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É um mundo de informações valiosas que está escondido em cada genoma de cada espécie nos diferentes ambientes que compõem a região. Trata-se de uma área equivalente a 60% do território nacional, habitada por mais de 25 milhões de brasileiros. Um bioma à mercê de governos e nunca de um programa de Estado com claros objetivos de viabilizar a inclusão social e a geração de renda para seus habitantes, de adotar estratégias rígidas para a conservação de sua sociobiodiversidade. Enfim, uma região em ser. Um patrimônio nacional a integrar.</p> <p class="texto">A Amazônia, definitivamente, tem todos os elementos para contribuir com o desenvolvimento nacional, não seguindo os protocolos convencionais, centrais e acumulativos para uma pequena parcela da sociedade, mas por meio de uma agenda aditiva, com conservação do ambiente e das riquezas escondidas na floresta e nas águas da região. 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Artigo s2361 'Amazônia, um patrimônio nacional a integrar'
OPINIÃO

Artigo: 'Amazônia, um patrimônio nacional a integrar' 1w5z1w

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Por ADALBERTO LUIS VAL — Biólogo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e membro titular da Academia Mundial de Ciências (TWAS)

Uma história de mais de 60 milhões de anos resultou no que conhecemos hoje como Amazônia: uma riqueza biológica, ambiental e cultural sem paralelos. É um mundo de informações valiosas que está escondido em cada genoma de cada espécie nos diferentes ambientes que compõem a região. Trata-se de uma área equivalente a 60% do território nacional, habitada por mais de 25 milhões de brasileiros. Um bioma à mercê de governos e nunca de um programa de Estado com claros objetivos de viabilizar a inclusão social e a geração de renda para seus habitantes, de adotar estratégias rígidas para a conservação de sua sociobiodiversidade. Enfim, uma região em ser. Um patrimônio nacional a integrar.

A Amazônia, definitivamente, tem todos os elementos para contribuir com o desenvolvimento nacional, não seguindo os protocolos convencionais, centrais e acumulativos para uma pequena parcela da sociedade, mas por meio de uma agenda aditiva, com conservação do ambiente e das riquezas escondidas na floresta e nas águas da região. Riquezas essas que incluem, por exemplo, cerca de 3 mil espécies de peixes de diferentes tamanhos, formas e comportamentos. Muitas espécies de peixes respiram ar valendo-se de diferentes estruturas corpóreas, muitas das quais peculiares como as regiões vascularizadas do trato digestivo ou a bexiga natatória modificada do gigante pirarucu. Outras, quando desafiadas com águas com pouco oxigênio dissolvido, são capazes de expandir os lábios e capturar a fina camada superficial da coluna d'água, rica em oxigênio, como é caso do tambaqui.

Pirarucu e tambaqui são apenas duas das muitas espécies de peixes usadas como fonte de proteína na alimentação humana da região. O pirarucu é uma espécie que cresce até 15 quilogramas no primeiro ano de vida, um atributo sem paralelos entre os organismos usados como alimento. O conjunto mencionado de espécies de peixes, ao lado de tantos outros organismos que compõem a biodiversidade amazônica, representa a segurança alimentar de que o mundo precisa.

Os organismos que compõem essa riqueza biológica vivem em ambientes diversos e dinâmicos, com pulsos de cheia e vazante e diferentes tipos de água. São ambientes delicados e frágeis. Os impactos das atividades humanas e o aquecimento global representam desafios importantes para esses ambientes, posto que muitos organismos amazônicos já vivem próximo de seus limites térmicos superiores. Essas pressões ambientais também impõem o risco de ocorrência de novas zoonoses, que podem resultar em epidemias e pandemias. Contornar esses desafios significa conhecer a região, sem ignorar o conhecimento dos povos originários e das comunidades do interior.

É nesse aspecto que emerge talvez o grande equívoco nacional: menos de 3% dos investimentos nacionais em ciência e tecnologia têm sido direcionados à Amazônia, fragilizando completamente a produção de informações robustas que permitam o desenvolvimento da região com a conservação das florestas e dos rios. A capacitação de pessoal está muito aquém do que a região precisa e não há uma agenda para a manutenção de pessoal qualificado nas instituições regionais.

Isso é uma ameaça à soberania no que se refere ao conhecimento da região, posto que a governança de uma região complexa como a Amazônia depende de informações adequadas e desenvolvidas para os seus desafios específicos. Contudo, o volume de informações existentes permite intervenções mais seguras na região desde que adequadamente utilizado. Muitas dessas informações podem e devem ser a base do estabelecimento de tecnologias apropriadas para a região e para, principalmente, o desenvolvimento de negócios envolvendo produtos da biodiversidade (bionegócios).

Enfim, é preciso eliminar definitivamente a linha de Tordesilhas que parece continuar dividindo o Brasil em duas partes: uma parte a conservar e integrar, a Amazônia, e uma parte que segue receitas convencionais de desenvolvimento.

(Este artigo foi escrito para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência)

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