
Em meio a protestos na Califórnia desde o fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou, nesta segunda-feira (9/6), que, se fosse a autoridade responsável pela fronteira do país, mandaria prender o governador do estado, o democrata Gavin Newsom. A declaração foi dada a jornalistas na Casa Branca, depois de o chefe do país ter enviado equipes da Guarda Nacional a Los Angeles a fim de controlar manifestações contra operações de busca por imigrantes considerados ilegais.
“Eu faria isso se fosse Tom (Homan, responsável pela fronteira dos EUA)”, respondeu Trump, ao ser perguntado sobre a possibilidade de prisão do governante. De acordo com o republicano, apesar de gostar de Newsom, o responsável pela California — possível candidato à presidência em 2028 pelo Partido Democrático — “gosta da publicidade” e é “extremamente incompetente”. De acordo com a agência de notícias -Presse, serão enviados à cidade onde ocorre os protestos, além da Guarda Nacional que segue por lá, 700 fuzileiros navais.
Em entrevista à NBC News no sábado (7/8), Homan havia dito que qualquer pessoa que obstruísse o trabalho de agentes imigração em Los Angeles poderia ser presa, inclusive o governador do estado e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass. Mais cedo nesta segunda, porém, ele esclareceu à Fox News que “não houve discussão sobre a prisão de Newsom”.
Na rede social X (antigo Twitter), o governador desafiou o responsável pela fronteira a seguir com a ideia de prendê-lo e comentou a sugestão de Trump. “O Presidente dos Estados Unidos acaba de pedir a prisão de um governador em exercício”, informou. “Este é um dia que eu esperava nunca ver nos Estados Unidos. Não importa se você é democrata ou republicano, esta é uma linha que não podemos cruzar como nação — este é um o inconfundível em direção ao autoritarismo.”
Representantes políticos, como deputados e senadores, mostraram apoio a Newsom e concordaram que a fala de Trump refletia comportamento autoritário.
Em resposta a publicação do vice-presidente JD Vance que pedia ao governador para “fazer o trabalho dele”, o representante da Califórnia afirmou que “não havia problemas até Trump se envolver” e pediu para que a ordem de controle federal sobre a segurança pública do estado fosse revogada e o controle fosse devolvido.
Nesta segunda, o governador processou o presidente por convocação ilegal da Guarda Nacional, geralmente convocada em casos de desastres naturais, que ocorreu sem a solicitação dele em uma ação que “excedeu a autoridade do governo federal”.
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“Esta é uma crise fabricada”, escreveu Newsom. “Ele (Donald Trump) está criando medo e terror para assumir o controle de uma milícia estadual e violar a Constituição dos EUA. A ordem ilegal que ele assinou poderia permitir que ele enviasse militares para QUALQUER ESTADO QUE DESEJASSE.”
Gavin Newsom deixou claro que não concorda com violência ou vandalismo usados pelos manifestantes no estado que governa. Afirmou, também, que acredita que eles devam ser responsabilizados por atos criminosos cometidos, mas não da forma com que Trump lida no momento — segundo o governador, com o objetivo de produzir “caos e violência” sob a desculpa de proteger cidadãos.
Definidos por apoiadores republicanos como “ameaça da esquerda”, os protestos que tomam lugar na cidade de Los Angeles, lar de grande parte da comunidade latina no país, desde sexta-feira (6/6) são resposta à política de imigração e deportação de Trump.
O presidente dos EUA definiu “as pessoas que causam problemas” na cidade da Califórnia como agitadores “profissionais e insurgentes”. Ele afirmou que, se os manifestantes seguissem os protestos, receberiam “um golpe mais forte do que nunca”.
Segundo Trump, o conflito ocorria pela cidade toda. A prefeita de Los Angeles, democrata como o governador, porém, garantiu que o perímetro de confrontos entre manifestantes e polícia estava limitado a “algumas poucas ruas”.
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