ESTADOS UNIDOS

Conheça o "Domo de ouro" dos EUA, inspirado no sistema de defesa de Israel

Expectativa é que o escudo de defesa intercepte mísseis, incluindo os "lançados do outro lado do mundo ou do espaço"

Cartaz representando uma "Cúpula Dourada para a América"             -  (crédito: Chip Somodevilla/Getty Images via AFP)
Cartaz representando uma "Cúpula Dourada para a América" - (crédito: Chip Somodevilla/Getty Images via AFP)

O presidente Donald Trump anunciou que os Estados Unidos construirão um sistema de defesa antimísseis chamado de Domo de ouro. Segundo o republicano, o sistema estará operando até o fim do mandato dele e custará, ao todo, "cerca de 175 bilhões de dólares (R$ 990,7 bilhões)".

A expectativa do governo norte-americano é que o escudo de defesa intercepte mísseis, incluindo os "lançados do outro lado do mundo ou do espaço."

Trump afirmou, na terça-feira (20/5), que "serão implantadas tecnologias de nova geração em terra, mar e espaço, incluindo sensores e interceptores espaciais".

Cartaz representando uma "Cúpula Dourada para a América"
Cartaz representando uma "Cúpula Dourada para a América" (foto: Andrew Harnik / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, acrescentou que o sistema é destinado a proteger o território "de mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos, mísseis hipersônicos, drones, sejam eles convencionais ou nucleares".

Assim que tomou posse, em janeiro, Trump publicou uma ordem executiva sobre a construção do sistema de defesa. "A ameaça de ataque por mísseis balísticos, hipersônicos e de cruzeiro, além de outros ataques aéreos avançados, continua sendo a ameaça mais catastrófica enfrentada pelos Estados Unidos", diz o documento.

A medida também destaca que o presidente Ronald Reagan "se esforçou para construir uma defesa eficaz contra ataques nucleares e, embora esse programa tenha resultado em muitos avanços tecnológicos, foi cancelado antes que seu objetivo pudesse ser alcançado".

"Desde que os Estados Unidos se retiraram do Tratado de Mísseis Antibalísticos em 2002 e iniciaram o desenvolvimento de uma defesa antimísseis interna limitada, a política oficial de defesa antimísseis interna dos Estados Unidos se limitou a se antecipar a ameaças de nações desonestas e lançamentos acidentais ou não autorizados de mísseis", diz outro trecho da ordem executiva.

Inspiração no Domo de ferro de Israel

O sistema de defesa anunciado pelos EUA é inspirado no Domo de ferro de Israel, criado em 2011. Segundo o Ministério de Defesa israelense, o mecanismo é um sistema móvel inovador que defende o território contra foguetes de curto alcance. Ele é capaz de lidar com múltiplas ameaças simultaneamente. 

"O desenvolvimento do Domo de Ferro foi iniciado em 2007 e o sistema tornou-se operacional em março de 2011. Pouco depois, em 7 de abril de 2011, realizou sua primeira interceptação operacional de um foguete de médio alcance disparado da Faixa de Gaza contra a cidade israelense de Ashkelon. Desde então, as capacidades do Domo de ferro têm sido testadas consistentemente, e o sistema impediu com sucesso que inúmeros foguetes atingissem comunidades israelenses", cita o Ministério.

Domo de Ferro
Domo de Ferro (foto: AFP)

Os Estados Unidos foram parceiros no desenvolvimento do sistema do Domo de ferro israelense e continuam ajudando a aprimorá-lo até hoje. Segundo Israel, a eficiência do sistema chega a 90%. O Domo de Ferro funciona por meio de instrumentos de monitoramento, como radares. Ao detectar um míssil, o sistema lança um contra-ataque que derruba o ataque inimigo no ar.

Em 2023, o jornalista Rodrigo Craveiro, do Correio, foi a Israel como enviado especial e visitou uma das baterias do Domo de ferro localizada próximo a Sderot, cidade de 25 mil habitantes situada a 5 km da fronteira com Gaza. O repórter relatou que quando ocorre a interceptação de um artefato do Hamas ou da Jihad Islâmica, é comum uma "chuva" de destroços.

Reação internacional

A Rússia considerou que o plano de Trump de construir um escudo antimísseis para os Estados Unidos é uma questão que depende da "soberania americana", mas que continua sendo "necessário" manter contatos com Moscou sobre o tema.

"Em um futuro próximo, o curso dos acontecimentos exigirá a retomada dos contatos com o objetivo de restabelecer a estabilidade estratégica entre Washington e Moscou", declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.

Já a China criticou o projeto. “Os Estados Unidos colocam seus próprios interesses em primeiro lugar e estão obcecados em buscar sua própria segurança absoluta, o que viola o princípio de que a segurança de nenhum país deve ser alcançada às custas de outros. Isso prejudica o equilíbrio estratégico e a estabilidade globais. A China expressa sérias preocupações e pedimos que abandonem o desenvolvimento e implantação de um sistema global de defesa antimísseis o mais rápido possível", disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.

O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, frisou que tem mantido conversas "de alto nível" com os Estados Unidos sobre uma possível adesão ao sistema de defesa antimísseis. 

"Estamos cientes de que, se decidirmos por isso, conseguimos concluir a Cúpula Dourada com investimentos em colaboração com os Estados Unidos. Isso é algo que estamos estudando e que tem sido discutido em alto nível", declarou Carney.

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  • Cartaz representando uma "Cúpula Dourada para a América"
    Cartaz representando uma "Cúpula Dourada para a América" Foto: Chip Somodevilla/Getty Images via AFP
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    Domo de Ferro Foto: AFP
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    Cartaz representando uma "Cúpula Dourada para a América" Foto: Andrew Harnik / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
postado em 22/05/2025 12:36 / atualizado em 22/05/2025 12:38
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