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"Com Noboa na Presidência, seguiremos pela agenda do neoliberalismo, absolutamente alinhada com os Estados Unidos, e de um modelo de crescimento baseado não nos direitos, mas na inversão de capital, na busca de capitais estrangeiros, e no uso dos militares no setor de segurança para manter a ordem social e o controle. Se Luisa ganhasse, teríamos que implementar mais políticas sociais, uma política mais integral, mais respeito aos direitos, mais proteções sociais, de emprego, mais equipamentos para a saúde, a criação de vagas para os jovens e as crianças, fortalecimento do sistema educativo."</p> <h3>Irregularidades</h3> <p class="texto">Neste domingo, Luisa González, denunciou falhas no processo eleitoral. Segundo a agência de notícias EFE, ela afirmou que os 200 observadores internacionais, incluindo delegados da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), que monitoram a corrida presidencial, "conhecem as irregularidades que foram cometidas a partir do momento em que o 'presidente-candidato' não pediu licença", afirmou, referindo-se à decisão de Noboa de se manter na presidência durante a campanha eleitoral.</p> <p class="texto">A postura do presidente também foi denunciada por outros candidatos, uma vez que confronta a lei eleitoral do país, que prevê que os ocupantes de cargos públicos que optarem pela reeleição devem tirar uma licença sem remuneração desde o início da campanha. Diante das críticas, o chefe da missão da OEA, Heraldo Muñoz, afirmou que incluirá as afirmações em relatório. "Esse processo eleitoral foi muito marcado por irregularidades, e as campanhas foram muito desiguais. O candidato e presidente Noboa tinha muitos recursos econômicos, de seu patrimônio pessoal e familiar, e tinha o Estado a seu serviço", aponta Carla Alvaréz.</p> <ul> <li><strong>Leia também:</strong> <a href="/mundo/2024/04/6833937-invasao-a-embaixada-foi-um-golpe-a-democracia-diz-ex-chanceler.html">Equador: "Invasão a embaixada foi um golpe à democracia", diz ex-chanceler</a></li> </ul> <p class="texto">A especialista afirma, ainda, que o temor à fraude eleitoral está instaurado em todos os candidatos e na maioria da população. "Para, pelo menos, 66% da população, alguma irregularidade ou falta de transparência foi cometida no processo eleitoral. Isso quer dizer que há um temor generalizado, que não é um temor meu, mas que a população está vendo que não estão respeitando as normas. E isso instaura as condições para haver uma fraude. Esperamos que não seja assim, pelo bem do país e pelo bem da democracia."</p> <h3>Críticas</h3> <p class="texto">De acordo com Resende, o governo de Noboa tem enfrentado duras críticas de organismos regionais e globais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Conselho de Segurança da Organizações das Nações Unidas (ONU), por conta de sua política repressiva no combate à violência, tendo chegado, em alguns casos, ao desrespeito pelos direitos humanos e ao direito internacional.</p> <p class="texto">"Em abril do ano ado, o presidente ordenou a invasão da Embaixada do México em Quito, com a justificativa de que 'não há limites para combater o crime'. Essa e outras ações têm rendido a Noboa diversas comparações com o governo de Nayib Bukele, presidente de El Salvador. A ideia de 'estado de exceção permanente' pode isolar o Equador do restante da região, e também nas relações com as nações democráticas da Europa, e atingir de forma ainda mais ampla a economia do país", alerta.</p> <ul> <li><strong>Leia também:</strong> <a href="/mundo/2024/04/6832759-mexico-rompe-relacoes-diplomaticas-com-equador-apos-invasao-a-embaixada.html">México rompe relações diplomáticas com Equador após invasão à Embaixada</a></li> </ul> <p class="texto">Por outro lado, segundo o analista, há quem acredite que o segundo mandato poderia ser menos extremo, já que o presidente não estaria mais tão preocupado com os futuros cenários eleitorais do país. "Essa segunda visão é a que considero menos provável", lamenta.</p> <p class="texto">Há dois dias da eleição, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) decidiu dispensar a contagem rápida, divulgada com o resultado oficial, porém não definitivo da votação. Portanto, neste ano, foi necessário acompanhar, minuto a minuto, a entrada dos dados no aplicativo CNE. Até o fechamento desta edição, o resultado oficial não havia sido anunciado.</p> <h3>Para saber mais</h3> <p dir="ltr"><strong>Eleição antecipada</strong></p> <p dir="ltr"><a href="/mundo/2023/08/5118180-equador-escolhe-proximo-presidente-em-eleicoes-marcadas-pelo-medo.html">Em maio de 2023</a>, ao completar dois anos de governo, o então presidente equatoriano, Guillermo Lasso, enfrentava uma grave crise de segurança e acusações de corrupção. Com apoio minoritário na Assembleia Nacional e sob ameaça de impeachment, ele acionou a "morte cruzada", mecanismo constitucional que o permitiu dissolver o Congresso e convocar eleições antecipadas. O primeiro turno ocorreu em 20 de agosto e o segundo, em 15 de outubro de 2023. Sem disputar a reeleição, Lasso abriu caminho para uma disputa entre Luisa González e Daniel Noboa. 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O novo presidente tomará posse em 24 de maio para um mandato de quatro anos.</p> <h3 dir="ltr">Duas perguntas para... </h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/09/img_20250209_wa0064-46205306.jpg" width="675" height="449" layout="responsive" alt="Iván Sierra, 55 anos, morador de Guayaquil, no Equador, e diretor-geral da empresa Negocios &Estrategias, dedicada à pesquisa de opinião pública, mercados e tendências desde 1997 "></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Iván Sierra, 55 anos, morador de Guayaquil, no Equador, e diretor-geral da empresa Negocios &Estrategias, dedicada à pesquisa de opinião pública, mercados e tendências desde 1997 </b></figcaption> </div></p> <p dir="ltr"><strong>1. Como você avalia a gestão de Daniel Noboa?</strong></p> <p dir="ltr">Em 2024 (ano de início da sua gestão) o PIB sofreu uma contracção de 2,2%, creio que dentro desse intervalo ocorreu apenas noutras ocasiões: em 2016, provocando um terremoto de enormes consequências e em 2020, provocando a pandemia de covid-19. Por outro lado, o país sofreu a maior crise elétrica das últimas décadas durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro do ano anterior, provocando cortes de energia de até quatro horas. Em termos de emprego, entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, o país perdeu 300 mil postos de trabalho adequados; e em termos de pobreza, no mesmo período houve 350 mil pessoas que ficaram pobres. Por si só não bastasse, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes manteve-se em mais de 40 casos, o que é mais vezes do que o apurado em 2017. 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Na minha opinião, é uma mulher extremamente valiosa para um projeto que visa direcionar o país para uma situação com menos desigualdades, com níveis mais elevados de justiça e com foco no crescimento econômico em breve. Penso também que ela poderia depender da equipe de trabalho que o partido lhe proporciona, pois, sem ignorar o seu capital político, é o peso específico de Rafael Correa na história recente do Equador que sustenta politicamente o partido.</p> <p class="texto"> <div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/mundo/2025/02/7056627-trump-promete-tarifar-de-novo-o-aco-o-que-atingiria-brasil-o-que-se-sabe.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/09/eaf8feb0_e73e_11ef_aa24_917f511584bb-46205672.jpg?20250209214951" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>Trump promete tarifar de novo o aço, o que atingiria Brasil: o que se sabe</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/mundo/2025/02/7056188-tremor-de-magnitude-76-sacode-o-caribe-e-provoca-alerta-de-tsunami.html"> <amp-img src="https://www.flipar.com.br/wp-content/s/2023/05/22-Grand-Cayman-Caribe-Ilhas-Bonitas-rh43-Wikimedia-Commons.jpg?20250208221436" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>Tremor de magnitude 7,6 sacode o Caribe e provoca alerta de tsunami</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/mundo/2025/02/7055976-libano-nomeia-governo-apos-quase-dois-anos-de-executivos-interinos.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/08/000_36xc77v-46143407.jpg?20250208151754" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>Líbano nomeia governo após quase dois anos de Executivos interinos</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/09/1200x801/1_35311-46204281.jpg?20250209213554?20250209213554", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/09/1000x1000/1_35311-46204281.jpg?20250209213554?20250209213554", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/09/800x600/1_35311-46204281.jpg?20250209213554?20250209213554" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Marina Rodrigues", "url": "/autor?termo=marina-rodrigues" } , { "@type": "Person", "name": "Isabella Almeida", "url": "/autor?termo=isabella-almeida" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 213n2v

Corrida presidencial no Equador 1hh3b a história se repete
AMÉRICA DO SUL

Corrida presidencial no Equador: a história se repete 4x175l

Empossado como o chefe de Estado mais jovem do mundo em 2023, Daniel Noboa, 37 anos, disputou a Presidência equatoriana contra Luisa González, 47, protagonizando, mais uma vez, a polarização eleitoral no país 62224c

Em meio à violência do narcotráfico e à recessão econômica, quase 14 milhões de equatorianos foram às urnas, ontem, para a escolha do próximo líder do país sul-americano, bem como dos 151 membros da Assembleia Nacional local. Com 16 presidenciáveis, a disputa foi encabeçada pelos favoritos: o direitista Daniel Noboa Azín, 37 anos, do Movimento Ação Democrática Nacional (ADN), e a correísta Luisa Magdalena González, do partido de esquerda Revolução Cidadã (RC), liderado pelo ex-presidente Rafael Correa.

Para o analista político Rafael Resende, consultor em gestão pública e ciências políticas, o cenário é, basicamente, o mesmo de 2023 (leia em Para saber mais). Ele afirma que Noboa foi o preferido na disputa em meio à crise atual, principalmente, "por conta de seu duro discurso de combate à violência", considerando que o Equador tornou-se um dos maiores produtores de cocaína do mundo nos últimos anos.

"Noboa chegará ao próximo mandato com seu discurso e ações ainda mais legitimadas pelo povo equatoriano, mesmo que ainda com poucos resultados efetivos. Em mais de um ano de gestão, militarizou a segurança interna e decretou estados de exceção, ações que devem ser intensificadas no segundo mandato, na busca de resultados efetivos de redução da violência em todo o país (meta ainda não atingida até o presente momento)", explica, lembrando que também houve um aumento da guerra entre os dois grandes cartéis Sinaloa e Jalisco Nueva Geración. "Caso os resultados não sejam atingidos, o campo da direita pode sair enfraquecido em toda a região, que já conta com governos de esquerda na Colômbia (Gustavo Petro) e centro-esquerda no Peru (Dina Boluarte)", completa o especialista.

Nesse sentido, a professora e pesquisadora Carla Alvaréz, do Instituto de Altos Estudos Nacionais (IAEN), no Equador, explica que os projetos de governo apresentados por Daniel Noboa e Luisa González foram "completamente distintos". "Com Noboa na Presidência, seguiremos pela agenda do neoliberalismo, absolutamente alinhada com os Estados Unidos, e de um modelo de crescimento baseado não nos direitos, mas na inversão de capital, na busca de capitais estrangeiros, e no uso dos militares no setor de segurança para manter a ordem social e o controle. Se Luisa ganhasse, teríamos que implementar mais políticas sociais, uma política mais integral, mais respeito aos direitos, mais proteções sociais, de emprego, mais equipamentos para a saúde, a criação de vagas para os jovens e as crianças, fortalecimento do sistema educativo."

Irregularidades 4i54t

Neste domingo, Luisa González, denunciou falhas no processo eleitoral. Segundo a agência de notícias EFE, ela afirmou que os 200 observadores internacionais, incluindo delegados da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), que monitoram a corrida presidencial, "conhecem as irregularidades que foram cometidas a partir do momento em que o 'presidente-candidato' não pediu licença", afirmou, referindo-se à decisão de Noboa de se manter na presidência durante a campanha eleitoral.

A postura do presidente também foi denunciada por outros candidatos, uma vez que confronta a lei eleitoral do país, que prevê que os ocupantes de cargos públicos que optarem pela reeleição devem tirar uma licença sem remuneração desde o início da campanha. Diante das críticas, o chefe da missão da OEA, Heraldo Muñoz, afirmou que incluirá as afirmações em relatório. "Esse processo eleitoral foi muito marcado por irregularidades, e as campanhas foram muito desiguais. O candidato e presidente Noboa tinha muitos recursos econômicos, de seu patrimônio pessoal e familiar, e tinha o Estado a seu serviço", aponta Carla Alvaréz.

A especialista afirma, ainda, que o temor à fraude eleitoral está instaurado em todos os candidatos e na maioria da população. "Para, pelo menos, 66% da população, alguma irregularidade ou falta de transparência foi cometida no processo eleitoral. Isso quer dizer que há um temor generalizado, que não é um temor meu, mas que a população está vendo que não estão respeitando as normas. E isso instaura as condições para haver uma fraude. Esperamos que não seja assim, pelo bem do país e pelo bem da democracia."

Críticas 131t66

De acordo com Resende, o governo de Noboa tem enfrentado duras críticas de organismos regionais e globais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Conselho de Segurança da Organizações das Nações Unidas (ONU), por conta de sua política repressiva no combate à violência, tendo chegado, em alguns casos, ao desrespeito pelos direitos humanos e ao direito internacional.

"Em abril do ano ado, o presidente ordenou a invasão da Embaixada do México em Quito, com a justificativa de que 'não há limites para combater o crime'. Essa e outras ações têm rendido a Noboa diversas comparações com o governo de Nayib Bukele, presidente de El Salvador. A ideia de 'estado de exceção permanente' pode isolar o Equador do restante da região, e também nas relações com as nações democráticas da Europa, e atingir de forma ainda mais ampla a economia do país", alerta.

Por outro lado, segundo o analista, há quem acredite que o segundo mandato poderia ser menos extremo, já que o presidente não estaria mais tão preocupado com os futuros cenários eleitorais do país. "Essa segunda visão é a que considero menos provável", lamenta.

Há dois dias da eleição, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) decidiu dispensar a contagem rápida, divulgada com o resultado oficial, porém não definitivo da votação. Portanto, neste ano, foi necessário acompanhar, minuto a minuto, a entrada dos dados no aplicativo CNE. Até o fechamento desta edição, o resultado oficial não havia sido anunciado.

Para saber mais 154p1b

Eleição antecipada

Em maio de 2023, ao completar dois anos de governo, o então presidente equatoriano, Guillermo Lasso, enfrentava uma grave crise de segurança e acusações de corrupção. Com apoio minoritário na Assembleia Nacional e sob ameaça de impeachment, ele acionou a "morte cruzada", mecanismo constitucional que o permitiu dissolver o Congresso e convocar eleições antecipadas. O primeiro turno ocorreu em 20 de agosto e o segundo, em 15 de outubro de 2023. Sem disputar a reeleição, Lasso abriu caminho para uma disputa entre Luisa González e Daniel Noboa. Apesar de não ser favorito, Noboa avançou para o segundo turno e venceu Luisa González com 51,83% dos votos contra 48,17%. Ele assumiu a presidência em 23 de novembro de 2023 para concluir o mandato iniciado por Lasso, que se encerra em maio deste ano.

Dinâmica eleitoral 

A eleição presidencial no Equador de 2025 ocorreu das 7h às 17h (9h às 19h no horário de Brasília), com voto obrigatório para cidadãos de 18 a 65 anos, sob pena de multa de 47 dólares (R$ 271). Nas 4.349 seções eleitorais do país, os votantes receberam quatro cédulas: uma para escolher presidente e vice, marcando a chapa com caneta antes de depositar na urna, e as demais para selecionar legisladores nacionais, provinciais e membros do Parlamento Andino. O programa "Voto em Casa" permitiu que idosos com mobilidade reduzida e pessoas com deficiência votassem em casa. Detentos também puderam exercer seu direito com rígidas medidas de segurança. O novo presidente tomará posse em 24 de maio para um mandato de quatro anos.

Duas perguntas para...  532u46

Arquivo pessoal - Iván Sierra, 55 anos, morador de Guayaquil, no Equador, e diretor-geral da empresa Negocios &Estrategias, dedicada à pesquisa de opinião pública, mercados e tendências desde 1997

1. Como você avalia a gestão de Daniel Noboa?

Em 2024 (ano de início da sua gestão) o PIB sofreu uma contracção de 2,2%, creio que dentro desse intervalo ocorreu apenas noutras ocasiões: em 2016, provocando um terremoto de enormes consequências e em 2020, provocando a pandemia de covid-19. Por outro lado, o país sofreu a maior crise elétrica das últimas décadas durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro do ano anterior, provocando cortes de energia de até quatro horas. Em termos de emprego, entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, o país perdeu 300 mil postos de trabalho adequados; e em termos de pobreza, no mesmo período houve 350 mil pessoas que ficaram pobres. Por si só não bastasse, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes manteve-se em mais de 40 casos, o que é mais vezes do que o apurado em 2017. No plano institucional, seu governo atropelou inúmeras vezes as leis e a Constituição, a ponto de praticamente separar a vice-presidente (eleita nas urnas em pares) de seu cargo para nomear o outro vice-presidente por decreto, apesar do clamor contra outros órgãos do Estado, da academia e da opinião pública. A minha opinião deriva desses fatos que descrevo e creio que não é necessário expressá-la.

2. Qual a sua opinião sobre Luisa González?

É uma mulher que se formou sem fortuna familiar que a sustentasse, conseguiu ser advogada, concluir dois programas de mestrado, chegar a um cargo ministerial no governo de Rafael Correa e, agora, pela segunda vez, ser candidata presidencial do partido Revolução Cidadã. Destaca-se pela sua empatia com o sentimento cidadão, com as deficiências e necessidades dos mais vulneráveis e pela sua lealdade ao projeto político do ex-presidente Correa. Na minha opinião, é uma mulher extremamente valiosa para um projeto que visa direcionar o país para uma situação com menos desigualdades, com níveis mais elevados de justiça e com foco no crescimento econômico em breve. Penso também que ela poderia depender da equipe de trabalho que o partido lhe proporciona, pois, sem ignorar o seu capital político, é o peso específico de Rafael Correa na história recente do Equador que sustenta politicamente o partido.

 

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