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Esse aprendizado a professora Deborah Silva Santos carrega desde as origens e durante toda a trajet&oacute;ria acad&ecirc;mica. Mulher, negra, formada em hist&oacute;ria e doutora em museologia, ela sabe que o ado diz muito sobre a sociedade hoje e abre janelas importantes para a constru&ccedil;&atilde;o do futuro. Hoje, al&eacute;m de professora, assume a tarefa de coordenar a rec&eacute;m-criada Secretaria de Direitos Humanos da Universidade de Bras&iacute;lia (UnB).</p> <p class="texto">O que ela descreve como o in&iacute;cio da milit&acirc;ncia no movimento negro ocorreu logo na entrada na gradua&ccedil;&atilde;o, na Pontif&iacute;cia Universidade Cat&oacute;lica de S&atilde;o Paulo (PUC-SP). "T&iacute;nhamos um grupo de alunos negros. Eu fui convidada para uma reuni&atilde;o em que todo mundo estava discutindo sobre a aus&ecirc;ncia de estudantes negros. &Eacute;ramos muitos, mas cada um num curso diferente. 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O pai, jornalista, era exce&ccedil;&atilde;o entre uma maioria de trabalhadores do setor metal&uacute;rgico. "Eu vim de uma fam&iacute;lia que sempre colocou e entendeu a quest&atilde;o do racismo. A quest&atilde;o de como &eacute;ramos vistos diferente e a hist&oacute;ria de como voc&ecirc; tem que sobreviver nesse espa&ccedil;o e entender como funciona o racismo. Vim de uma fam&iacute;lia que sempre teve essa preocupa&ccedil;&atilde;o", destaca a professora.</p> <p class="texto">Filha "do meio", Deborah re&uacute;ne mem&oacute;rias que d&atilde;o conta da raiz do racismo que invadia o cotidiano da fam&iacute;lia. "Meu pai sempre com muitos livros e a minha m&atilde;e colocando como &eacute; que a gente sobreviveria. N&atilde;o era uma quest&atilde;o de milit&acirc;ncia, mas pontos individuais: 'Saia sempre com documento, porque voc&ecirc; pode ser preso pela pol&iacute;cia', principalmente meu irm&atilde;o. 'Voc&ecirc; tem que estar sempre bem vestido para n&atilde;o ser confundido'", elenca, referindo-se ao ca&ccedil;ula, Silas Silva Santos.</p> <p class="texto">Diante da origem, ela se considera tamb&eacute;m uma exce&ccedil;&atilde;o. O pai, Waldemar Silva Santos, conseguiu concluir o ensino superior em publicidade e propaganda depois que a profiss&atilde;o original e que sempre seguiu, a de jornalista, foi oficialmente criada, j&aacute; com os filhos nascidos. Bem vestido, jornal, caderneta de anota&ccedil;&otilde;es e uma caneta na m&atilde;o, ele se apresentava ao mundo e aos filhos como refer&ecirc;ncia da import&acirc;ncia da leitura e da educa&ccedil;&atilde;o. A m&atilde;e, Antonia Silva Santos, tamb&eacute;m. Tinha apenas o equivalente ao ensino m&eacute;dio. Anos depois, j&aacute; na terceira idade, concluiu a gradua&ccedil;&atilde;o em sociologia e completou o ciclo de integrantes da fam&iacute;lia com um diploma na m&atilde;o.</p> <p class="texto">"A leitura em casa foi uma coisa que a gente sempre teve. E a educa&ccedil;&atilde;o sempre foi entendida como a possibilidade que t&iacute;nhamos de melhoria de vida. E &eacute; a que eu tenho at&eacute; hoje", observa Deborah, com olhar generoso. A chegada &agrave; gradua&ccedil;&atilde;o, portanto, ocorre nesse contexto de esclarecimento. "Est&aacute;vamos em meio &agrave; ditadura militar. Ent&atilde;o, a universidade era aquele local de movimenta&ccedil;&atilde;o e de discuss&otilde;es o tempo todo, de renascimento, e ao mesmo tempo de reorganiza&ccedil;&atilde;o do movimento negro."</p> <p class="texto">Hoje, a milit&acirc;ncia n&atilde;o se d&aacute; mais dentro de um grupo organizado, como &agrave; &eacute;poca da gradua&ccedil;&atilde;o e do mestrado na PUC. "A gente sai para as nossas lutas individuais. Quando eu ei a dar aula, eu n&atilde;o fazia parte de nenhum grupo, mas a minha milit&acirc;ncia era (&eacute;) a forma&ccedil;&atilde;o de estudantes: trazer discuss&otilde;es para dentro da universidade", pontua, indicando que a maioria dos alunos que a procuram buscando orienta&ccedil;&atilde;o de trabalhos de conclus&atilde;o de curso ou de p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o querem discutir a quest&atilde;o racial.</p> <p class="texto">Hoje, Deborah percebe um choque geracional quando se trata de escolhas profissionais. O filho, Bernardo Ferreira, 32 anos, n&atilde;o viveu a d&uacute;vida sobre se chegaria ou n&atilde;o ao ensino superior. Pelo contr&aacute;rio. Foi livre para escolher o curso que queria e at&eacute; mudar de escolha mais tarde. A trajet&oacute;ria na faculdade come&ccedil;ou com o direito e, agora, continua na gastronomia. "O importante de abrir as portas &eacute; isso: quem estudou, chegou &agrave; universidade, porque sabia que tinha que ir para a faculdade, n&atilde;o tinha nem discuss&atilde;o de que isso ava longe, j&aacute; via como normal."</p> <p class="texto"><div class="galeria-cb"> <amp-carousel class="carousel1" layout="fixed-height" height="300" type="slides"> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/11/24/750x500/1_whatsapp_image_2022_11_24_at_15_08_53-26917607.jpeg" class="contain" layout="fill" alt="Deborah Silva Santos com o filho, Bernardo. Coluna Nossos mestres" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b>Deborah Silva Santos com o filho, Bernardo. Coluna Nossos mestres</b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/11/24/750x500/1_whatsapp_image_2022_11_23_at_23_51_25-26912825.jpeg?20221124001406" class="contain" layout="fill" alt="Deborah Silva Santos, professora de museologia da Universidade de Brasília (UnB). Coluna Nossos mestres" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b>Deborah Silva Santos, professora de museologia da Universidade de Brasília (UnB). Coluna Nossos mestres</b> </figcaption> </div> </amp-carousel> </div></p> <h3>Lembran&ccedil;as e constru&ccedil;&otilde;es</h3> <p class="texto">Na p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o, Deborah descobriu a museologia, curso do qual &eacute; professora na Faculdade de Ci&ecirc;ncia da Informa&ccedil;&atilde;o da UnB. Mesmo depois de assumir a SDH, continua a dar aulas. Mais uma vez, revisitando o ado, ela encontra uma lembran&ccedil;a que a faz questionar se est&aacute; ali a raiz dessa escolha na carreira. "Meu pai trabalhava nos Di&aacute;rios Associados, que era na (Rua) Sete de Abril. E no t&eacute;rreo ali foi o come&ccedil;o do Masp (Museu de Arte de S&atilde;o Paulo). Eu lembro que ficava esperando o elevador e olhando os quadros. Fiquei pensando: 'Ser&aacute; que indiretamente isso me levou a escolher o curso?."</p> <p class="texto">Ao mesmo tempo que dava aulas de museologia &mdash; atuou em v&aacute;rias faculdades de S&atilde;o Paulo &mdash; trabalhava no museu e na biblioteca do Banespa. Mais de 15 anos depois, em 2001, a institui&ccedil;&atilde;o foi privatizada, e Deborah precisou procurar um novo emprego. "Eu vim parar em Bras&iacute;lia porque estava procurando trabalho", relata. A irm&atilde; mais velha, Magali Naves, morava na capital, e esta pareceu ser a melhor op&ccedil;&atilde;o no momento.</p> <p class="texto">O primeiro emprego no Planalto Central foi justamente no Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o, na Secretaria de Educa&ccedil;&atilde;o Superior (Sesu). &Agrave; &eacute;poca, por volta de 2004, come&ccedil;ava a ganhar for&ccedil;a a discuss&atilde;o sobre a implanta&ccedil;&atilde;o de cotas raciais nas universidades. Deborah trabalhava diretamente com o secret&aacute;rio, Nelson Maculan, no cargo de assessora de G&ecirc;nero e Ra&ccedil;a, como consultora da Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas para a Educa&ccedil;&atilde;o, a Ci&ecirc;ncia e a Cultura (Unesco). "Meu contato com a Universidade de Bras&iacute;lia come&ccedil;a nesse per&iacute;odo", refor&ccedil;a.</p> <p class="texto">A UnB foi pioneira entre as federais na ado&ccedil;&atilde;o do sistema de cotas. Em 2007, j&aacute; no fim do trabalho no minist&eacute;rio, foi selecionada para lecionar a disciplina Pensamento Negro Contempor&acirc;neo, como substituta. "Eu estava nesse processo de ser contratada. Foi quando aconteceu aquele incidente na Casa do Estudante (CEU), e a&iacute; eu fui convidada tamb&eacute;m para montar, no N&uacute;cleo de Forma&ccedil;&atilde;o da Igualdade Social, o Programa de Combate ao Racismo e &agrave; Xenofobia", explica. Ela se refere ao inc&ecirc;ndio criminoso que tomou conta do quarto de estudantes africanos na CEU, em 2007. Ap&oacute;s prestar concurso para fazer parte do quadro de efetivos em 2009, foi aprovada, e continua a carreira acad&ecirc;mica na UnB, agora em nova fun&ccedil;&atilde;o, em 2010.</p> <p class="texto"><div class="galeria-cb"> <amp-carousel class="carousel1" layout="fixed-height" height="300" type="slides"> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/11/16/750x500/1__mfs2173-26861600.jpg?20221121215112" class="contain" layout="fill" alt=" 16/11/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Professora da UnB Debora Santos," width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - <b> 16/11/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Professora da UnB Debora Santos,</b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/11/16/750x500/1__mfs2214-26861645.jpg?20221121215115" class="contain" layout="fill" alt=" 16/11/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Professora da UnB Debora Santos," width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - <b> </b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/11/16/750x500/1__mfs2311-26861720.jpg?20221121215120" class="contain" layout="fill" alt=" 16/11/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Professora da UnB Debora Santos," width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - <b> 16/11/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Professora da UnB Debora Santos,</b> </figcaption> </div> </amp-carousel> </div></p> <h3>Pioneirismo</h3> <p class="texto">Neste ano, em 6 de junho, Deborah assumiu um novo desafio na universidade. Est&aacute; &agrave; frente da Secretaria de Direitos Humanos da UnB. Instalada em uma sala provis&oacute;ria, no t&eacute;rreo da Ala Sul do Instituto Central de Ci&ecirc;ncias (ICC), onde antes funcionava a antiga Diretoria da Diversidade, a &aacute;rea tem como desafio encaminhar a&ccedil;&otilde;es que permitam a implanta&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;tica de direitos humanos da federal.</p> <p class="texto">"A universidade est&aacute; vendo os direitos humanos de uma forma mais ampliada, que &eacute; essa possibilidade, por exemplo, de incluir n&atilde;o s&oacute; a quest&atilde;o das mulheres como tamb&eacute;m a pr&oacute;pria quest&atilde;o racial nesse espa&ccedil;o de direitos humanos", resume Deborah. A discuss&atilde;o sobre essa pol&iacute;tica come&ccedil;ou ainda em 2017. No ano ado, ela foi aprovada, junto &agrave; cria&ccedil;&atilde;o da C&acirc;mara de Direitos Humanos. A secretaria &eacute; uma assessoria da Reitoria que tem a fun&ccedil;&atilde;o de propor, implementar e zelar pela Pol&iacute;tica de Direitos Humanos de forma ampliada, no atendimento &agrave;s quest&otilde;es negra e das mulheres, al&eacute;m da coordena&ccedil;&atilde;o ind&iacute;gena e LGBTQIA+.</p> <p class="texto">No momento, quatro coordenadorias comp&otilde;em a secretaria, mas essa estrutura est&aacute; em processo de amplia&ccedil;&atilde;o para atender todas as demandas e atender de forma mais efetiva os outros c&acirc;mpus.</p> <p class="texto">"Vivemos num pa&iacute;s no qual as viol&ecirc;ncias s&atilde;o dadas, n&atilde;o &eacute;? E &agrave;s vezes as pessoas n&atilde;o conseguem compreender o tanto que elas est&atilde;o ultraando (o limite). Fora isso, como tamb&eacute;m somos um espa&ccedil;o formador, precisamos formar cidad&atilde;os que saiam daqui pelo menos prontos para a mudan&ccedil;a desses espa&ccedil;os."</p> <h3>Consci&ecirc;ncia</h3> <p class="texto">A pesquisa do doutorado veio coroar um caminho coerente de trazer luz a quest&otilde;es frequentemente invisibilizadas. Na p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o pela Universidade Lus&oacute;fona de Humanidades e Tecnologia, em Lisboa, Deborah discutiu africanidades por meio de museus "n&atilde;o normativos" e apresentou a tese Museologia e Africanidades: experi&ecirc;ncias museol&oacute;gicas de mulheres negras em museus afro-brasileiros. Ela selecionou para o trabalho tr&ecirc;s museus sociais, criados pelas pr&oacute;prias comunidades e que tiveram mulheres negras como protagonistas: Ver&ocirc;nica da Paz, no Museu Capixaba; Giane Vargas, no Museu Treze de Maio, em Santa Maria (RS); e C&eacute;lia Pereira Braga, no Museu do Quilombo Mesquita, na Cidade Ocidental (GO).</p> <p class="texto">Sobre o M&ecirc;s da Consci&ecirc;ncia Negra, Deborah celebra, mas com ressalvas. Lembrar o racismo e exaltar a cultura negra apenas durante um m&ecirc;s no ano &eacute; pouco, refor&ccedil;a a professora. Ela cita como exemplo a Lei n&ordm; 10.639, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de hist&oacute;ria e cultura afro-brasileira nas escolas, e institucionaliza uma pol&iacute;tica que deveria permear a educa&ccedil;&atilde;o como um todo.</p> <p class="texto">"Essa proposta, quando surge, fazia parte de a gente estar reconstruindo um pouco o movimento negro. E isso foi assumido e virou bandeira de todos os grupos. Primeiro foi um dia e hoje a gente fala que &eacute; o m&ecirc;s, e a gente vai continuar. Porque continuamos com esse racismo que &eacute; estruturante e estrutural dentro da nossa sociedade", afirma.</p> <p class="texto">Ao lan&ccedil;ar olhar cr&iacute;tico sobre o tema, ela destaca a necessidade de um combate mais efetivo ao racismo. "&Eacute; importante relembrar e fazer discutir, mas eu gostaria que isso fosse mais a&ccedil;&otilde;es, no sentido de combate, de enfrentamento ao racismo. Como eu falei, somos ainda poucos professores, e menos ainda em cargos de lideran&ccedil;a. As mulheres negras, ent&atilde;o, menos ainda", observa, e continua: "E &eacute; uma coisa que as pessoas n&atilde;o percebem. Quando foi trazida a discuss&atilde;o sobre as cotas era muito estranho. Eu, mulher negra, me percebia como &uacute;nica dentro da sala de aula. Como &eacute; que o professor n&atilde;o conseguia perceber que ele s&oacute; tinha um estudante negro? Se a gente tem estat&iacute;sticas de que a popula&ccedil;&atilde;o negra &eacute; mais de 50%, ent&atilde;o alguma coisa est&aacute; errada."</p> <p class="texto">&nbsp;<div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> </ul> </div><br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/11/27/750x500/1_10-26933797.jpg?20221127204350?20221127204350", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Mariana Niederauer" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 7311s

Eu, Estudante 5g255w

PERFIL

Deborah Silva Santos: respeito e valorização da cultura negra 3c3g4j

Coluna Nossos mestres conta a história da professora da UnB Deborah Silva Santos: mlher, negra, formada em história e doutora em museologia b563f

A memória não deixa morrer aquilo que de mais fundamental permeia uma cultura, uma vivência, a história de uma nação. Esse aprendizado a professora Deborah Silva Santos carrega desde as origens e durante toda a trajetória acadêmica. Mulher, negra, formada em história e doutora em museologia, ela sabe que o ado diz muito sobre a sociedade hoje e abre janelas importantes para a construção do futuro. Hoje, além de professora, assume a tarefa de coordenar a recém-criada Secretaria de Direitos Humanos da Universidade de Brasília (UnB).

O que ela descreve como o início da militância no movimento negro ocorreu logo na entrada na graduação, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "Tínhamos um grupo de alunos negros. Eu fui convidada para uma reunião em que todo mundo estava discutindo sobre a ausência de estudantes negros. Éramos muitos, mas cada um num curso diferente. Então, todo mundo era único nos seus cursos", relembra.

O ensinamento sobre a importância de compartilhar ideias e desafios é reado até hoje aos alunos. "Eu falo muito com meus alunos que a gente só sobrevive na universidade se tiver um grupo, uma comunidade. Sozinho, a gente não faz", diz. "Foi nesse sentido que criamos um grupo dentro da universidade (PUC-SP), buscando o aumento de vagas, e não só isso. Na nossa universidade a gente pedia mais bolsas de estudo, já que era uma universidade particular, mas a gente buscava na verdade na época de vestibular, que não tinha vagas para todo mundo, um ensino público e gratuito. Foi essa a minha entrada no movimento negro enquanto militante", relata.

Arquivo pessoal - Deborah Silva Santos, professora de museologia da Universidade de Brasília (UnB). Coluna Nossos mestres
Arquivo pessoal - Deborah Silva Santos, professora de museologia da Universidade de Brasília (UnB). Coluna Nossos mestres
Arquivo pessoal - Deborah Silva Santos, professora de museologia da Universidade de Brasília (UnB). Coluna Nossos mestres
Fotos: Arquivo pessoal - A professora em viagem de campo; com o filho, Bernardo; com os pais; em premiação do Congresso de Iniciação científica; e em workshop em Harvard

Nascida no bairro de Santana, Zona Norte de São Paulo, ainda criança mudou-se para São Bernardo do Campo. O pai, jornalista, era exceção entre uma maioria de trabalhadores do setor metalúrgico. "Eu vim de uma família que sempre colocou e entendeu a questão do racismo. A questão de como éramos vistos diferente e a história de como você tem que sobreviver nesse espaço e entender como funciona o racismo. Vim de uma família que sempre teve essa preocupação", destaca a professora.

Filha "do meio", Deborah reúne memórias que dão conta da raiz do racismo que invadia o cotidiano da família. "Meu pai sempre com muitos livros e a minha mãe colocando como é que a gente sobreviveria. Não era uma questão de militância, mas pontos individuais: 'Saia sempre com documento, porque você pode ser preso pela polícia', principalmente meu irmão. 'Você tem que estar sempre bem vestido para não ser confundido'", elenca, referindo-se ao caçula, Silas Silva Santos.

Diante da origem, ela se considera também uma exceção. O pai, Waldemar Silva Santos, conseguiu concluir o ensino superior em publicidade e propaganda depois que a profissão original e que sempre seguiu, a de jornalista, foi oficialmente criada, já com os filhos nascidos. Bem vestido, jornal, caderneta de anotações e uma caneta na mão, ele se apresentava ao mundo e aos filhos como referência da importância da leitura e da educação. A mãe, Antonia Silva Santos, também. Tinha apenas o equivalente ao ensino médio. Anos depois, já na terceira idade, concluiu a graduação em sociologia e completou o ciclo de integrantes da família com um diploma na mão.

"A leitura em casa foi uma coisa que a gente sempre teve. E a educação sempre foi entendida como a possibilidade que tínhamos de melhoria de vida. E é a que eu tenho até hoje", observa Deborah, com olhar generoso. A chegada à graduação, portanto, ocorre nesse contexto de esclarecimento. "Estávamos em meio à ditadura militar. Então, a universidade era aquele local de movimentação e de discussões o tempo todo, de renascimento, e ao mesmo tempo de reorganização do movimento negro."

Hoje, a militância não se dá mais dentro de um grupo organizado, como à época da graduação e do mestrado na PUC. "A gente sai para as nossas lutas individuais. Quando eu ei a dar aula, eu não fazia parte de nenhum grupo, mas a minha militância era (é) a formação de estudantes: trazer discussões para dentro da universidade", pontua, indicando que a maioria dos alunos que a procuram buscando orientação de trabalhos de conclusão de curso ou de pós-graduação querem discutir a questão racial.

Hoje, Deborah percebe um choque geracional quando se trata de escolhas profissionais. O filho, Bernardo Ferreira, 32 anos, não viveu a dúvida sobre se chegaria ou não ao ensino superior. Pelo contrário. Foi livre para escolher o curso que queria e até mudar de escolha mais tarde. A trajetória na faculdade começou com o direito e, agora, continua na gastronomia. "O importante de abrir as portas é isso: quem estudou, chegou à universidade, porque sabia que tinha que ir para a faculdade, não tinha nem discussão de que isso ava longe, já via como normal."

Arquivo pessoal - Deborah Silva Santos com o filho, Bernardo. Coluna Nossos mestres
Arquivo pessoal - Deborah Silva Santos, professora de museologia da Universidade de Brasília (UnB). Coluna Nossos mestres

Lembranças e construções 1a364y

Na pós-graduação, Deborah descobriu a museologia, curso do qual é professora na Faculdade de Ciência da Informação da UnB. Mesmo depois de assumir a SDH, continua a dar aulas. Mais uma vez, revisitando o ado, ela encontra uma lembrança que a faz questionar se está ali a raiz dessa escolha na carreira. "Meu pai trabalhava nos Diários Associados, que era na (Rua) Sete de Abril. E no térreo ali foi o começo do Masp (Museu de Arte de São Paulo). Eu lembro que ficava esperando o elevador e olhando os quadros. Fiquei pensando: 'Será que indiretamente isso me levou a escolher o curso?."

Ao mesmo tempo que dava aulas de museologia — atuou em várias faculdades de São Paulo — trabalhava no museu e na biblioteca do Banespa. Mais de 15 anos depois, em 2001, a instituição foi privatizada, e Deborah precisou procurar um novo emprego. "Eu vim parar em Brasília porque estava procurando trabalho", relata. A irmã mais velha, Magali Naves, morava na capital, e esta pareceu ser a melhor opção no momento.

O primeiro emprego no Planalto Central foi justamente no Ministério da Educação, na Secretaria de Educação Superior (Sesu). À época, por volta de 2004, começava a ganhar força a discussão sobre a implantação de cotas raciais nas universidades. Deborah trabalhava diretamente com o secretário, Nelson Maculan, no cargo de assessora de Gênero e Raça, como consultora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). "Meu contato com a Universidade de Brasília começa nesse período", reforça.

A UnB foi pioneira entre as federais na adoção do sistema de cotas. Em 2007, já no fim do trabalho no ministério, foi selecionada para lecionar a disciplina Pensamento Negro Contemporâneo, como substituta. "Eu estava nesse processo de ser contratada. Foi quando aconteceu aquele incidente na Casa do Estudante (CEU), e aí eu fui convidada também para montar, no Núcleo de Formação da Igualdade Social, o Programa de Combate ao Racismo e à Xenofobia", explica. Ela se refere ao incêndio criminoso que tomou conta do quarto de estudantes africanos na CEU, em 2007. Após prestar concurso para fazer parte do quadro de efetivos em 2009, foi aprovada, e continua a carreira acadêmica na UnB, agora em nova função, em 2010.

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 16/11/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Professora da UnB Debora Santos,
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press -
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 16/11/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Professora da UnB Debora Santos,

Pioneirismo 1i5h4d

Neste ano, em 6 de junho, Deborah assumiu um novo desafio na universidade. Está à frente da Secretaria de Direitos Humanos da UnB. Instalada em uma sala provisória, no térreo da Ala Sul do Instituto Central de Ciências (ICC), onde antes funcionava a antiga Diretoria da Diversidade, a área tem como desafio encaminhar ações que permitam a implantação da política de direitos humanos da federal.

"A universidade está vendo os direitos humanos de uma forma mais ampliada, que é essa possibilidade, por exemplo, de incluir não só a questão das mulheres como também a própria questão racial nesse espaço de direitos humanos", resume Deborah. A discussão sobre essa política começou ainda em 2017. No ano ado, ela foi aprovada, junto à criação da Câmara de Direitos Humanos. A secretaria é uma assessoria da Reitoria que tem a função de propor, implementar e zelar pela Política de Direitos Humanos de forma ampliada, no atendimento às questões negra e das mulheres, além da coordenação indígena e LGBTQIA+.

No momento, quatro coordenadorias compõem a secretaria, mas essa estrutura está em processo de ampliação para atender todas as demandas e atender de forma mais efetiva os outros câmpus.

"Vivemos num país no qual as violências são dadas, não é? E às vezes as pessoas não conseguem compreender o tanto que elas estão ultraando (o limite). Fora isso, como também somos um espaço formador, precisamos formar cidadãos que saiam daqui pelo menos prontos para a mudança desses espaços."

Consciência 1n1c58

A pesquisa do doutorado veio coroar um caminho coerente de trazer luz a questões frequentemente invisibilizadas. Na pós-graduação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, em Lisboa, Deborah discutiu africanidades por meio de museus "não normativos" e apresentou a tese Museologia e Africanidades: experiências museológicas de mulheres negras em museus afro-brasileiros. Ela selecionou para o trabalho três museus sociais, criados pelas próprias comunidades e que tiveram mulheres negras como protagonistas: Verônica da Paz, no Museu Capixaba; Giane Vargas, no Museu Treze de Maio, em Santa Maria (RS); e Célia Pereira Braga, no Museu do Quilombo Mesquita, na Cidade Ocidental (GO).

Sobre o Mês da Consciência Negra, Deborah celebra, mas com ressalvas. Lembrar o racismo e exaltar a cultura negra apenas durante um mês no ano é pouco, reforça a professora. Ela cita como exemplo a Lei nº 10.639, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, e institucionaliza uma política que deveria permear a educação como um todo.

"Essa proposta, quando surge, fazia parte de a gente estar reconstruindo um pouco o movimento negro. E isso foi assumido e virou bandeira de todos os grupos. Primeiro foi um dia e hoje a gente fala que é o mês, e a gente vai continuar. Porque continuamos com esse racismo que é estruturante e estrutural dentro da nossa sociedade", afirma.

Ao lançar olhar crítico sobre o tema, ela destaca a necessidade de um combate mais efetivo ao racismo. "É importante relembrar e fazer discutir, mas eu gostaria que isso fosse mais ações, no sentido de combate, de enfrentamento ao racismo. Como eu falei, somos ainda poucos professores, e menos ainda em cargos de liderança. As mulheres negras, então, menos ainda", observa, e continua: "E é uma coisa que as pessoas não percebem. Quando foi trazida a discussão sobre as cotas era muito estranho. Eu, mulher negra, me percebia como única dentro da sala de aula. Como é que o professor não conseguia perceber que ele só tinha um estudante negro? Se a gente tem estatísticas de que a população negra é mais de 50%, então alguma coisa está errada."

 

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