai apresentar ao Congresso Nacional a pauta da licença-maternidade, que garante às mães o direito a levar o filho para o trabalho, independente do cargo que ocupam. "Quero que percebam que meu caso não é único, é um entre milhões. Nossa luta é desenvolver cada vez mais políticas públicas que favoreçam as mulheres nesse universo machista. Precisamos desse amparo e empatia, não queremos ser vistas como minoria", afirma.

CLT 132v4d

A advogada trabalhista Mirella Franco, considera extremamente grave o fato de a prefeita de Palmas não ter direito à licença maternidade."As leis trabalhistas estão previstas na Consolidação das Leis do Trabalho, e somente quem está contratado sob esse regime está submetido aos regramentos da CLT. Os servidores de Palmas são estatutários, ou seja, são regidos por um estatuto próprio", diz.

Divulgação GBA Advogados - Mirella Franco, advogada trabalhista afirma que o ambiente de trabalho ainda não se tornou um ambiente inclusivo para gestantes e mulheres com filhos pequenos.

Ela argumenta que o grande problema é que a chefe do Executivo palmense não está inserida neste estatuto, e a previsão de licença maternidade deveria estar prevista na Lei Orgânica do município. "Isso é inconcebível. É aquele pedaço de retrocesso que ainda temos, pois, em muitos lugares, mulheres ainda não ocupam o cargo de chefe do Executivo", afirma. (M.A)

 

*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende