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Os dois, conta Lopes, eram tratados como estrelas no mundo da vulcanologia.</p> <p class="texto">As impressionantes imagens que os Krafft registraram ao longo de d&eacute;cadas de trabalho est&atilde;o no document&aacute;rio <em>Vulc&otilde;es: A Trag&eacute;dia de Katia e Maurice Krafft</em>, que <a href="https://correiobraziliense-br.noticiasdeminas.net/portuguese/geral-64340283?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">concorre ao Oscar da categoria</a>. 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E, como um vulc&atilde;o &eacute; maior do que os homens, sentimos que era o que precis&aacute;vamos. Algo al&eacute;m da compreens&atilde;o humana", disse Maurice em uma entrevista mostrada no document&aacute;rio. Ele era considerado mais "midi&aacute;tico" do que Katia.</p> <p class="texto">Era um per&iacute;odo do p&oacute;s-guerra, com grande avan&ccedil;o cient&iacute;fico. Em 1967, as <a href="https://correiobraziliense-br.noticiasdeminas.net/portuguese/internacional-41976608?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">placas tect&ocirc;nicas foram descobertas</a>, permitindo entender intrigantes mist&eacute;rios da natureza, como os terremotos e a forma&ccedil;&atilde;o de vulc&otilde;es.</p> <p class="texto">Na Isl&acirc;ndia, em 1968, os Kraffts tiveram a primeira experi&ecirc;ncia juntos na explora&ccedil;&atilde;o de vulc&otilde;es. A partir dali, come&ccedil;aram a registrar erup&ccedil;&otilde;es em v&iacute;deo e fotos &mdash; o que acabaria se tornando uma fonte de renda do casal, que ou a vida viajando.</p> <p class="texto">"Quando voc&ecirc; v&ecirc; uma erup&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o consegue mais viver sem, porque &eacute; t&atilde;o grandiosa, t&atilde;o forte, que temos um sentimento de insignific&acirc;ncia", explicava Katia. Dois anos depois, se casaram e escolheram n&atilde;o ter filhos.</p> <p class="texto">"Eles n&atilde;o poderiam fazer o que fizeram se n&atilde;o fosse o outro. 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E aram a querer chegar cada vez mais perto.</p> <p class="texto">Para Rosaly Lopes, o casal, mesmo que n&atilde;o se destacasse pela produ&ccedil;&atilde;o acad&ecirc;mica em si, deixou um grande legado cient&iacute;fico e para a humanidade.</p> <p class="texto">As filmagens que mostram lava, explos&otilde;es e fluxos pirocl&aacute;sticos (a mistura de g&aacute;s, mat&eacute;ria vulc&acirc;nica, cinzas e fragmentos de rocha expelida nas erup&ccedil;&otilde;es) rodaram o mundo e foram usadas por pesquisadores para entender e criar modelos sobre o comportamento dos vulc&otilde;es.</p> <p class="texto">Os dois tamb&eacute;m traziam material "jovem" expelido nas erup&ccedil;&otilde;es para estudos em laborat&oacute;rios geof&iacute;sicos.</p> <p class="texto">"Mas acho que o legado principal &eacute; de educa&ccedil;&atilde;o, de ensinar que vulc&otilde;es s&atilde;o muito bonitos, por&eacute;m perigosos. E tamb&eacute;m que, &agrave;s vezes, voc&ecirc; pode ir a um vulc&atilde;o, perto da lava, sem correr muito risco", diz Lopes, que escreveu um livro sobre as possibilidades de se fazer turismo em &aacute;reas com atividade vulc&acirc;nica.</p> <figure><img src="https://ichef.bbci.co.uk/news/raw/sprodpb/3728/live/a8c96420-ae2f-11ed-8f65-71bfa0525ce3.jpg" alt="Maurice e Katia sorrindo numa mesa de escrit&oacute;rio" width="1920" height="1080" /><footer>INA/Divulga&ccedil;&atilde;o</footer> <figcaption>Imagens de arquivo s&atilde;o mostradas no document&aacute;rio "Fire of Love"</figcaption> </figure> <h3>'Isso vai me matar, mas n&atilde;o me importo'</h3> <p class="texto">Katia e Maurice adotaram duas classifica&ccedil;&otilde;es para vulc&otilde;es.&nbsp;Os "vermelhos" seriam aqueles em que h&aacute; os "rios" de lava e sem fortes explos&otilde;es. Eram esses, menos perigosos, que os Krafft se dedicaram inicialmente a explorar.</p> <p class="texto">J&aacute; os "cinzas" eram os explosivos, que acumulam press&atilde;o e calor at&eacute; sua libera&ccedil;&atilde;o catacl&iacute;smica. Eram os chamados de "assassinos", menos conhecidos e mais dif&iacute;ceis de ar.</p> <p class="texto">Ap&oacute;s a erup&ccedil;&atilde;o do vulc&atilde;o "cinza" do Monte Santa Helena, nos Estados Unidos, que deixou 57 mortos em 1980, o casal decidiu mudar o foco de suas expedi&ccedil;&otilde;es para esses mais arriscados.</p> <p class="texto">Elas foram atr&aacute;s de erup&ccedil;&otilde;es no Alasca (Estados Unidos), Indon&eacute;sia e Col&ocirc;mbia, onde registram o rastro de destrui&ccedil;&atilde;o da trag&eacute;dia em Armero.</p> <p class="texto">Em junho 1991, eles receberam a informa&ccedil;&atilde;o de que o monte Unzen, no Jap&atilde;o, entraria em erup&ccedil;&atilde;o. Eles viajaram ao pa&iacute;s e foram ao encontro de mais uma miss&atilde;o - sua &uacute;ltima.</p> <p class="texto">Na ocasi&atilde;o, Katia e Maurice decidiram se manter a uma dist&acirc;ncia que acreditavam ser segura, com outros cientistas, jornalistas e bombeiros. Mas um fluxo pirocl&aacute;stico muito mais forte do que o esperado levou &agrave; morte de 43 pessoas, incluindo o casal.</p> <p class="texto">As marcas no solo depois da trag&eacute;dia indicaram que Katia e Maurice estavam perto um do outro.&nbsp;Nas imagens mostradas no document&aacute;rio, h&aacute; a men&ccedil;&atilde;o a um texto em que Maurice escreveu que preferia uma "vida intensa e curta que longa e mon&oacute;tona", justificando sua ca&ccedil;a aos vulc&otilde;es. 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Eu, Estudante 5g255w

Vulcanologia

A história do casal 'caçador' de vulcões que virou filme indicado ao Oscar 2ae6k

Indicado na categoria documentário, 'Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft', narra a saga dos vulcanólogos mortos ao registrar a força da erupção do Monte Unzen, no Japão 2m3n6z

Image'Est/Divulgação
Vida de Maurice e Katia Krafft é contada em documentário que concorre ao Oscar

Em 1985, um episódio marcou a vida do casal de vulcanólogos Katia e Maurice Krafft. A erupção do Nevado del Ruiz, na Colômbia, deixou mais de 23 mil mortos, numa das maiores tragédias causadas por vulcões da história.

A cidade de Armero foi completamente soterrada e, literalmente, deixou de existir, após a erupção derreter as geleiras da montanha e gerar os chamados lahars — uma avalanche de lama, terra e detritos vulcânicos.

Na época, especialistas em vulcões tentaram alertar autoridades sobre riscos da iminente erupção e da necessidade de evacuar cidades, mas não foram ouvidos.

Maurice e Katia, que já haviam ganhado fama no mundo por "caçarem" e registrarem vulcões em todos os continentes, fizeram coro ao aviso. Mas também não foi suficiente.

"Ficamos com vergonha de nos considerarmos vulcanólogos", disse Katia em entrevistas na época. "Meu sonho é que vulcões deixem de matar", afirmou Maurice.

Abalado pela tragédia, o casal decidiu que precisava fazer mais do que já faziam — ou seja, gravar de perto atividades vulcânicas ameaçadoras para, assim, demonstrar o poder destrutivo e convencer autoridades sobre os riscos.

Em junho de 1991, eles viajaram ao Japão para registrar a força da erupção do Monte Unzen. Nas últimas imagens em que aparecem com vida, Katia e Maurice olham para a montanha, ao lado da câmera. Eles morreram minutos depois, ele aos 45 anos, ela aos 49. Os corpos foram encontrados lado a lado.

"Todos nós sabíamos que eles iam morrer em um vulcão, e eles mesmo sabiam", disse à BBC News Brasil a brasileira Rosaly Lopes, astrônoma e vulcanóloga da Nasa que conheceu o casal em palestras e eventos. Os dois, conta Lopes, eram tratados como estrelas no mundo da vulcanologia.

As impressionantes imagens que os Krafft registraram ao longo de décadas de trabalho estão no documentário Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft, que concorre ao Oscar da categoria. No Brasil, é possível assistir à produção dirigida por Sara Dosa pelo serviço de streaming Disney+.

Image'Est/Divulgação
Casal recolhia amostras de material vulcânico para pesquisas

Amor pelo fogo 4wep

Foi em 1966, quando frequentavam a Universidade de Estrasburgo, na França, que Katia e Maurice se conheceram. Ela, geoquímica; ele, geólogo. Mas logo descobriram um interesse em comum: vulcões.

"Começamos na vulcanologia porque estávamos decepcionados com a humanidade. E, como um vulcão é maior do que os homens, sentimos que era o que precisávamos. Algo além da compreensão humana", disse Maurice em uma entrevista mostrada no documentário. Ele era considerado mais "midiático" do que Katia.

Era um período do pós-guerra, com grande avanço científico. Em 1967, as placas tectônicas foram descobertas, permitindo entender intrigantes mistérios da natureza, como os terremotos e a formação de vulcões.

Na Islândia, em 1968, os Kraffts tiveram a primeira experiência juntos na exploração de vulcões. A partir dali, começaram a registrar erupções em vídeo e fotos — o que acabaria se tornando uma fonte de renda do casal, que ou a vida viajando.

"Quando você vê uma erupção, não consegue mais viver sem, porque é tão grandiosa, tão forte, que temos um sentimento de insignificância", explicava Katia. Dois anos depois, se casaram e escolheram não ter filhos.

"Eles não poderiam fazer o que fizeram se não fosse o outro. Eles tinham um relacionamento entre os dois, e entre eles e os vulcões", diz a vulcanóloga Rosaly Lopes.

Image'Est/Divulgação
Filme mostra a paixão de Katia Krafft pelos vulcões

Além da venda de parte do material audiovisual, Katia e Maurice filmavam todas as expedições com a intenção de rever as erupções e estudá-las. E aram a querer chegar cada vez mais perto.

Para Rosaly Lopes, o casal, mesmo que não se destacasse pela produção acadêmica em si, deixou um grande legado científico e para a humanidade.

As filmagens que mostram lava, explosões e fluxos piroclásticos (a mistura de gás, matéria vulcânica, cinzas e fragmentos de rocha expelida nas erupções) rodaram o mundo e foram usadas por pesquisadores para entender e criar modelos sobre o comportamento dos vulcões.

Os dois também traziam material "jovem" expelido nas erupções para estudos em laboratórios geofísicos.

"Mas acho que o legado principal é de educação, de ensinar que vulcões são muito bonitos, porém perigosos. E também que, às vezes, você pode ir a um vulcão, perto da lava, sem correr muito risco", diz Lopes, que escreveu um livro sobre as possibilidades de se fazer turismo em áreas com atividade vulcânica.

INA/Divulgação
Imagens de arquivo são mostradas no documentário "Fire of Love"

'Isso vai me matar, mas não me importo' 3h3e3h

Katia e Maurice adotaram duas classificações para vulcões. Os "vermelhos" seriam aqueles em que há os "rios" de lava e sem fortes explosões. Eram esses, menos perigosos, que os Krafft se dedicaram inicialmente a explorar.

Já os "cinzas" eram os explosivos, que acumulam pressão e calor até sua liberação cataclísmica. Eram os chamados de "assassinos", menos conhecidos e mais difíceis de ar.

Após a erupção do vulcão "cinza" do Monte Santa Helena, nos Estados Unidos, que deixou 57 mortos em 1980, o casal decidiu mudar o foco de suas expedições para esses mais arriscados.

Elas foram atrás de erupções no Alasca (Estados Unidos), Indonésia e Colômbia, onde registram o rastro de destruição da tragédia em Armero.

Em junho 1991, eles receberam a informação de que o monte Unzen, no Japão, entraria em erupção. Eles viajaram ao país e foram ao encontro de mais uma missão - sua última.

Na ocasião, Katia e Maurice decidiram se manter a uma distância que acreditavam ser segura, com outros cientistas, jornalistas e bombeiros. Mas um fluxo piroclástico muito mais forte do que o esperado levou à morte de 43 pessoas, incluindo o casal.

As marcas no solo depois da tragédia indicaram que Katia e Maurice estavam perto um do outro. Nas imagens mostradas no documentário, há a menção a um texto em que Maurice escreveu que preferia uma "vida intensa e curta que longa e monótona", justificando sua caça aos vulcões. E Katia, em certo ponto, disse: "Se ele morrer, prefiro ir com ele".