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Aos 45 anos, ela ou mais tempo de vida atuando em sala de aula do que fora. Pisou numa classe como regente pela primeira vez ainda aos 17 anos, ap&oacute;s concluir a forma&ccedil;&atilde;o na antiga Escola Normal. Hoje, &eacute; a companheira dos alunos do EC 05 do Guar&aacute; na m&aacute;gica trajet&oacute;ria da alfabetiza&ccedil;&atilde;o.</p> <p class="texto">"Sabemos o quanto a leitura e a escrita s&atilde;o fundamentais na vida de uma pessoa. Ent&atilde;o, quando voc&ecirc; pega uma crian&ccedil;a, um ser pequenininho, para transformar e ver aquele crescimento, &eacute; muito emocionante", conta Andr&eacute;ia, sem conseguir conter o choro de orgulho e de alegria. "Porque, para mim, n&atilde;o &eacute; simplesmente o alfabetizar, n&atilde;o &eacute; t&atilde;o mec&acirc;nico. Alfabetiza&ccedil;&atilde;o tem muito a ver com afetividade. Se voc&ecirc; n&atilde;o tem afetividade, um v&iacute;nculo com seu aluno, n&atilde;o funciona. 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Ficava ali procurando alternativas para entender."</p> <p class="texto">O objetivo principal de vida se tornou, ent&atilde;o, fazer diferente quando chegasse a hora dela de lecionar. "A minha hist&oacute;ria de vida como professora &eacute; focada nisso: fazer com que as crian&ccedil;as n&atilde;o vivam, n&atilde;o precisem ar pelo que eu ei. Pode ser uma coisa mais leve", atesta.</p> <p class="texto">Filha do meio, Andr&eacute;ia tem uma irm&atilde; mais velha que tamb&eacute;m ou por dificuldades na escolariza&ccedil;&atilde;o. O ca&ccedil;ula &eacute; onze anos mais novo, e o elo entre os dois sempre foi intenso. "Eu me sentia a m&atilde;e dele. Eu brincava, sentava no ch&atilde;o, pois minha m&atilde;e trabalhava e n&atilde;o tinha muito tempo. Eu queria sair da escola correndo para ficar com ele, como se fosse um boneco", brinca a professora. "Mas depois virou um sentimento muito maior", celebra. Hoje, todos s&atilde;o formados em cursos superiores. 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Quando voc&ecirc; tem um olhar voltado individual para aquela crian&ccedil;a, ela sente isso, percebe que ela &eacute; importante naquele espa&ccedil;o. &Eacute; muito prazeroso", detalha Andr&eacute;ia. "E eu acredito que eu ganho muito mais do que ofere&ccedil;o. O professor tem esse estigma: ele que sabe tudo e que ensina tudo. Eu acho que uma crian&ccedil;a &eacute; capaz de te ensinar milh&otilde;es de coisas, e eles me ensinam a ser um ser humano melhor todos os dias. Foge ao curr&iacute;culo, &agrave;s habilidades, &agrave;s compet&ecirc;ncias que a gente tem que trabalhar com eles. Acredito que &eacute; atrav&eacute;s dessa mudan&ccedil;a individual, de cada um, que voc&ecirc; muda o mundo. 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Se v&atilde;o ser mais criativos, se v&atilde;o ser mais zangados, se gostam de ler ou gostam mais das artes", revela.</p> <p class="texto">A semana de aula sempre come&ccedil;a com hist&oacute;ria. Foram cerca de 30 livros trabalhados com as turmas no ano ado. "Come&ccedil;o com a rodinha na sala, eles se sentam, colocam as coisinhas deles e a&iacute; eu pergunto como foi o final de semana, se tem alguma coisa para contar. Aquele que chega triste eu vou l&aacute;, ponho no colo, pergunto se teve alguma discuss&atilde;o no carro com a fam&iacute;lia, coisas in&uacute;meras que acontecem. A&iacute; a gente come&ccedil;a a nossa aula. Eles falam tudo. Eles gostam muito de falar na vida deles, do que eles fizeram", detalha Andr&eacute;ia. Os kits de livros e de jogos recebidos pela escola s&atilde;o essenciais para dar apoio ao trabalho pedag&oacute;gico.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/01/23/675x450/1_professora_andreia_azenha_2-27307251.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Professora Andr&eacute;ia Azenha Marques com o companheiro, Francisco. Coluna Nossos mestres. Trabalho&amp;Forma&ccedil;&atilde;o Profissional"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Professora Andr&eacute;ia Azenha Marques com o companheiro, Francisco. Coluna Nossos mestres. Trabalho&amp;Forma&ccedil;&atilde;o Profissional</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Hoje, Andr&eacute;ia mora com a filha, Lav&iacute;nia Azenha Marques Douetts, 15 anos, e o companheiro Francisco de Oliveira Belchior, 53. No mesmo terreno, no Guar&aacute;, vivem os pais, Marcos Marques, 70, e Alzira Fernandes Azenha Marques, 72.</p> <p class="texto">Ela conta de forma descontra&iacute;da, mas expressando uma preocupa&ccedil;&atilde;o real, que precisa se preparar para a aposentadoria, pois vai representar o fim de um ciclo essencial em sua vida. "Eu tenho que conversar com a minha terapeuta, porque faltam cinco anos para eu me aposentar, vai ser dif&iacute;cil. Eu gosto de estar aqui. Eu n&atilde;o venho trabalhar: venho aqui fazer uma coisa que eu amo", relata. "Estar com as crian&ccedil;as &eacute; maravilhoso. A gente enfrenta problemas pessoais, que todos t&ecirc;m, mas elas trazem essa alegria."</p> <h3>A caminhada continua</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/01/29/675x450/1_1-27338560.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Professora Andr&eacute;ia Azenha Marques com alunos."></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Professora Andr&eacute;ia Azenha Marques com alunos.</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Essa &eacute; parte do caminho que Andr&eacute;ia percorre e compartilha no desafio de alfabetizar, tarefa que mobiliza redes de ensino pelo pa&iacute;s todo. Sobre essa face nacional da alfabetiza&ccedil;&atilde;o, a professora analisa que justamente o compartilhamento de experi&ecirc;ncias poderia contribuir para que todas as regi&otilde;es do pa&iacute;s alcan&ccedil;assem a mesma p&aacute;gina e at&eacute; escrevessem novos cap&iacute;tulos. "Se o Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o pegasse as experi&ecirc;ncias produtivas do Brasil e fosse reando, acho que seria um ganho maravilhoso, porque os professores, os meus colegas, s&atilde;o incr&iacute;veis", exalta.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/01/23/675x450/1_professora_andreia_azenha_3-27307267.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Professora Andr&eacute;ia Azenha Marques com alunos. Coluna Nossos mestres. Trabalho&amp;Forma&ccedil;&atilde;o Profissional"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Professora Andr&eacute;ia Azenha Marques com alunos. Coluna Nossos mestres. Trabalho&amp;Forma&ccedil;&atilde;o Profissional</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Ela refor&ccedil;a, no entanto, que para isso &eacute; preciso voca&ccedil;&atilde;o. 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Eu, Estudante 5g255w

NOSSOS MESTRES

Vocação para o acolhimento, paixão pelo ensino 54456c

Alfabetizadora do EC 05 do Guará, a professora Andréia Azenha Marques mantém há mais de 25 anos o brilho nos olhos na hora de receber cada novo aluno 6y2n3b

"Alfabetizar, para mim, é abrir as portas do mundo com uma pessoa." É assim que a professora Andréia Azenha Marques define o sentimento que se fortalece a cada dia de exercício do magistério. Aos 45 anos, ela ou mais tempo de vida atuando em sala de aula do que fora. Pisou numa classe como regente pela primeira vez ainda aos 17 anos, após concluir a formação na antiga Escola Normal. Hoje, é a companheira dos alunos do EC 05 do Guará na mágica trajetória da alfabetização.

"Sabemos o quanto a leitura e a escrita são fundamentais na vida de uma pessoa. Então, quando você pega uma criança, um ser pequenininho, para transformar e ver aquele crescimento, é muito emocionante", conta Andréia, sem conseguir conter o choro de orgulho e de alegria. "Porque, para mim, não é simplesmente o alfabetizar, não é tão mecânico. Alfabetização tem muito a ver com afetividade. Se você não tem afetividade, um vínculo com seu aluno, não funciona. Ele tem que se sentir confiante, estimulado, feliz, alegre. A escola tem que ser um lugar de aconchego, de acolhimento, de pertencimento", resume a professora, que trabalha na Secretaria de Educação há 26 anos.

A mesma emoção e empenho ela manteve até durante a pandemia, seja nos encontros virtuais, seja nos primeiros meses de retorno presencial, quando as precauções ainda eram necessárias. "Eu busco recebê-los todos os dias com abraço, com beijo, faço uma festa! Mesmo na pandemia a gente usava umas mãozinhas, dava um jeito. Eu sou muito do abraço, do afeto, pois assim eles vão se sentindo seguros." Essa é uma maneira, segundo a professora, de tornar o aprendizado mais leve. Premissa que Andréia segue à risca, e por um motivo tão nobre quanto desafiador.

Motivação especial t3d4u

Carlos Vieira/CB/D.A.Press - Coluna "Nossos Mestres". Professora Andreia Azenha, da Escola 05 do Guará.

Nascida em Brasília e criada em uma região de baixo desenvolvimento econômico — a M Norte, em Ceilândia — ela precisou quebrar as barreiras trazidas pelas dificuldades financeiras e enfrentou a falta de empatia de muitos dos professores por quem cruzou. A dificuldade se transformou em força e estímulo para fazer diferente — e melhor. "Minha mãe tinha uma formação, mas não o suficiente para me auxiliar. O meu pai também. Sou filha de taxista e minha mãe era servidora da escola", relata Andréia.

"Eu sempre tive muita dificuldade na escola, mas eu era uma pessoa que queria muito aprender", relembra. "Então, eu falava que um dia eu seria uma professora diferente. Porque os meus professores olhavam para uma turma, não olhavam para o histórico de vida, as dificuldades sociais que as pessoas enfrentavam, os problemas familiares. Não que a gente vá resolver, mas quando a gente compartilha isso, entende, compreende, é fundamental. Eu me virava para estudar. Ficava ali procurando alternativas para entender."

O objetivo principal de vida se tornou, então, fazer diferente quando chegasse a hora dela de lecionar. "A minha história de vida como professora é focada nisso: fazer com que as crianças não vivam, não precisem ar pelo que eu ei. Pode ser uma coisa mais leve", atesta.

Filha do meio, Andréia tem uma irmã mais velha que também ou por dificuldades na escolarização. O caçula é onze anos mais novo, e o elo entre os dois sempre foi intenso. "Eu me sentia a mãe dele. Eu brincava, sentava no chão, pois minha mãe trabalhava e não tinha muito tempo. Eu queria sair da escola correndo para ficar com ele, como se fosse um boneco", brinca a professora. "Mas depois virou um sentimento muito maior", celebra. Hoje, todos são formados em cursos superiores. A primogênita cursou história e o irmão, relações públicas.

Para realizar o sonho de se tornar professora, Andréia cumpria uma rotina rigorosa. A matriarca trabalhava como auxiliar de limpeza e conservação no colégio Elefante Branco, na Asa Sul, como concursada da Secretaria de Educação. A família toda saía cedo de casa para economizar a gasolina na ida ao Plano Piloto. Andréia acompanhava a mãe e até ajudava a varrer as salas. Depois de tomar café, seguia para a Escola Normal, que funcionava onde hoje está instalada a Eape (Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação).

Andréia ficou fora da primeira convocação por pouco, mas graças à insistência de uma tia, que trabalhava no local e todos os dias conferia se havia alguma desistência, conseguiu a vaga e se formou. Mais tarde, ainda concluiu o ensino superior na Universidade Católica de Brasília, para orgulho dos pais. "Foi a realização de um sonho. Desde criança eu queria ser professora. Não tinha dúvidas."

Sala de aula inclusiva 525x15

Carlos Vieira/CB/D.A.Press - Coluna "Nossos Mestres". Professora Andreia Azenha, da Escola 05 do Guará.

Depois de terminar a graduação e já como professora da rede pública de ensino, Andréia ingressou na especialização na área de inclusão escolar, diante do início do processo de atendimento de estudantes com necessidades especiais em salas de aula regulares. "Eu tinha mais dificuldade e vi que havia campos para evoluir como profissional e fazer um bom trabalho", observa.

"O que mais me envolve é essa questão de olhar para cada um. Eu não vejo uma turma. Eu vejo o Enzo, a Carla, a Fabíola: eu vejo a criança. Quando você tem um olhar voltado individual para aquela criança, ela sente isso, percebe que ela é importante naquele espaço. É muito prazeroso", detalha Andréia. "E eu acredito que eu ganho muito mais do que ofereço. O professor tem esse estigma: ele que sabe tudo e que ensina tudo. Eu acho que uma criança é capaz de te ensinar milhões de coisas, e eles me ensinam a ser um ser humano melhor todos os dias. Foge ao currículo, às habilidades, às competências que a gente tem que trabalhar com eles. Acredito que é através dessa mudança individual, de cada um, que você muda o mundo. Ainda tenho essa esperança, não perco essa vontade."

Arquivo pessoal - Professora Andréia Azenha Marques com os pais, Marcos e Alzira. Coluna Nossos mestres. Trabalho&Formação Profissional

E, com o início do ano, a professora não esconde que o frio na barriga e a curiosidade permanecem. "Quando eu recebo uma turma fico olhando os nomes e imaginando como vão ser. Se vão ser mais criativos, se vão ser mais zangados, se gostam de ler ou gostam mais das artes", revela.

A semana de aula sempre começa com história. Foram cerca de 30 livros trabalhados com as turmas no ano ado. "Começo com a rodinha na sala, eles se sentam, colocam as coisinhas deles e aí eu pergunto como foi o final de semana, se tem alguma coisa para contar. Aquele que chega triste eu vou lá, ponho no colo, pergunto se teve alguma discussão no carro com a família, coisas inúmeras que acontecem. Aí a gente começa a nossa aula. Eles falam tudo. Eles gostam muito de falar na vida deles, do que eles fizeram", detalha Andréia. Os kits de livros e de jogos recebidos pela escola são essenciais para dar apoio ao trabalho pedagógico.

Arquivo pessoal - Professora Andréia Azenha Marques com o companheiro, Francisco. Coluna Nossos mestres. Trabalho&Formação Profissional

Hoje, Andréia mora com a filha, Lavínia Azenha Marques Douetts, 15 anos, e o companheiro Francisco de Oliveira Belchior, 53. No mesmo terreno, no Guará, vivem os pais, Marcos Marques, 70, e Alzira Fernandes Azenha Marques, 72.

Ela conta de forma descontraída, mas expressando uma preocupação real, que precisa se preparar para a aposentadoria, pois vai representar o fim de um ciclo essencial em sua vida. "Eu tenho que conversar com a minha terapeuta, porque faltam cinco anos para eu me aposentar, vai ser difícil. Eu gosto de estar aqui. Eu não venho trabalhar: venho aqui fazer uma coisa que eu amo", relata. "Estar com as crianças é maravilhoso. A gente enfrenta problemas pessoais, que todos têm, mas elas trazem essa alegria."

A caminhada continua l292x

Arquivo pessoal - Professora Andréia Azenha Marques com alunos.

Essa é parte do caminho que Andréia percorre e compartilha no desafio de alfabetizar, tarefa que mobiliza redes de ensino pelo país todo. Sobre essa face nacional da alfabetização, a professora analisa que justamente o compartilhamento de experiências poderia contribuir para que todas as regiões do país alcançassem a mesma página e até escrevessem novos capítulos. "Se o Ministério da Educação pegasse as experiências produtivas do Brasil e fosse reando, acho que seria um ganho maravilhoso, porque os professores, os meus colegas, são incríveis", exalta.

Arquivo pessoal - Professora Andréia Azenha Marques com alunos. Coluna Nossos mestres. Trabalho&Formação Profissional

Ela reforça, no entanto, que para isso é preciso vocação. Na avaliação da professora, seria importante que os cursos de pedagogia ajudassem os estudantes a terem mais clareza quanto à escolha, incluindo nos currículos, por exemplo, vivências em sala de aula desde o primeiro semestre da graduação.

O trabalho é árduo, mas pode gerar frutos por muitas gerações. "Há tantos pais, tantas pessoas que têm gratidão. A mãe de uma ex-aluna que a filha ou no vestibular para direito me mandou uma foto agradecendo por tudo o que eu tinha feito. Eu fico muito emocionada com essas coisas. Essas pequenas coisas vão nutrindo a vontade da gente. Eu não sei o que eu estou plantando, mas eu sei que vai florescer."