Oriente Médio

"Não entrará ajuda na Faixa de Gaza", diz ministro da Defesa de Israel

Israel Katz, ministro da Defesa, afirrma que "nenhuma ajuda humanitária" chegará ao território palestino e acusa o Hamas de usar os donativos contra a população. Líder do grupo terrorista afirma ao Correio que desarmamento está fora de cogitação

Palestinos observam corpos de vítimas de mesma família, em Jabaliya -  (crédito: Bashar Taleb/AFP)
Palestinos observam corpos de vítimas de mesma família, em Jabaliya - (crédito: Bashar Taleb/AFP)

O aviso de Israel Katz, ministro da Defesa israelense, veio no dia em que o número de palestinos deslocados internamente na Faixa de Gaza, desde o fim da trégua, em 18 de março, atingiu a marca de meio milhão — antes do cessar-fogo, quase todos os 2 milhões de cidadãos de Gaza tiveram que abandonar seus lares. "A política de Israel é clara: nenhuma ajuda humanitária entrará em Gaza", escreveu na rede social X. Segundo ele, o veto funciona como ferramenta de pressão para impedir o grupo terrorista Hamas de usar a medida contra a própria população. Há 74 dias, nenhum caminhão com ajuda humanitária recebeu autorização ingressar em Gaza.

Por sua vez, as Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que transformaram cerca de 30% da Faixa de Gaza em um "zona de segurança", proibindo a permanência de moradores nesta área. O comunicado das IDF informa que as tropas alcançaram o "controle operacional total de várias áreas e rotas importantes em toda a Faixa de Gaza". O Hamas lançou, ontem, um balde de água fria sobre a proposta de trégua do governo israelense, ao descartar qualquer possibilidade de desarmamento.

Em entrevista ao Correio, Mahmoud Mardawi, um dos líderes do Hamas e integrante do Comitê Político do grupo, disse que "o desarmamento da resistência não é uma proposta aberta a discussões ou negociações". "Para nós, armas não são meras ferramentas de combate, mas um símbolo da vontade, da expressão de nossa rejeição à ocupação. Elas significam um meio de luta para liberarmos a nossa terra, além de uma garantia da resiliência de nosso povo e uma salvaguarda contra a continuação do seu sofrimento e extermínio", explicou. 

Mardawi acusou Israel de interferir em "cada detalhe da vida dos palestinos, nos últimos 77 anos —, ao citar o controle sobre a água e os alimentos, a educação, as viagens e os tratamentos médicos. "Eles decidem quando os medicamentos, a comida e a água podem entrar, e os bloqueiam quando desejam. Nosso povo não permanecerá à mercê da ocupação", declarou". 

"Nossos filhos em Gaza estão morrendo de fome, outro crime que se soma aos recentes massacres israelenses ao longo de décadas", afirmou ao Correio Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil. O diplomata instou a comunidade internacional e a ONU a usarem "todos os poderes que a Carta Magna lhes conferem para impedir o genocídio, a matança, o uso da fome como arma e a destruição". O Alzeben também criticou a criação de uma zona de segurança em Gaza. "A ocupação existe desde 1967 e a invenção do termo 'faixa de isolamento' é uma ocupação dupla da terra palestina. É uma ocupação ilegal, que viola todas as leis internacionais e desafia a comunidade internacional e os valores dos direitos
humanos e nacionais palestinos", advertiu. 

EU ACHO...

Mahmoud Mardawi, um dos líderes do Hamas e integrante do Comitê Político do grupo
Mahmoud Mardawi, um dos líderes do Hamas e integrante do Comitê Político do grupo (foto: Arquivo pessoal )

"Nossas demandas são claras: um acordo abrangente, um cessar-fogo permanente, que leve à retirada completa e à reconstrução do que a ocupação destruiu. Também queremos a libertação de nossos prisioneiros das prisões da ocupação."

Mahmoud Mardawi, um dos líderes do Hamas e integrante do Comitê Político do grupo

 

postado em 17/04/2025 06:05
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