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Nela, o estudante observa uma frase como, por exemplo:</p> <p class="texto">"O aluno pediu para mudar de acento porque n&atilde;o conseguia enchergar a louza" - o coreto &eacute; assento e lousa.</p> <p class="texto">Neste caso, a apresenta&ccedil;&atilde;o das palavras com grafia incorreta dificulta a detec&ccedil;&atilde;o de padr&otilde;es regulares, impedindo sua observa&ccedil;&atilde;o e armazenamento. 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Todos n&oacute;s fizemos ditado ao longo da nossa vida escolar e, neste exato momento, certamente muitos estudantes est&atilde;o fazendo este exerc&iacute;cio.</p> <p class="texto">Al&eacute;m da sua alta exig&ecirc;ncia cognitiva e da grande dificuldade de atender &agrave; diversidade em sala de aula, &eacute; preciso acrescentar uma limita&ccedil;&atilde;o fundamental: o ditado &eacute; uma atividade de avalia&ccedil;&atilde;o e n&atilde;o de ensinamento.</p> <p class="texto">Se o estudante conhecer bem as palavras que est&atilde;o sendo ditadas, ele ir&aacute; escrev&ecirc;-las corretamente. Mas, se elas n&atilde;o estiverem previamente armazenadas, o ditado n&atilde;o ir&aacute; servir para fix&aacute;-las na mem&oacute;ria. &Eacute; uma atividade did&aacute;tica pouco eficaz.</p> <p class="texto">Quando empregamos o ditado (na sua vers&atilde;o tradicional, em que o docente l&ecirc; em voz alta um texto que ainda n&atilde;o havia sido apresentado aos estudantes), n&atilde;o estamos ensinando ortografia. Estamos apenas avaliando o conhecimento ortogr&aacute;fico dos alunos.</p> <p class="texto">E, na escola, devemos tentar ensinar muito e avaliar pouco, n&atilde;o o contr&aacute;rio.</p> <h2>Estrat&eacute;gias eficazes</h2> <p class="texto">&Eacute; preciso recordar que o nosso c&eacute;rebro n&atilde;o entende a ortografia, mas apenas o que &eacute; repetido com frequ&ecirc;ncia.</p> <p class="texto">Por isso, a premissa do ensino da ortografia &eacute; oferecer &agrave;s crian&ccedil;as exemplos corretos das palavras que elas precisam aprender.</p> <p class="texto">Al&eacute;m disso, &eacute; necess&aacute;rio apresentar esses exemplos de forma repetida, para estimular, potencializar e facilitar o desenvolvimento adequado dos processos de aprendizado estat&iacute;stico.</p> <p class="texto">Neste sentido, &eacute; importante garantir apresenta&ccedil;&otilde;es repetidas das palavras mais complexas do ponto de vista ortogr&aacute;fico, ou seja, palavras que o estudante precisa empregar muito no seu dia a dia, mas que possuem ortografia complexa.</p> <p class="texto">Um exemplo de paradigma &eacute; o verbo "haver" &ndash; e sua semelhan&ccedil;a com o par&ocirc;nimo "a ver", que tanta dor de cabe&ccedil;a costuma causar entre os estudantes.</p> <p class="texto">Uma atividade bastante f&aacute;cil de ser aplicada &eacute; a chamada "caixa de palavras". Esta t&eacute;cnica consiste em criar uma caixa, na qual os alunos v&atilde;o incluindo palavras dif&iacute;ceis, cada uma em um cart&atilde;o separado.</p> <p class="texto">Assim, eles ter&atilde;o essas palavras sempre &iacute;veis e poder&atilde;o observ&aacute;-las com frequ&ecirc;ncia. E, quando os alunos as escreverem corretamente, poder&atilde;o retir&aacute;-las da caixa, abrindo espa&ccedil;o para aprender novas palavras.</p> <p class="texto">No caso de express&otilde;es hom&oacute;fonas, como "haver" e "a ver", podemos acrescentar esta informa&ccedil;&atilde;o ao cart&atilde;o, ou qualquer outro dado que considerarmos estimulante para o aprendizado profundo, como eventuais regras que facilitem a memoriza&ccedil;&atilde;o ou palavras derivadas que mant&ecirc;m ou n&atilde;o aquela complexidade ortogr&aacute;fica.</p> <figure><img src="https://ichef.bbci.co.uk/news/raw/sprodpb/ebe9/live/2ba163e0-192b-11ef-b5cc-cb8b8c4cef5a.jpg" alt="Menino de pele parda visto de dentro de uma caixa de papel&atilde;o" width="800" height="533" /><footer>Getty Images</footer> <figcaption>A "caixa de palavras" &eacute; uma boa estrat&eacute;gia para superar dificuldades de ortografia</figcaption> </figure> <h2>Separar a ortografia das demais habilidades</h2> <p class="texto">&Eacute; importante sermos espec&iacute;ficos, abordando a ortografia de forma independente do restante das habilidades de escrita.</p> <p class="texto">Quando nosso foco for colocar ideias em ordem, usar conectores ou revisar textos, &eacute; recomend&aacute;vel deixar a ortografia de lado. Se quisermos que os estudantes melhorem sua gram&aacute;tica, sintaxe, planejamento e ortografia ao mesmo tempo, muito provavelmente n&atilde;o conseguiremos aperfei&ccedil;oar nenhum destes aspectos.</p> <p class="texto">Por isso, se o nosso objetivo for a ortografia, vamos nos concentrar unicamente nela.</p> <p class="texto">Neste sentido, complementando a apresenta&ccedil;&atilde;o correta e frequente das palavras impulsionadas pelo aprendizado estat&iacute;stico, tamb&eacute;m &eacute; ben&eacute;fico ensinar explicitamente as regras ortogr&aacute;ficas ("os prefixos 'p&oacute;s', 'pr&eacute;' e 'pr&oacute;' exigem h&iacute;fen", por exemplo). Este &eacute; um exemplo de pr&aacute;tica tradicional recomend&aacute;vel.</p> <p class="texto">Uma alternativa ao ditado tradicional &eacute; a "c&oacute;pia diferida". Ela consiste em apresentar aos alunos uma frase que contenha dificuldades ortogr&aacute;ficas e explic&aacute;-las, pedindo em seguida que eles escrevam aquela frase.</p> <p class="texto">Cada complexidade ortogr&aacute;fica escrita corretamente &eacute; refor&ccedil;ada com pontos e os alunos t&ecirc;m a oportunidade de voltar a escrev&ecirc;-la, se desejarem obter a pontua&ccedil;&atilde;o m&aacute;xima.</p> <ul> <li><a href="https://correiobraziliense-br.noticiasdeminas.net/portuguese/vert-cap-44283072?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">Por que escrever corretamente ainda &eacute; importante para conseguir empregos e evitar conflitos</a></li> <li><a href="https://correiobraziliense-br.noticiasdeminas.net/portuguese/geral-43265788?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">Os 10 erros de portugu&ecirc;s mais cometidos pelos brasileiros</a></li> <li><a href="https://correiobraziliense-br.noticiasdeminas.net/portuguese/articles/c4n2407xprvo?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">Por que algumas pessoas escrevem de tr&aacute;s para frente</a></li> </ul> <h2>Minimizar a possibilidade de erro</h2> <p class="texto">A leitura pode melhorar a ortografia, exatamente porque ela nos exp&otilde;e a muitas palavras de uso frequente, escritas corretamente.</p> <p class="texto">Mas, com as palavras menos frequentes, &eacute; necess&aacute;rio refor&ccedil;&aacute;-las com estrat&eacute;gias em sala de aula. Ler muito pode ser o melhor para escrever corretamente, mas os alunos mais jovens n&atilde;o tiveram tempo de leitura suficiente. Por isso, eles precisam de apoio e refor&ccedil;o durante as aulas.</p> <p class="texto">Por fim, precisamos considerar que, como explica a pesquisadora espanhola Mercedes Rueda, os professores deveriam minimizar a possibilidade de erros na escrita &ndash; e, se eles ocorrerem, oferecer retroalimenta&ccedil;&atilde;o imediata.</p> <p class="texto">N&atilde;o devemos esperar que a crian&ccedil;a se engane, precisamos antecip&aacute;-la. Se uma crian&ccedil;a perguntar "professor, 'hiena' tem 'h'?", n&atilde;o devemos responder "o que voc&ecirc; acha? como parece melhor?"</p> <p class="texto">O mais eficaz &eacute; responder claramente &agrave; pergunta, sem titubear, expondo a forma ortogr&aacute;fica correta da palavra. Devemos responder claramente: "sim, &eacute; com 'h'". E s&oacute;.</p> <p class="texto"><em>* Gracia Jim&eacute;nez Fern&aacute;ndez &eacute; professora titular do Departamento de Psicologia Evolutiva e Educa&ccedil;&atilde;o da Universidade de Granada, na Espanha.</em></p> <p class="texto"><em>Este artigo foi publicado originalmente no site de not&iacute;cias acad&ecirc;micas </em><a href="https://theconversation.com/"><em>The Conversation</em></a><em> e republicado sob licen&ccedil;a Creative Commons. Leia aqui a </em><a href="https://theconversation.com/por-que-los-dictados-tradicionales-no-ensenan-ortografia-229935"><em>vers&atilde;o original em espanhol.</em></a></p> <p class="texto"><img src="https://a1.api.bbc.co.uk/hit.xiti/?s=598346&amp;p=portuguese.articles.c888wlz0pz0o.page&amp;x1=%5Burn%3Abbc%3Aoptimo%3Aasset%3Ac888wlz0pz0o%5D&amp;x4=%5Bpt-br%5D&amp;x5=%5Bhttps%3A%2F%2Fcorreiobraziliense-br.noticiasdeminas.net%2Fportuguese%2Farticles%2Fc888wlz0pz0o%5D&amp;x7=%5Barticle%5D&amp;x8=%5Bsynd_nojs_ISAPI%5D&amp;x9=%5BPor+que+ditados+n%C3%A3o+ajudam+crian%C3%A7as+a+aprender+palavras+e+outros+erros+frequentes+no+ensino+de+ortografia%5D&amp;x11=%5B2024-05-24T10%3A01%3A51.397Z%5D&amp;x12=%5B2024-05-24T10%3A01%3A51.397Z%5D&amp;x19=%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D" /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/05/24/675x450/1_12052570_192b_11ef_baa7_25d483663b8e-37381659.jpg?20240524070352?20240524070352", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Gracia Jiménez Fernández - The Conversation*" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 4z75g

Eu, Estudante 5g255w

ALFABETIZAÇÃO

Por que ditados não ajudam crianças a aprender palavras e outros erros frequentes no ensino de ortografia 5o4845

Existem técnicas tradicionais de ensino de  ortografia  que não são apenas ineficazes. Elas podem até ser prejudiciais. Como isso é possível? 2g1ft

Existem técnicas tradicionais de ensino de ortografia que não são apenas ineficazes. Elas podem até ser prejudiciais. Como isso é possível?

Um dos mecanismos utilizados pelo nosso cérebro para aprender a ler e escrever é o chamado "aprendizado estatístico" ou implícito.

Este tipo de aprendizado começa logo que nascemos. Ele se baseia na detecção de padrões regulares em acontecimentos verificados com frequência.

Resumidamente, nós armazenamos o que se apresenta de forma repetida porque nosso cérebro interpreta que isso é importante para nos adaptarmos adequadamente ao ambiente à nossa volta.

Aprender com as repetições 33353g

Quando aprendemos a ler e escrever, entra em operação o aprendizado estatístico.

Um exemplo: como podemos aprender que "hoje" se escreve com "h"?

Uma forma é observar a palavra repetidamente, para que o nosso cérebro possa armazená-la com a letra "h" correspondente. Mas o que aconteceria se a palavra "hoje" fosse, às vezes, apresentada com "h" e, em outras ocasiões, sem a sua letra inicial?

Neste caso, o mecanismo de busca de padrões regulares não funcionaria adequadamente, já que ele deixaria de encontrar essa regularidade.

Para um leitor que seja professor do Ensino Fundamental, pode parecer familiar a sensação de que, quando era mais jovem (antes de exercer a profissão), ele cometia menos erros de ortografia. E que, agora, depois de ar anos observando e corrigindo os erros dos seus alunos, às vezes ele é acometido pela dúvida ao escrever uma dada palavra com "ss" ou "ç", ou se ela leva ou não "h", quando antes a escrevia perfeitamente.

Isso ocorre porque o cérebro do professor já observou muitas vezes palavras escritas de forma errada – como "giboia", por exemplo. Isso faz com que ele e a ter dúvida se deve escrevê-la com "g" ou com "j".

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Especialistas defendem que o ditado é uma prática pouco eficaz para o ensino da ortografia

O problema dos exemplos errados 38416e

Uma atividade muito frequente no Ensino Fundamental, em relação à ortografia, é pedir ao aluno que detecte e corrija palavras escritas com erros ortográficos. Nela, o estudante observa uma frase como, por exemplo:

"O aluno pediu para mudar de acento porque não conseguia enchergar a louza" - o coreto é assento e lousa.

Neste caso, a apresentação das palavras com grafia incorreta dificulta a detecção de padrões regulares, impedindo sua observação e armazenamento. Em outras palavras, ela prejudica o aprendizado.

Se, cada vez que observarmos uma palavra específica escrita corretamente, imaginarmos que estamos subindo um degrau para armazenar definitivamente sua forma correta no nosso cérebro, observar a mesma palavra com a grafia fora do padrão nos faz descer vários degraus.

Existem outros exercícios no ensino da ortografia que também podem ser considerados prejudiciais.

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Explicar as regras de ortografia reforça o aprendizado das palavras escritas corretamente

O problema do ditado 192q21

A atividade mais tradicional e de maior uso no dia a dia das escolas talvez seja o ditado. Todos nós fizemos ditado ao longo da nossa vida escolar e, neste exato momento, certamente muitos estudantes estão fazendo este exercício.

Além da sua alta exigência cognitiva e da grande dificuldade de atender à diversidade em sala de aula, é preciso acrescentar uma limitação fundamental: o ditado é uma atividade de avaliação e não de ensinamento.

Se o estudante conhecer bem as palavras que estão sendo ditadas, ele irá escrevê-las corretamente. Mas, se elas não estiverem previamente armazenadas, o ditado não irá servir para fixá-las na memória. É uma atividade didática pouco eficaz.

Quando empregamos o ditado (na sua versão tradicional, em que o docente lê em voz alta um texto que ainda não havia sido apresentado aos estudantes), não estamos ensinando ortografia. Estamos apenas avaliando o conhecimento ortográfico dos alunos.

E, na escola, devemos tentar ensinar muito e avaliar pouco, não o contrário.

Estratégias eficazes 1c23i

É preciso recordar que o nosso cérebro não entende a ortografia, mas apenas o que é repetido com frequência.

Por isso, a premissa do ensino da ortografia é oferecer às crianças exemplos corretos das palavras que elas precisam aprender.

Além disso, é necessário apresentar esses exemplos de forma repetida, para estimular, potencializar e facilitar o desenvolvimento adequado dos processos de aprendizado estatístico.

Neste sentido, é importante garantir apresentações repetidas das palavras mais complexas do ponto de vista ortográfico, ou seja, palavras que o estudante precisa empregar muito no seu dia a dia, mas que possuem ortografia complexa.

Um exemplo de paradigma é o verbo "haver" – e sua semelhança com o parônimo "a ver", que tanta dor de cabeça costuma causar entre os estudantes.

Uma atividade bastante fácil de ser aplicada é a chamada "caixa de palavras". Esta técnica consiste em criar uma caixa, na qual os alunos vão incluindo palavras difíceis, cada uma em um cartão separado.

Assim, eles terão essas palavras sempre íveis e poderão observá-las com frequência. E, quando os alunos as escreverem corretamente, poderão retirá-las da caixa, abrindo espaço para aprender novas palavras.

No caso de expressões homófonas, como "haver" e "a ver", podemos acrescentar esta informação ao cartão, ou qualquer outro dado que considerarmos estimulante para o aprendizado profundo, como eventuais regras que facilitem a memorização ou palavras derivadas que mantêm ou não aquela complexidade ortográfica.

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A "caixa de palavras" é uma boa estratégia para superar dificuldades de ortografia

Separar a ortografia das demais habilidades 484142

É importante sermos específicos, abordando a ortografia de forma independente do restante das habilidades de escrita.

Quando nosso foco for colocar ideias em ordem, usar conectores ou revisar textos, é recomendável deixar a ortografia de lado. Se quisermos que os estudantes melhorem sua gramática, sintaxe, planejamento e ortografia ao mesmo tempo, muito provavelmente não conseguiremos aperfeiçoar nenhum destes aspectos.

Por isso, se o nosso objetivo for a ortografia, vamos nos concentrar unicamente nela.

Neste sentido, complementando a apresentação correta e frequente das palavras impulsionadas pelo aprendizado estatístico, também é benéfico ensinar explicitamente as regras ortográficas ("os prefixos 'pós', 'pré' e 'pró' exigem hífen", por exemplo). Este é um exemplo de prática tradicional recomendável.

Uma alternativa ao ditado tradicional é a "cópia diferida". Ela consiste em apresentar aos alunos uma frase que contenha dificuldades ortográficas e explicá-las, pedindo em seguida que eles escrevam aquela frase.

Cada complexidade ortográfica escrita corretamente é reforçada com pontos e os alunos têm a oportunidade de voltar a escrevê-la, se desejarem obter a pontuação máxima.

Minimizar a possibilidade de erro 5t3d6j

A leitura pode melhorar a ortografia, exatamente porque ela nos expõe a muitas palavras de uso frequente, escritas corretamente.

Mas, com as palavras menos frequentes, é necessário reforçá-las com estratégias em sala de aula. Ler muito pode ser o melhor para escrever corretamente, mas os alunos mais jovens não tiveram tempo de leitura suficiente. Por isso, eles precisam de apoio e reforço durante as aulas.

Por fim, precisamos considerar que, como explica a pesquisadora espanhola Mercedes Rueda, os professores deveriam minimizar a possibilidade de erros na escrita – e, se eles ocorrerem, oferecer retroalimentação imediata.

Não devemos esperar que a criança se engane, precisamos antecipá-la. Se uma criança perguntar "professor, 'hiena' tem 'h'?", não devemos responder "o que você acha? como parece melhor?"

O mais eficaz é responder claramente à pergunta, sem titubear, expondo a forma ortográfica correta da palavra. Devemos responder claramente: "sim, é com 'h'". E só.

* Gracia Jiménez Fernández é professora titular do Departamento de Psicologia Evolutiva e Educação da Universidade de Granada, na Espanha.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado sob licença Creative Commons. Leia aqui a versão original em espanhol.